O presidente Lula não pode ser visto por um repórter que lá vem pergunta sobre Sarney, à espera de qualquer declaração que, seja qual for, será implacavelmente usada para tentar constranger ou o presidente da República, ou o presidente do Senado, ou os dois, ignorando completamente o teor da resposta e contexto político em que ocorre.
Todos os presidenciáveis passaram pela mesma sina. Dilma é constantemente questionada sobre Sarney, em busca de declarações desgastantes. Ciro Gomes, se esquivou ao generalizar sobre um relacionamento diferente com o PMDB, caso fosse governo. Até Aécio já chegou a fazer declarações de apoio à Sarney.
O maior mistério do universo político nacional atualmente, é por que nenhum jornalista pergunta a opinião abalizada de José Serra (PSDB/SP), o principal pré-candidato da oposição, e ainda líder nas pesquisas?
Obviamente que Serra não pode falar a favor, porque desautorizaria a tropa de choque de Arthur Virgílio e Álvaro Dias no Senado, com a missão de derrubar Sarney. Também não quer falar contra, porque ressuscitaria em público a velha briga que tem com Sarney, desde o episódio do dossiê Lunus, além de acirrar os ânimos com o que resta do PMDB disposto a negociar apoio a Serra.
Que Serra não queira falar, é compreensível no cálculo político. O que não é compreensível é nenhum jornalista tocar no assunto.
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