Pages

domingo, 14 de junho de 2009

Aécio votou com o "CENTRÃO", e atrasou as Diretas Já


Aécio Neves iniciou-se nas urnas em 1986, elegendo-se deputado federal constituinte, pelo PMDB.

Aos 27/28 anos de idade, apesar da grande votação, devido à herança política do avô Tancredo Neves (falecido um ano antes), Aécio era um constituinte apagado, com perfil de "baixo clero".

Sarney havia herdado o mandato com a morte de Tancredo. O mandato de Sarney, assim como seria o de Tancredo, foi articulado como um mandato de transição, para convocar a assembléia nacional constituinte, sancionar uma nova constituição restabelecendo o estado de direito e a democracia plena, e, por fim, convocar eleições diretas.

Pela lei do regime militar, onde Tancredo/Sarney foram eleitos indiretamente pelo colégio eleitoral, sem voto popular, o mandato seria de 6 anos.

Mas aquelas leis, aquele colégio eleitoral era tudo produto do regime autoritário. Não tinha legitimidade popular. Não era um pacto político respaldado pela sociedade por eleições livres. Era uma contradição defender a redemocratização e ao mesmo tempo, considerar aquelas regras intocáveis.

A democracia se restabeleceria com a nova constituição, que revogaria as antigas leis e regras. Entre estas leis e regras estava a duração do mandato presidencial e a data de convocação das eleições presidenciais.

Um grupo mais radical defendia eleições presidenciais em 1986, antes mesmo da constituinte.

Os mais saudosos da ditadura defendiam os 6 anos integrais para Sarney, coisa que o próprio Sarney considerava politicamente insustentável para um presidente sem legitimidade do voto popular, após o movimento "Diretas Já", e passou a admitir encerrar seu mandato com 5 anos, e não 4 como era o anseio popular.

Outros, a maioria dos progressistas que estiveram no palanque das "Diretas Já" (e com forte apoio popular), defendiam, na constituinte, fixar o mandato em 4 anos, e fazer as eleições em 1988.

A briga política ficou polarizada entre os defensores dos 4 anos contra os defensores dos 5 anos.

Sarney resolveu colocar o rolo compressor da máquina governamental para garantir 5 anos de mandato, atrasando as eleições diretas presidenciais de 1988 para 1989.

Para isso, montou o "Centrão" na constituinte. Era um grupo de deputados e senadores do PFL, PDS, e do PMDB conservador que formavam a base de apoio ao governo, com um grande contingente de fisiológicos: votavam a favor de Sarney em troca de concessões, cargos e outras benesses.

O ministro articulador político de Sarney na época, Roberto Cardoso Alves, soltou uma frase, considerada até hoje uma das maiores pérolas do cinismo do fisiologismo brasileiro.
Perguntado sobre trocas de favores por votos no Congresso, Robertão (como era conhecido) disse, entre a ironia e o deboche, que seguia os ensinamentos de São Francisco de Assis: "É dando que se recebe".

As benesses que eram as mais disputadas nesse período, eram concessões de TV's e rádios, distribuídas a dedo, em troca de apoio, pelo então ministro das comunicações ACM (PFL/BA).

Pois Aécio foi um dos que votaram junto ao Centrão a favor de 5 anos para Sarney, atrasando as sonhadas "Diretas Já" (eleição direta para presidente) de 1988 para 1989.

O voto de Aécio pode ser explicado por uma gratidão à Sarney. Afinal o ex-presidente ajudou Aécio a ganhar na loteria sem precisar apostar:

Com a morte de Tancredo e posse de Sarney, em 1985, Aécio recém-formado, com 25/26 anos, ganhou o cargo de diretor de loterias da Caixa Econômica Federal.

Ficou no cargo até 1986, quando saiu para concorrer à deputado nas eleições.

Quanto ao desempenho de Aécio na constituinte, do ponto de vista da maioria da população brasileira trabalhadora, foi sofrível.

Teve uma nota média de 5,5 no levantamento feito pelo DIAP (veja explicações aqui sobre o DIAP, onde explica que Serra foi reprovado com nota 3,75).

A nota máxima seria dez. Aécio votou metade dos assuntos, a favor dos interesses da elite econômica dominante, contra os interesses da grande maioria do povo trabalhador mais pobre.

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração