A hipótese do presidente Lula ser vice de Dilma Rousseff, precisa ser vista, no mínimo, como um coringa que a base governista tem nas mãos.
A simples menção à hipótese causa os piores pesadelos na oposição demo-tucana, e ao ser discutida abertamente em sociedade, tira o sono de José Serra, seus aliados, da elite que deseja retomar o poder em 2010, incluindo o PIG (Partido da Imprensa Golpista).
Por isso, farão tudo para desestimular o assunto.
A simples possibilidade do PMDB correr para o braços de Serra, deixando vaga a vice, para enfrentar uma chapa com Lula, já enfraquece qualquer pretensão dos "serristas" no PMDB.
Mas, independente do que pensa a oposição, há muita lógica nesta chapa e pode ganhar apoio de muita gente na base governista, e, sobretudo, apoio popular.
É claro que o Presidente não almeja um cargo de vice para si, depois de já ter o seu lugar garantido na história do Brasil, como o melhor presidente. Tampouco significaria que o presidente iria cercear a autoridade de Dilma.
O Presidente já é um líder mundial, e pode desempenhar qualquer papel no cenário internacional, após deixar a presidência. Mas também é preciso lembrar que o povo brasileiro ama Lula e Lula ama o povo brasileiro, fazendo até sacrifícios, se for preciso, para servir à este povo.
O presidente Lula saindo de vice não é um prêmio político para nenhum grupo, nem para si, por isso não provoca nenhum desequilíbrio de forças na base governista.
Ao contrário, pode facilitar articulações em torno de um futuro governo Dilma, das forças de boa vontade, progressistas e conservadoras esclarecidas (cabe a todos nós, brasileiros, os esforços e pressão para que seja mais progressista do conservadora), em torno de um projeto nacional de reformas, que todos nós sabemos que ainda faltam, discutido nas ruas durante a campanha eleitoral, forçando compromissos populares do novo Congresso, à semelhança do que levou à constituinte de 88. Com todos os seus defeitos e do Centrão, houve significativos avanços sociais naquela constituinte, em relação ao passado.
Lula de vice, significa Lula em cima do palanque de Dilma, no horário eleitoral gratuíto, sem amarras do TSE.
Significa o Lula candidato, livre para responder às acusações do PIG (Partido da Impresa Golpista), quando achar pertinente, e dando um xeque-mate, porque não terão como negar direito de resposta à críticas, nem espaço no noticiário igual para os candidatos das duas campanhas. Basta Lula não sair do lado de Dilma que a resposta passa a ser de ambos no Jornal Nacional e nas páginas dos jornais.
A dita transferência de votos pode chegar muito próxima dos 100%.
Um vice de Dilma teria que vir do Norte-Nordeste. Dilma é mineira de nascença e criou raízes gaúchas. Historicamente, no Brasil, as chapas são montadas com um vice de outra região, para representar melhor um equilíbrio regional.
O PMDB é uma frente partidária, com diversas lideranças regionais. Por ter capilaridade regional muito grande, tem uma máquina de fazer campanhas bastante eficiente do ponto de vista de resultados no congresso e de apoios. Daí o interesse de todos os presidenciáveis em atrair o partido.
O PMDB sabe disso, e daí tira sua força para negociar o vice-presidente, ou apoio em contrapartida, para chapas de governadores e senadores nos Estados encabeçadas pelo PMDB.
Montar chapas regionais dá para contentar muitos interesses (para desespero dos eleitores em seus respectivos estados), mas escolher um vice representa uma briga de foice dentro do próprio PMDB, entre as diversas correntes e grupos do partido.
Michel Temer, apontado como pré-candidato a vice do PMDB, é pouco viável por ser um político do Sudeste, e ele mesmo sabe disso. Se ele não pode ser candidato, também não moverá montanhas por outro dentro do PMDB, preferindo usar seu cacife para outras articulações como ocupar Ministérios.
O PMDB de Sarney, certamente gostaria de ver o nome de Roseana, um nome do norte-nordeste, mas independente de qualquer crítica que tenhamos a respeito da família Sarney, uma chapa com duas mulheres, num país que nunca elegeu nenhuma presidente, nem vice-presidente, seria ousada demais para alguns eleitores que ainda tem receio do crescimento da presença feminina na sociedade, e isso seria usado como alvo de ataques sorrateiros da oposição.
A chapa fica melhor desenhada contemplando a representação masculina na vice (olha só que ironia do destino, antes eram as mulheres quem lutavam por seu espaço e para serem representadas politicamente, agora são os homens que ficam no papel de sexo-frágil nesta chapa).
Renan Calheiros já sonhou ser vice pelo PMDB, até ser abatido pelo escândalo de Mônica Veloso. Hoje fala-se no nome de Geddel Vieira Lima, também nordestino, da Bahia. Mas certamente Geddel terá tanto trabalho para fazer-se aceito por outros caciques peemedebistas com ambições semelhantes, quanto qualquer outro pré-candidato a vice.
O tamanho do PMDB atropela projetos de outros aliados como o PSB, PCdoB, PDT, PRB e outros que almejavam um nome como Ciro Gomes ou o governador Eduardo Campos, fosse para encabeçar uma chapa governista, ou para indicar um vice de Dilma.
O nome de Lula, por não previligear nenhum desses grupos em conflitos, nem fortalecer diretamente o PT nem alguma de suas correntes, o que despertaria ciúmes em outros partidos, pode ser mais facilmente aceito, e pacificar as ambições de todos da base governista, formando um grande pacto nacional, em torno das reformas sociais e políticas que ainda faltam.
Nem precisaria, mas para completar, Lula é nordestino, representa o agora sexo-frágil masculino na chapa, e ainda tem forte base política em São Paulo, onde começou sua carreira política no ABC.
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