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terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Imprensa entreguista ontem, como hoje.

No discurso, o presidente Lula lembra do embate entre o povo nas ruas e os jornais que foram contra a campanha "O petróleo é nosso" no passado, e alguns estão em circulação até hoje.



“A criação da Petrobras nas páginas dos jornais O Estado de S. Paulo e Diário de Notícias”, é uma instigante tese de mestrado do Prof. Celso Carvalho Jr., de cujo resumo tiramos esta nota.

Mostra como a história se repete como farsa, ou, se preferirem, como a farsa se repete na história do Brasil.

Os mesmos barões da imprensa que hoje são contra o marco regulatório do Petróleo, foram contra "O Petróleo é Nosso" no século passado.

Finda a II Guerra Mundial, com o fim do Estado Novo, o país retornou a democracia, a população voltou a participar dos debates de interesse nacional e o Congresso ficou incumbido de decidir qual seria a melhor solução para o problema do petróleo.

Tal qual hoje, em torno das redações da imprensa, formavam trincheiras grupos econômicos e políticos poderosos para plantar textos em defesa de seus lobby's, em busca da conquista da "opinião pública", e influir nas votações do Congresso quanto à leis que regulavam o petróleo.

Um grupo defendia a abertura do setor petrolífero à iniciativa privada, nacional e estrangeira. Lideravam esse grupo, a elite paulista da FIESP e da federação do comércio, a elite do Rio de Janeiro (capital federal na época), além de banqueiros e, obviamente, petroleiras multinacionais.

O braço da imprensa, porta-voz e sócios deste grupo eram:
- a família Mesquita (grupo "Estadão");
- a família Marinho (grupo Globo, no Rio de Janeiro);
- o Grupo Folha (que ainda não era da família Frias, mas defendiam os mesmo interesses);
- Assis Chateaubriand (O Jornal, Diário da Noite, revista O Cruzeiro, etc);

A editora Abril ainda estava fora desta, porque ainda não atuava no jornalismo (iniciou-se em 1950 com estórias em quadrinhos do Pato Donald, de Walt Disney, aproveitando-se da política de "boa vizinhança" do "Tio Sam" no pós-guerra).

Esse grupo é o ancestral da linhagem atual dos demo-tucanos, tanto que o núcleo de poder do PSDB é paulista, capitaneado por José Serra e FHC, com forte apoio da FIESP, dos banqueiros, das corporações estrangeiras, e da imprensa, dita de abrangência nacional, concentrada no eixo Rio-São Paulo.

Campanha O Petróleo é Nosso

A Constituição de 1946 abriu brechas para a atuação de empresas estrangeiras no setor petrolífero e determinou que a regulamentação do assunto deveria ser feita por meio de lei ordinária.

Em 1948, o presidente Eurico Gaspar Dutra encaminhou ao Congresso o Anteprojeto do Estatuto do Petróleo que permitia a participação da iniciativa privada na indústria de combustíveis.

Os nacionalistas não concordaram com a proposta e organizaram um grande movimento popular para defender o monopólio estatal, conhecido como a campanha O Petróleo é Nosso.

Coordenaram o movimento, especialmente o CEDPEN (Centro de Estudos e defesa do Petróleo e Economia Nacional), a UNE (União Nacional dos Estudantes) e os militares nacionalistas do Clube Militar (também haviam militares contrários, como o General Juarez Távora, defensor da abertura ao estrangeiro) .

O pioneirismo, no petróleo, de Monteiro Lobato, remonta a década de 30, e, apesar de nacionalista radical, sua atuação foi mais empresarial. Teria se tornado um magnata do Petróleo, se tivesse sucesso nas perfurações, e entraria para história pelo empreendedorismo, semelhante ao Barão de Mauá. Aproximou-se do Partido Comunista em meados da década de 40. No auge da campanha "O Petróleo é nosso", já não tinha participação muito expressiva.

Na imprensa e nos movimentos sociais, a defesa do monopólio estatal coube principalmente aos
pequenos jornais, da imprensa nacionalista (O Jornal de Debates, A Emancipação, O Popular e A Revista do Clube militar) e do Partido Comunista Brasileiro (Tribuna Popular, Classe Operária, Imprensa Popular, Novos Rumos, Voz operária, Hoje, Notícias de Hoje e O Momento), na grande imprensa a causa monopolista foi apoiada apenas pela Última Hora, Tribuna da Imprensa e Diário de Notícias.

No meio tempo, alguns jornais, como "O Globo" viraram a casaca. De olho no calendário eleitoral de 1950, imbuído na missão de impedir a eleição de Getúlio Vargas, o Globo se alinhava contra os nacionalistas. Com o crescimento e popularidade da campanha "O Petróleo é Nosso", e com adesões de udenistas, O Globo virou a casaca.

A mobilização conseguiu barrar a tramitação do Anteprojeto de Eurico Dutra, e foi fundamental para a aprovação, em 1953, da lei Nº 2004, que estabeleceu o monopólio estatal do petróleo e criou a Petrobras.

O "mensalão" da Esso para a imprensa

A multinacional etadunidense ESSO (Standard Oil New Jersey), uma das maiores companhias de petróleo do mundo, pretendia atuar no setor petrolífero brasileiro. Para isso, tentou comprar o de jornais e jornalistas através de uma milionária campanha publicitária que se baseou em anúncios de página inteira nos principais jornais do Brasil, além disso, a empresa patrocinou viagens de jornalista aos Estados Unidos para conhecerem suas instalações.

No rádio, era muito influente o noticiário "O Repórter Esso", criado em 1941, patrocinado pela petroleira. Por ser parte interessada, não podia fazer campanha frontal contra a nacionalização do petróleo, pois mataria a credibilidade do radiojornal. Mas omitia notícias sobre o assunto.

Uma das normas da redação era só divulgar notícias oficiais que partissem de altas autoridades (Presidente da República, Governadores de Estado, Ministros e Secretários de Estado), omitindo movimentos populares e lideranças da sociedade civil, e desestimulando o debate.

O pré-sal tem que ser nosso

Nossos companheiros que lutaram na campanha "O petróleo é nosso" venceram a imprensa entreguista e as forças econômicas e políticas que estavam por trás dos jornais.

Hoje cada um de nós temos que fazer o mesmo.

A imprensa e os partidos de oposição, querem travar o debate, como fazia o repórter Esso.

Para isso a velha ladainha é conhecida:

- reclamam da "pressa", quando querem ganhar tempo para os estrangeiros se articularem;

- desqualificam o marco regulatório, que é um verdadeiro projeto nacional, chamando de eleitoreiro;

- satanizam a "estatização";

- eudeusam a falida tese de atrair investidores internacionais.

Temos a razão, o coração, e os argumentos do nosso lado. Basta cada um de nós usá-los, e mais do que nunca, fazermos uma ofensiva para desmentir e boicotar à essa imprensa que lesa a pátria.

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