O presidente da França, Nicolas Sarkozy, quer visitar Cuba na companhia do Presidente Lula, para ocupar espaço quando as autoridades cubanas fazem uma complicada transição de poder na ilha.
Sarkozy acha que o simbolismo seria mais forte indo a Havana em companhia de um líder como Lula, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos com o governo Obama começam uma flexibilização em relação ao regime cubano.
O enviado especial de Sarkozy a Cuba, o ex-ministro socialista francês Jack Lang, defendeu o fim do embargo americano sem condições nem prazos muito longos, entre outras razões para que não sirva de desculpa aos imobilistas do regime. Essa posição é próxima da defendida pelo governo brasileira.
Sarkozy não esconde a ambição de salvar o que pode da combalida influência francesa no mundo e tem insistido que a parceria estratégica entre França e Brasil não se limita ao campo econômico, mas também político e diplomático, o que justificaria a visita conjunta.
O plano francês da viagem conjunta a Cuba é, porém, visto com prudência pelo Brasil. O assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, disse que "se trata de apenas uma ideia por enquanto". O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que "isso deve ser ideia de alguém por ai", evitando entrar em detalhes. Outra fonte disse que ainda é preciso falar com o presidente cubano, Raul Castro.
Pouco depois, Amorim se encontrou em Londres com a secretaria de Estado americana, Hillary Clinton, e um dos temas foi precisamente Cuba, em vista da próxima Cúpula das Américas, que ocorrerá entre 17 e 19 de abril em Port of Spain (Trinidad e Tobago).
Os americanos querem evitar que a Cúpula das Américas seja dominada pela questão cubana. Na cúpula da Unasul, na Bahia, em dezembro, o presidente boliviano Evo Morales propôs que os países sul-americanos dessem um prazo para Obama levantar as sanções contra Cuba, senão retirariam seus embaixadores de Washington, algo que o Brasil tratou de rejeitar rapidamente.
Agora, o próprio governo cubano quer aparentemente evitar problemas, num momento em que o governo Obama ensaia uma flexibilização em relação à ilha. A primeira medida será extinguir restrições às viagens familiares e remessas de dinheiro para Cuba. Com esse primeiro passo, Washington quer sinalizar uma nova atitude em relação a Cuba e a outros países latino-americanos que cobram uma nova política. Já a eliminação do grosso das sanções adotadas nos anos 60 vai demorar mais, conforme disseram senadores americanos em visita a Havana.
A Comissão Europeia também quer ter espaço nos movimentos dentro e fora da ilha e voltou a enviar emissários a Havana, após a destituição repentina em março do chanceler Felipe Pérez Roque e do vice-presidente Carlos Lage, considerados os pilares do esforço cubano de aproximação entre Cuba, a Europa e os EUA.
A cooperação entre a UE e Cuba foi restabelecida no ano passado, após ter sido interrompida em 2003 pelo então presidente Fidel Castro, em resposta a sanções impostas pelos europeus após a detenção de 75 dissidentes cubanos.
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