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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O dever ético de informar o segundo filho oculto de FHC

Jornalistas sérios que julgaram impróprio noticiar o filho rico de FHC com a reporter da Globo, acreditando estar preservando as famílias envolvidas, podem ter cometido a maior injustiça com o lado mais fraco da história: outra família pobre, prejudicando muitos anos da vida de um jovem.

O jornalista Claudio Humberto publicou que a ex-empregada doméstica Maria Helena afirma que tem um filho do ex-presidente de nome Leonardo, de 20 anos.

Muitos questionam a credibilidade de Cláudio Humberto, e eu também, mas a história dá nomes aos bois. Cláudio Humberto não se limita a "atacar" FHC. Ele dá voz à versão de uma ex-empregada doméstica.

Há como confirmar ou desmentir. Basta qualquer jornalista de Brasília, de qualquer jornal correr atrás, em vez de cruzar os braços por 18 anos com fizeram com Miriam Dutra.

Fernando Henrique Cardoso tem poder de calar a imprensa por 20 anos. E tem espaço na mídia do Brasil inteiro para contar sua versão e desmentir, se for mentira.

Maria Helena não tem. Ética jornalística é também dar voz ao lado mais fraco.

Maria Helena mora em uma casa modesta no entorno do Distrito Federal, e Leonardo trabalha como auxiliar de serviços gerais, um emprego modesto.

Em quantas redações ela bateu e ninguém publicou? E se apenas Cláudio Humberto deu voz à ela?

Vamos ficar em silêncio, esperando Leonardo se aposentar como auxiliar de serviços gerais, enquanto os demais filhos de FHC desfrutam da melhor educação, das melhores oportunidade de emprego, e de sua herança, enquanto a imprensa mantém a privacidade de FHC?

Aparentemente Maria Helena foi enrolada, e, mal-informada, aceitou cala-bocas muito inferiores à uma pensão decente e condizente com o padrão de vida de FHC e que seu filho Leonardo merecia. Com isso seu filho não teve as mesmas oportunidades e assistência que o filho rico teve.

Quando explodiu a notícia de que FHC tinha um outro filho não reconhecido, que foi criado na Europa, quando soube que o ex-presidente participou da formatura de Tomas no Imperial College, em Londres, e que neste ano Tomas mudou para os EUA para estudar Relações Internacionais na George Washington University, o que se passou na cabeça de Maria Helena comparando com a vida de seu filho Leonardo?

Imagino que qualquer mãe sentiria que seu filho foi injustiçado, preterido. E procuraria reparar a injustiça, garantindo os mesmos direitos e oportunidades que os outros filhos tiveram.

Lute, Maria Helena! Defenda o melhor para seu filho!
Exija o que é seu, Leonardo! Você tem direito a mesma educação, oportunidades e herança que os demais filhos de FHC tiveram.

Os jornalistas de bem que silenciaram ficam com essa dívida na consciência para com Leonardo.

Ao proteger a imagem de FHC, Ruth Cardoso, Miriam Dutra, prejudicaram a educação de Leonardo, e muitos anos de sua vida e de Maria Helena.

Essa história muda o paradigma sobre os limites da privacidade de um homem público. Se for poderoso, ele tem força suficiente para cometer injustiças contra o lado mais fraco, e oprimir uma Maria Helena de reivindicar seus direitos.

A blogosfera não pode cometer o mesmo erro que a imprensa. Não há exploração eleitoral no fato porque FHC não é mais candidato a nada, e nem Aécio, nem Serra são os pais da criança.

É preciso divulgar para desentocar essa história, porque nem FHC, nem a imprensa tem crédito para merecer um voto de confiança.

No que depender da imprensa e da palavra de FHC, só daqui a mais uns 18 anos saberemos. A verdade liberta. Se for mentira confirmada, como um exame de DNA, publica-se o desmentido.

Nós da blogosfera e jornalistas de bem, até se tivermos que correr o risco de errar para um lado ou para outro, precisamos escolher risco de errar em favor do lado mais fraco e não do opressor.

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