Nos piores casos, parlamentares usam verbas indenizatórias e passagens para enriquecimento ilícito ou para desfruto privado, como viagens de férias próprias, de familiares, e namoradas, inclusive internacionais, ou mesmo venda dos bilhetes.
No "menos pior" dos casos, usam verbas e vantagens de gabinete, como forma de financiamento de campanhas, de fazer cortesia a correligionários com dinheiro público, o que não deixa de ser um caixa-2 disfarçado, e que dá uma tremenda vantagem de poder econômico nas eleições seguintes, aos detentores de mandato sobre a renovação de quadros no Congresso.
O portal Congresso em foco, publicou uma listagem destes gastos aéreos com vôos internacionais dos líderes partidários na câmara dos deputados (o ideal seria listar todos os deputados e não só os líderes):
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Há nomes e partidos previsíveis, que não causam qualquer surpresa, mas é lamentável ver ao lado destes, nomes como de Ivan Valente do PSOL com 4 passagens para Paris (2 para ele, 2 para a esposa) emitidas em 13 de dezembro de 2007, ao custo total (incluindo taxas) de R$ 13.840,56 para os cofres públicos.
O chefe de gabinete da liderança do Psol, Rodrigo Pereira, informou que Ivan Valente usou um “crédito antigo” para viajar ao exterior com sua esposa. “O nosso é um alfinete no meio de muitas agulhas. Em certa medida, todo mundo faz isso”, avalia Pereira.
Será que o eleitor concorda?
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) foi mais modesto, emitiu apenas um bilhete para terceiros, para o Chile, no valor total de R$ 848,44.
O líder do PCdoB alega que repassou uma passagem para José Carlos Ruy, integrante da Comissão Nacional de Comunicação do PCdoB e editor da revista Princípios, com o fim de representá-lo num evento no Chile promovido pelo Partido Comunista daquele país para marcar a luta contra a ditadura do general Augusto Pinochet. “O bilhete emitido para o deputado foi usado pelo seu representante. O uso da passagem atendeu aos preceitos legais do Ato da Mesa nº 42, de 21/06/2000″.
Faz um pouco mais de sentido, mas ainda assim há uma confusão entre atividade parlamentar e atividade partidária. A viagem não foi em missão oficial do congresso, e sim partidária, portanto era o PCdoB quem deveria pagar com dinheiro do fundo partidário.
Outros deputados, como Odair Cunha (PT-MG), não é líder, mas também fez extravagâncias, preferindo "pacotes" nacionais. Cedeu 28 passagens da Câmara para que sua mulher, Ivanilda Vilas Boas Cunha, viajasse, nos trechos Brasília-Belo Horizonte, Brasília-São Paulo, Recife-Brasília, Recife-Belo Horizonte, Belo Horizonte-São Paulo, Brasília-Campinas (SP).
Nunca é demais lembrar que a ex-ministra Benedita da Silva foi constrangida a pedir demissão porque fez uma viagem à Buenos Aires, para encontro religioso. A ministra ressarciu a despesa, mas pediu exoneração do cargo.
Muitos destes deputados, há um ano atrás bradavam contra gastos com tapioca nos cartões corporativos, o que foi até bom para coibir abusos, e descobrir falcatruas do presente e do passado, como gastos de Raul Jungmann com massagistas quando ministro de FHC, e do atual secretário de educação de Serra, Paulo Renato de Souza, com pernoites com a namorada em hotéis.
Mas hoje, muitos deputados e senadores, fazem desvios de verbas em valores centenas de vezes maiores, e deveriam renunciar da mesma forma que ex-ministras Matilde Ribeiro e Benedita da Silva renunciaram ao cargo.
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