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Sarkozy acha que o simbolismo seria mais forte indo a Havana em companhia de um líder como Lula, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos com o governo Obama começam uma flexibilização em relação ao regime cubano.
O enviado especial de Sarkozy a Cuba, o ex-ministro socialista francês Jack Lang, defendeu o fim do embargo americano sem condições nem prazos muito longos, entre outras razões para que não sirva de desculpa aos imobilistas do regime. Essa posição é próxima da defendida pelo governo brasileira.
Sarkozy não esconde a ambição de salvar o que pode da combalida influência francesa no mundo e tem insistido que a parceria estratégica entre França e Brasil não se limita ao campo econômico, mas também político e diplomático, o que justificaria a visita conjunta.
O plano francês da viagem conjunta a Cuba é, porém, visto com prudência pelo Brasil. O assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, disse que "se trata de apenas uma ideia por enquanto". O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que "isso deve ser ideia de alguém por ai", evitando entrar em detalhes. Outra fonte disse que ainda é preciso falar com o presidente cubano, Raul Castro.
Pouco depois, Amorim se encontrou em Londres com a secretaria de Estado americana, Hillary Clinton, e um dos temas foi precisamente Cuba, em vista da próxima Cúpula das Américas, que ocorrerá entre 17 e 19 de abril em Port of Spain (Trinidad e Tobago).
Os americanos querem evitar que a Cúpula das Américas seja dominada pela questão cubana. Na cúpula da Unasul, na Bahia, em dezembro, o presidente boliviano Evo Morales propôs que os países sul-americanos dessem um prazo para Obama levantar as sanções contra Cuba, senão retirariam seus embaixadores de Washington, algo que o Brasil tratou de rejeitar rapidamente.
Agora, o próprio governo cubano quer aparentemente evitar problemas, num momento em que o governo Obama ensaia uma flexibilização em relação à ilha. A primeira medida será extinguir restrições às viagens familiares e remessas de dinheiro para Cuba. Com esse primeiro passo, Washington quer sinalizar uma nova atitude em relação a Cuba e a outros países latino-americanos que cobram uma nova política. Já a eliminação do grosso das sanções adotadas nos anos 60 vai demorar mais, conforme disseram senadores americanos em visita a Havana.
A Comissão Europeia também quer ter espaço nos movimentos dentro e fora da ilha e voltou a enviar emissários a Havana, após a destituição repentina em março do chanceler Felipe Pérez Roque e do vice-presidente Carlos Lage, considerados os pilares do esforço cubano de aproximação entre Cuba, a Europa e os EUA.
A cooperação entre a UE e Cuba foi restabelecida no ano passado, após ter sido interrompida em 2003 pelo então presidente Fidel Castro, em resposta a sanções impostas pelos europeus após a detenção de 75 dissidentes cubanos.
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