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sábado, 22 de agosto de 2009

Mercadante conseguiu uma vitória sobre o PIG

Parece que foi sem querer, e não planejado, mas no final das contas, Mercadante acabou lavrando uma vitória sobre a imprensa, nessa semana.

A imprensa fala mal, coloca o nome dele em evidência, diz que o PT acabou (pela milésima vez a imprensa diz isso), etc, e tal.

Mas de que crime acusam Mercadante?

De roubo? Não. De desvio de dinheiro público? Não. De corrupção? Não.

Acusam-no de dizer que iria renunciar à liderança do PT no Senado, e não renunciou, dizendo que não tem como recusar um apelo do presidente Lula. Saída genial.

O que tinha tudo para colocar lenha na fogueira da crise no senado, ocupou a imprensa durante metade da semana com a expectativa de aumentar a dissidência dentro do PT do Senado, colocou o nome dele em evidência, desviou atenções para si, dando cobertura ao fogo cerrado que estaria sendo disparado contra Ideli, Delcídio e João Pedro, esvaziou a dissidência de Flávio Arns no noticiário e, no final, colou sua imagem (de Mercadante) à do Presidente Lula, recebendo e dando apoio, em vez de se posicionar como dissidente.

Com isso, reaproximou a bancada de senadores petistas do governo (de onde nunca deveriam ter se afastado).

A revista Veja, aparentemente, já havia reservado as páginas amarelas para o "dissiente" Mercadante descer a lenha no PT e no governo Lula. Saiu frustada, sendo obrigada a fazer acusações chinfrim de que ele teria voltado atrás, que o PT acabou (pela milésima vez), e blá, blá, blá.

O eleitor anti-lula e anti-PT, que jamais votariam em Mercadante, tem orgasmos lendo as Vejas da vida dizendo que o irrevogável foi revogado.

O eleitor lulista e petista se irrita com o noticiário, com o mar de críticas nos jornais, mas isso acaba tendo o efeito contrário: a militância se mobiliza mais quando está sob ataque, igual ocorreu na época do top-top do Marco Aurélio Garcia para a Globo. Muita gente que estava sossegada, voltou à ativa.

O eleitor apartidário, não está nem aí para as picuinhas partidárias. Se não existe um escândalo de fato que envolva o nome do Mercadante, ele não sai desgastado, pelo contrário fica mais conhecido por não haver nenhuma denúncia grave contra ele.

A própria revista Veja e demais veículos, criou um padrão de denúncias tão sensacionalista, que o efeito de um líder partidário voltar atrás em uma decisão meramente política, é zero.

No final, Mercadante apareceu no noticiário do Brasil inteiro com uma espécie de carta de referência do "cara", do político mais popular do Brasil, do presidente Lula.

Acredito que esse imbróglio todo não foi planejado. Mercadante queria mesmo renunciar a princípio, e suas decisões anteriores provocaram muito desgaste desnecessário, por não saber fazer a melhor abordagem política do problema.

Que sirva de lição para não tomar decisões precipitadas, nem usar a palavra "irrevogável" desnecessariamente. Ao conversar com Lula, arranjaram a melhor solução para todos. Do limão, fizeram limonada.

Mercadante (e todos os políticos do campo do governo Lula, que serão candidatos em 2010), de agora em diante, precisam se acostumar a esse jogo, e acostumar o leitor/telespectados do PIG (imprensa) à vê-los em constante atrito com essa imprensa.

Lula pôde fazer campanha em 2002 na base do Lulinha Paz e Amor, porque sua imagem era de ser mais radical do que era. Era necessário suavizar sua imagem.

Mercadante é o contrário. Sua imagem está apagada, insossa para todos os perfis de eleitorado. Não precisa virar um radical incendiário, mas precisa demarcar territórios de que tem atritos com a imprensa, que é ligado ao governo Lula e não um dissidente que dá razão à teses da oposição.

Na campanha de 2010 esses atritos vão se acirrar, e é preciso, desde já, ir acostumando o leitor de jornal, o ouvinte de rádio, e o telespectador de TV, com os atritos.

Quem soube explorar atritos com a imprensa paulista a seu favor foi Jânio Quadros quando enfrentou FHC pela prefeitura de São Paulo na década de 80. FHC era o queridinho da mídia. Jânio era o horror. De factóide em factóide, Jânio atraía páginas e páginas de críticas bizarras para si, que, na cabeça de muitos leitores, não faziam muito sentido, mais parecendo preconceito.
A velha raposa política do Sarney, também enganou a revista Veja recentemente. No fim de julho (do recesso paralmentar), parece ter vazado (por terceiros) para a imprensa que iria renunciar. Todos mudaram o tom do noticiário, já aliviando para Sarney e preparando para dirigir a pauta contra o governo Lula.
Ao voltar do recesso, disse que se manteria no cargo. A imprensa, que já havia recuado, teve que pegar o caminho de volta. E quando voltou, o PMDB foi à guerra, denunciando os senadores da oposição que sofriam as mesmas denúncias que haviam contra Sarney. Quando viram que para derrubar Sarney, muitos demo-tucanos cairiam juntos, a oposição fez o acórdão de salvar todos, apenas mantendo um falso discurso, para a platéia.

Hoje, a imprensa traça um enredo dela dentro da agenda eleitoral de 2010, com factóides conspiratórios, e segue esse enredo à risca, passando por cima dos fatos que não lhes interessam, e não dando direito de resposta.

Os líderes políticos da base governista, precisam se acostumar a driblar esse jogo. Uma forma é não decidir sob pressão da imprensa, é entender os testes de hipóteses que estão em curso, se antecipar, entender as expectativas da imprensa sobre suas decisões, alimentar expectativas quando interessar e frustá-las. Mercadante e Lula fizeram um pouco disso, nesta semana.

As outras formas de enfrentamento, são as conhecidas: fazer como o blog da Petrobras, exigir direito de resposta, e se não derem, denunciem na internet. Também é imperativo que sejam mais pró-ativos no uso da tribuna do Senado.

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