Ler a Folha nesses últimos tempos tem sido um exercício de bom humor. Você abre o jornal, ou acessa a versão online, está lá, em cada três matérias, duas leva no titulo a palavra crise, apesar da crise, a crise.Hoje, tem uma manchete na capa da Folha:Apesar da crise, Brasil terá megashows em 2009
Mas que crise cara pálida?
Artistas americanos viriam ao Brasil para levar prejuízo? Fracasso de bilheteria?
E bem como diz o coleguinha assumidamente tucano demo aqui nesta postagem
O Globo tenta tirar o dele da reta, jogando a culpa pelas previsões furadas de 2008 nas costas dos economsitas. Boa tentativa, mas inútil. Quem publica também tem responsabilidade pelo que vai para as bancas, no mínimo por ter publicado como certeza aquilo que era só chute sem um aviso tão cético quanto enfático.
E ainda... A crise, vista dos Andes
Demos uma voltinha, em Santiago, neste Natal... No hotel, havia, para distribuição gratuita, o jornal Estratatégia, especializado em economia, algo como a Gazeta ou o Valor daqui. Sabe qual o grande tititi no periódico? Quem achou que era a crise, errou. Era a chegada da Wal-Mart ao Chile. Há um medo mal disfarçado de que a gigante americana do varejo arrebente com as empresas nacionais do setor. A crise? Claro que era mencionada, mas não havia nesse jornal - nem nos outros cujas manchetes olhei nas bancas - nada parecido com a histeria que se vê por aqui.
Só para comparar, a economia chilena toda é menor que a do Paraná.
Um veterano jornalista, com muitos anos de janela na economia (e umas 15 crises nas costas) e insuspeito de petismo (é tucano confesso) mostrou-se chocado com a caça às más notícias dos jornais e TVs. "Parece que eles estão apostando para saber quem dá a pior notícia, ou a pior maneira de dar uma notícia, na manchete", reclamou, durante um almoço.
Para o experiente coleguinha, essa é aposta perigosa. "Os jornais dizem todo dia que o mundo vai acabar em três meses. Se não acabar, o que vai ser da credibilidade deles?".
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