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Na semana passada, em inauguração de obra em favela do Rio, o Presidente já havia adiantado que o governo anunciaria em breve um programa para a construção de 500 mil casas populares.
A meta faz parte do núcleo do pacote de estímulo à construção civil, que pode ser reapresentado até o fim da semana. "Não gostei do que foi apresentado. Pedi para refazer alguns estudos e ele pode ser reapresentado a mim até sexta-feira", disse Lula.
O Presidente disse que quer uma proposta que gere mais emprego, venda casa mais barata, atendendo, principalmente, a população mais carente. Segundo ele, o que o desagradou na versão apresentada anteriormente é que tinha "muito penduricalho", e algumas questões relacionadas a juros, "que temos que tirar".
O governo já havia anunciado a meta e garantiu que haveria também medidas para a classe média, como a correção do teto do valor do imóvel a ser adquirido pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) dos atuais R$ 350 mil para R$ 500 mil.
O Planalto aposta suas fichas na construção civil por ser um setor que emprega muito e acolhe trabalhadores com pouca qualificação.
O público preferencial do pacote são as famílias com renda mensal até cinco salários mínimos (R$ 2.075,00). Segundo dados do Ministério das Cidades, o déficit habitacional do País é de 7,2 milhões de moradias, e 54% desse montante está concentrado nas famílias com renda entre R$ 600 e R$ 1,6 mil . É também esse grupo que responderá por 47% da demanda por imóveis nos próximos 15 anos.
Lula afirmou ainda que o caminho para conter o desemprego é negociação das empresas com o sindicato, mas descartou intervenção: governo só entrará na conversa se empresas e sindicatos pedirem.
O presidente disse que não é momento de nenhum setor se precipitar, reduzindo postos de trabalho. Ele lembrou que, em janeiro, por exemplo, os carros tiveram boas vendas. Mas, destacou, o problema do crédito ainda não está resolvido e que o governo está tomando providências com relação a isso.
Ainda sobre a recuperação das vendas de carros, Lula disse: "Mas, é claro que a indústria automobilística não vai continuar crescendo 25% ao ano. Não há rua para colocar tanto carro. Mas, ela vai continuar crescendo", disse o presidente. "Vamos continuar conversando com todos os setores porque eu tenho esperança de que a economia vai dar um salto e vai se recuperar", acrescentou.
Pacote de Obama
O Presidente afirmou que não tem o direito de ficar frustrado com o pacote do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Segundo ele, o importante é que o pacote dos EUA tem duas partes: salvar o sistema financeiro e o setor produtivo. E quem está reclamando das medidas, observou Lula, é exatamente o setor financeiro. "Tenho muita esperança que o Obama possa resolver os problemas dos Estados Unidos junto com o Congresso. Sou muito solidário a ele e tenho rezado mais pelo Obama que por mim mesmo porque os Estados Unidos têm uma situação gravíssima e Obama é a esperança de resolver esses problemas", disse Lula, após almoço de recepção ao presidente da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, no Itamaraty.
O Presidente avaliou também que, se as medidas anunciadas por Obama conseguirem parar a crise, "já está de bom tamanho", pois só assim será possível retomar o crescimento. "Estou convencido de que o Obama vai dar conta do recado", completou.
Lula voltou a criticar medidas protecionistas que veem sendo adotadas para enfrentar a crise financeira internacional. Segundo ele, é um equívoco as pessoas quererem voltar a praticar o protecionismo de antes. "Se continuar a ter protecionismo, a crise só tende a se agravar", disse.
Segundo avaliação do Presidente, o protecionismo só vai atrapalhar a economia a voltar a crescer. "Os países ricos passaram os últimos 30 anos pregando o livre comércio. O peixe morre pela boca. Eu quero que esses países cumpram o que sempre defenderam", disse.
Questionado se pretende tratar dessa questão diretamente com Obama, Lula disse que ainda não sabe se encontrará o presidente norte americano por ocasião de sua viagem a Nova York, para participar de um debate sobre biocombustíveis. O evento acontece em março.
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