O ex-ministro e ex-presidente da CUT Luiz Marinho (PT) assumiu ontem a prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) formalizando uma aliança administrativa e política com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, principal cabo eleitoral do governador paulista José Serra (PSDB). Depois de uma reunião às vésperas da posse com o prefeito paulistano, Marinho conseguiu a maioria na Câmara Municipal ao receber o inesperado apoio dos dois vereadores do DEM. Agora sua base de apoio conta com PT, PTdoB, PPS e DEM, que juntos têm 11 das 21 cadeiras. "O prefeito de São Paulo sabe da importância da maioria no Legislativo e tomou essa atitude sem pedir nada em troca", afirmou, depois da cerimônia de posse realizada na manhã de ontem e embalada pela música "We are the champions", do banda britânica Queen.
Em contrapartida, o novo prefeito garantiu que o partido de Kassab e principal aliado do PSDB fará parte de seu governo. "Ainda não definimos os cargos, mas o DEM irá compor esse governo", afirmou, logo após ser empossado. Marinho lançou Kassab a líder dos prefeitos da Região Metropolitana. Ele disse ter informado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva as discussões que vinha tendo, mas que o presidente não teria participado do processo. "Tenho simpatia pelo Kassab desde a eleição e não houve uma aproximação maior porque a Marta estava concorrendo contra ele", disse. "É preciso ter maturidade para separar a disputa política da resolução dos problemas da cidade", afirmou.
Primeiro prefeito petista em São Bernardo do Campo nas últimas duas décadas, Marinho vai iniciar sua gestão repetindo um gesto de seu novo aliado político. Marinho decidiu contingenciar 10% do Orçamento do município, de R$ 2,3 bilhões, o quarto maior do Estado. De acordo com ele, a suspensão dos investimentos será feita para que se possa avaliar melhor os impactos da crise financeira na cidade, que depende diretamente da receita das grandes montadores lá instaladas.
O prefeito empossado aposta em uma crise passageira, mas que sem dúvida vai afetar São Bernardo do Campo com maior intensidade do que outras regiões do país. Afirmou de forma categórica que, independentemente dos impactos da crise, a cidade não vai conceder alívios fiscais ou de qualquer outra natureza para as montadoras lá instaladas. "O governo federal tem as armas para lidar com a questão, nós não ofereceremos nenhum tipo de incentivo às companhias", disse, afirmando que não pretende fazer o papel de interlocutor entre as empresas automotivas e o Planalto. "O governo tem dado espaço de interlocução a todos e não precisa de mim, mas é claro que estarei acompanhando o processo de perto", disse.
Marinho afirmou também acreditar que a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, seja a candidata do PT à sucessão do Presidente Lula. O prefeito de São Bernardo deve ser o principal interlocutor entre a possível candidata e os prefeitos da base aliada do governo federal no Estado. "Vou trabalhar por Dilma, que provavelmente será a candidata do presidente", disse o prefeito pouco antes de subir ao palco montado na principal praça da cidade, onde seu vice-prefeito, Frank Aguiar, cantou seus principais sucessos para a pequena multidão que foi acompanhar a posse.
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