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terça-feira, 21 de julho de 2009

Lula diz que caixa dois quebrou bancos públicos

Ao discursar ontem em encontro do Conselho Diretor do Banco do Brasil, o Presidente Lula culpou a irresponsabilidade gerencial pela venda de bancos públicos. Sem citar nomes, afirmou que alguns políticos usaram essas instituições para fazer caixa dois em campanhas e deu o exemplo do Banespa.

"Talvez se sinta arrependimento no Brasil porque bancos importantes como o Banespa foram praticamente doados, vendidos a troco de nada. Jogou-se em cima dos bancos a irresponsabilidade dos governantes que gerenciavam esses bancos ou que muitas vezes usavam esses bancos para fazer os caixas dois da vida em época de campanha eleitoral. Por isso que todos os bancos públicos estavam quebrados."

Apontado como um dos responsáveis pela quebra do Banespa, o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia é hoje um dos maiores aliados dentro do PMDB do governador José Serra (PSDB), pré-candidato a presidente em 2010. Quércia sempre negou responsabilidade pela crise do banco.

O Banespa foi vendido para o Santander por R$ 7 bilhões em 2000, seis anos depois de sofrer intervenção do Banco Central. Sua venda foi cercada de suspeitas, a ponto de levar à criação de uma CPI na Câmara dos Deputados, em 2001. A comissão indiciou diretores e funcionários do Banco Central pela manipulação contábil do balanço de 1994 com "motivação exclusivamente política".

Em 2007, 20 ex-gestores do Banespa foram condenados à prisão pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região sob acusação de gestão temerária no Banespa nos anos 90.
Lula criticou as tentativas de privatização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal e disse que só agora o país tem a dimensão da importância da manutenção de bancos estatais fortes. Afirmou que parte dos problemas enfrentados pelo presidente norte-americano, Barack Obama, dá-se pelo fato de não ter um banco público.

"Tenho participado de G14, G20 e sei a diferença de presidentes que têm bancos públicos e os que não têm e que se deixaram levar pelas teorias da década de 90 de que o mercado resolveria os problemas."

Choque de gestão

Lula criticou ainda o chamado "choque de gestão", marca de governos tucanos. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), é um dos que assumiram em 2003 propondo e, depois, colocando em prática o mecanismo.

"Costumam dizer que o Estado é um mau gerente, que empresa pública está mal administrada e falam que precisa de choque de gestão. Choque de gestão no Brasil é mandar gente embora, é reduzir o custo da folha de pagamento", disse o presidente.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil irá colocar R$ 150 milhões no novo fundo garantidor anunciado pelo governo para tentar reduzir o custo dos empréstimos para pequenas e médias empresas. Segundo o presidente da instituição financeira, Aldemir Bendine, a previsão é que o fundo seja lançado no mês que vem.

"O fundo pode chegar a até R$ 2,5 bilhões. Já foi feito aporte do governo de R$ 500 milhões aproximadamente [do Tesouro] e o Banco do Brasil vai colocar mais R$ 150 milhões. Mas, à medida que haja demanda, a gente vai ampliando esse fundo", disse Bendine.

A ideia do governo é que, como os bancos que quiserem garantir suas operações terão de fazer aportes de, no mínimo, 0,5% do valor que desejarem proteger contra risco de calote, o capital do fundo irá se expandir naturalmente. Além disso, será cobrada uma taxa sobre o montante de cada operação garantida.

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