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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Classes D e E terão o maior ganho real na renda


As classes D e E terão em 2009 ganho real mais expressivo na massa de rendimentos , aponta estudo realizado pela LCA Consultores. Pelo cálculo, baseado nos dados de renda média real individual relativos a outubro divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as classes D e E terão em 2009 incremento real de 7,8% - o maior entre as classes e superior em um ponto percentual ao ganho obtido no ano passado.

A classe C terá crescimento menor, de 4,7%. As classes A e B terão o incremento mais baixo, de 3,4%, também abaixo do ganho real obtido no ano passado (4,9%). Na média, a massa real de rendimentos no país terá crescimento de 4,5% em 2009, ante 5,4% em 2008.

A massa real de rendimentos é calculada a partir do número de trabalhadores empregados e do seu ganho mensal. A LCA considerou como parte das classes D e E o trabalhador com ganho mensal médio de R$ 430; para a classe C, renda mensal per capita média de R$ 725 e, para as classes A e B, renda individual de R$ 2.113 ao mês. "As classes D e E têm uma renda muito próxima à do salário mínimo, por isso ela terá crescimento superior ao das demais classes", afirma o economista responsável pelo estudo, Fábio Romão.

A previsão para este ano é de que o salário mínimo seja reajustado em 12%, para R$ 465, considerando o PIB de 2007 (que cresceu 5,7%) e a inflação acumulada em 12 meses até fevereiro. O aumento acima da inflação é superior ao obtido no ano passado, de 3,6%. Outro ponto favorável é a previsão de inflação de alimentos mais baixa, estimada em 5,5%, contra 11,1% em 2008. "A inflação de alimentos tem impacto mais forte sobre a renda das classes D e E, que comprometem mais o seu ganho mensal com esse grupo de produtos."

Romão diz ainda que os trabalhadores das classes D e E sofrerão menos o impacto do desaquecimento da economia por se concentrarem nos setores de comércio e serviços, que apresentam uma desaceleração mais suave que os setores da indústria e da construção civil. Já no caso das classes A, B e C, o principal fator responsável pelo menor aumento na renda é a queda no nível do emprego formal, que tem afetado sobretudo o setor industrial. "O emprego industrial é o primeiro a sofrer os efeitos da crise e é o setor que concentra as classes A, B e C em função dos salários mais altos", observa. Outro segmento em que se situam essas classes é o financeiro, que já vinha reduzindo vagas de trabalho com as fusões e aquisições.

Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), prevê cenários diferenciados para as regiões. "Regiões agrícolas circunscritas à agricultura familiar não sofrerão tanto os efeitos da crise internacional como as áreas voltadas à agricultura comercial. Regiões que dependem fortemente de previdência e transferência de renda intragovernamental também tendem a ser menos afetadas", afirma.

No plano regional, Pochmann estima que as regiões Nordeste e Norte terão a renda menos afetada pela crise que as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. A maioria das empresas exportadoras, tanto de manufaturados como de commodities, está sediada no centro-sul, por isso a dificuldade de exportar já provoca um processo de cortes de mão-de-obra, diz. "O real desvalorizado vai estimular mais o turismo no país e menos o turismo no exterior, o que também terá um impacto positivo para o Nordeste", acrescenta.

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