Foto: José Serra ao lado de Robeto Setúbal, presidente do Banco Itaú, cuja controlada ITAUCRED FINANC S/A está cobrando juros de 14,71% no crédito pessoal à pessoa física.
Finalmente a bola da vez são os bancos.
A ganância dos bancos em aproveitarem-se da crise internacional para especular com o estoque de dinheiro da poupança nacional, restringindo crédito e aumentando os juros, provocou mais indignação com os bancos no Planalto do que nunca.
Num momento em que os mecanismos de crédito são ferramenta para evitar a crise, os próprios bancos estatais embarcaram na onda e também quiseram seguir a cartilha o cartel da FEBRABAN.
O Ministério da Fazenda aperta o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, porque quer os bancos estatais atuando como opção para os brasileiros terem acesso a taxas de juros menores, e servindo como bancos de referência, para não permitir que a FEBRABAN dite o comportamento do mercado.
Segue matéria do jornal Valor Econômico:
Governo coloca em xeque bancos públicos
Esquenta, no Palácio do Planalto, a discussão sobre os elevadíssimos "spreads" cobrados pelo sistema bancário em geral e pelos bancos públicos federais, em particular. Ministros envolvidos no debate, relacionado sobretudo com o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, não escondem a irritação que é, também, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O governo não vai aceitar o jogo de esconde-esconde a respeito da questão do spread", disse um ministro. Ele se referia aos questionamentos dos bancos federais à metodologia que o Banco Central e o Ministério da Fazenda usaram para retratar os spreads cobrados pelos bancos públicos e privados, após o agravamento da crise financeira internacional e a consequente contração do crédito.
Das várias reuniões já ocorridas para desvendar esse problema, e dos dados levantados pelo BC e Fazenda, fica a suspeita: o que justifica o Banco do Brasil, por exemplo, que antes da crise operava com spreads de 1 dígito, hoje estar cobrando juros de 58% ao ano para os empréstimos a pessoa física e 30,7% para as pessoas jurídicas, na média da taxa das operações realizadas com recursos livres, conforme dados armazenados por um ministro no seu laptop? A parcela dos financiamentos com crédito direcionado tem custos previamente fixados, mas a área econômica do governo não aceita o argumento de que os bancos salgam as taxas do crédito livre para compensar os juros mais baixos do direcionado.
"O crédito direcionado também tem boa rentabilidade", retruca o ministro. "Tudo depende da margem de lucro que eu quero ter e achamos que há relações muito complicadas na corporação do banco", diz. Na ótica do Palácio do Planalto, a corporação do BB, que resiste a reduzir os juros, está preocupada com o fato de essa medida reduzir a lucratividade da instituição. "Isso precisa ser avaliado. Porque se for para cobrar 30% ou 50% de spread para o BB crescer, começamos a pensar, então, se vale a pena ter banco público", reage uma outra fonte altamente qualificada. Afinal, o governo quer que os bancos públicos operem com juros menores para forçar os privados a fazerem o mesmo.
Uma coisa é certa: para o presidente Lula "a discussão sobre spread não vai parar, não", garante o ministro, sugerindo que, nesse caso, "é preciso fazer uma supervisão bancária de alta qualidade nos bancos públicos para saber o que é verdade e o que não é". Tarefa do BC, lembra.
Continua aqui no site do sindicato dos bancários do Pará/Amapá.
0 Comentários:
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração