O Presidente Lula descartou ontem a hipótese de o governo participar das negociações entre empresas e trabalhadores sobre reduções de jornada e salários. Segundo ele, o governo só deve entrar em um debate como esse se for convidado e as duas partes concordarem. Lula criticou propostas de flexibilização trabalhista, algumas inclusive sugerindo a redução dos salários, como forma de manutenção dos empregos. "A rotatividade de mão-de-obra no Brasil sempre foi muito grande. Na década de 70, minha grande briga era contra essa rotatividade. Nas empresas, mesmo quando o emprego está crescendo, a rotatividade é altíssima", disse.
Ele lembrou que, no ano passado, foram contratados 16,5 milhões de trabalhadores e demitidos outros 15 milhões. "Ora, se um país pode se dar a esse luxo, não se pode dizer que aqui há dificuldade de dispensar qualquer pessoa", afirmou. Segundo Lula, o governo vem conversando constantemente com os empresários. "Acho que não é momento de nenhum setor se precipitar. No mês de janeiro, os carros tiveram uma boa venda. Certamente as pessoas ficaram precipitadas por causa do pânico, ainda não está resolvido o crédito no Brasil", completou.
A produção de carros em janeiro cresceu em relação a dezembro, mas continuou abaixo do nível de janeiro de 2008. "A indústria automobilística não vai poder continuar crescendo a 25% ao ano, não há rua para caber todos os carros. Mas vai continuar crescendo e o Brasil vai se recuperar mais rapidamente", previu o presidente.
Lula fez uma crítica indireta ao fato de o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ter dito, na entrevista em que anunciou, ontem, a ampliação do prazo do seguro-desemprego, que o governo estuda ampliar o saque do FGTS para compensar perdas de renda dos trabalhadores. "Às vezes fico chateado quando as pessoas começam a falar pela imprensa antes de me dizerem as coisas. Fico chateado porque pode não acontecer", reclamou Lula, em entrevista após almoço em homenagem ao presidente da Namíbia, Hifikepunye Pohamba.
Lula disse que, para ser convencido de algo, são precisos argumentos muitos fortes. "De negociação trabalhista eu entendo, pois fiz isso a vida inteira", disse. "Acho que não existe nenhum motivo para ficar desesperado, achando que cada um tem uma solução no bolso do colete."
Leia: Entrevista completa da Dilma na TV ao Jogo do Poder
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