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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Lula negocia vantagens para o Brasil na compra de aviões. Imprensa corrupta e impatriótica acha ruim.

Em entrevista coletiva, hoje (11), em Ipojuca (PE), o presidente Lula disse sobre a compra de 36 aviões caças para a Força Aérea Brasileira (FAB):

“A FAB tem o conhecimento tecnológico para fazer avaliação. Agora, a decisão é política e estratégica, e essa é do presidente da República e de ninguém mais”.

Estadunidenses, franceses e suecos estão na concorrência.

Lula disse que a melhor proposta para atender a demanda brasileira, até o momento, foi a do presidente da França, Nicolas Sarkozy: “O presidente Sarkozy, até agora, foi o único presidente que disse textualmente para mim que ele quer não só transferir tecnologia para o Brasil, mas produzir aqui e que o Brasil tem disponibilidade de vender o produzido aqui para toda a América Latina.”

Lula disse essa é a única proposta concreta até o momento mas, segundo ele, se alguém quiser ofertar mais, que o faça. “Negociação é assim”, disse.

A imprensa brasileira, sabe-se lá atendendo a que interesses escusos, ensaiou uma crise, achando ruim o Brasil conseguir melhores condições junto a um dos possíveis fornecedores.

Desde os tempos de sindicalista, o presidente Lula sempre foi um hábil negociador, e está sabendo como nenhum outro tirar vantagens do poder de barganha que esta compra representa.

Foi só o presidente Lula aproveitar a visita do presidente da França, para aparar arestas na proposta francesa que, dois dias depois, a Embaixada dos Estados Unidos divulgou nota informando que o Congresso americano autorizou a transferência de tecnologia ao Brasil para a construção dos caças F/A-18 Super Hornet.

Ou seja, não foi apenas os franceses que melhoram sua proposta. Os norte-americanos também. A sueca SAAB já afirmou que fará nova proposta. Tudo sob pressão brasileira.

Antes disso, a proposta dos franceses esbarrava no preço, a dos norte-americanos, esbarrava na transferência de tecnologia. Ambos já cederam nas negociações, e quem ganha com isso é o Brasil.

Só uma imprensa colonizada como a brasileira, com complexo de baratas, que é incapaz de enxergar os fatos e os interesses que estão por tras disso tudo, se mete em atrapalhar uma boa negociação para o Brasil, criando uma falsa crise midiática.

Bem... há outra explicação possível para o comportamento lesa-pátria da imprensa: a indústria bélica internacional é pródiga em fazer lobby e aliciar setores corruptos da imprensa para defender seus interesses. Basta lembrar como a imprensa dos EUA (e parte da brasileira) tratava as inexistentes armas de destruição em massa do Iraque, para justificar a guerra.

As vantagens e desvantagens de cada um

Na análise comparativa feita pela FAB:

- o caça francês saiu vitorioso no quesito tecnológico, e a oferta francesa permite maior desenvolvimento da indústria aeronáutica nacional, inclusive com a fabricação no Brasil para venda na América Latina.

- O F-18 Super Hornet venceu na logística, pois suas peças e seus armamentos são mais baratos e fáceis de ser encontrados.
A Boeing e o governo estadunidense ofereceram até adaptações necessárias para que o caça seja armado com mísseis de fabricação estrangeira, uma concessão feita ao Brasil, inédita ao resto do mundo, neste tipo de venda.
Porém, os EUA não admitem fornecer os códigos-fonte do software de controle do avião, que permita alterações por engenheiros da FAB, o que é uma exigência do governo brasileiro.

- O Gripen NG, ainda está em desenvolvimento (é um protótipo), o que é tentador para a FAB, pois oferece participação no desenvolvimento do projeto desde sua fase inicial. Como desvantagem, o aparelho ainda não é completamente operacional. Além disso, diversos componentes estão sujeitos ao embargo para a transferência tecnológica, por serem de fabricação estadunidense.

Aspectos geo-políticos

As análises técnicas da FAB são essenciais e são critérios de exclusão. Ou seja, não há preço e condições que justifique a compra de um equipamento que não atenda as necessidades de defesa nacional.

Porém, pesando na balança os aviões, o sistema de armamento (que é tão ou mais importante do que o próprio avião), o acesso à tecnologia, ainda é preciso levar em conta os aspectos geo-políticos.

Os EUA vêem a América Latina como seu mercado para a indústria bélica, e vêem o Brasil como concorrente. Se interessam em ter o Brasil como cliente, não tem interesse no Brasil como plataforma de produção para exportar.

Já a França e Suécia competem com os EUA, e se interessam em entrar no mercado latino-americano via Brasil, por isso são mais abertos em fazer parcerias mais amplas para fabricação no Brasil, inclusive permitindo o Brasil se tornar plataforma de exportação para outros países vizinhos.

Os EUA detém, hoje, hegemonia isolada do resto do mundo, como potência bélica, e representam a maior ameaça intervencionista à soberania nacional. Sem disponibilizar o acesso a itens críticos, como software de controle do avião, não há proposta que satisfaça. Softwares fechados podem conter mecanismos secretos que permitam sabotagem à distância, inclusive que pareçam acidentes.

Os EUA vislumbram um projeto militar, para a América Latina, de tornar a região um protetorado, com bases americanas, à semelhança da OTAN na Europa. Já o Brasil e demais nações (exceto a Colômbia) pretendem a integração sul-americana, inclusive militar, mas com soberania dos países da região, sem a presença militar estadunidense, tanto pelo histórico de intervenções, como porque causa desequilíbrio. Os atritos já são evidentes na insistência dos EUA em estender o plano Colômbia, e de reativar a IV Frota.

Brasil e França, tem se alinhado em decisões de segurança mundial, e tomado posições contrárias aos EUA. É assim na reformulação do Conselho de Segurança da ONU, e foi assim na oposição que ambos os países fizeram na guerra ao Iraque.

Todas estas questões não são uma carta branca para decidir pelos aviões franceses, afinal é preciso pesar tudo nos pratos da balança, mas, com certeza, faz da França um aliado preferencial.

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