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sábado, 15 de novembro de 2008

Atuação coordenada dos países na redução de juros é oportunidade para o Brasil

Após acompanhar o presidente Lula em reuniões separadas com chefes de Estado da Austrália, do Japão e da Grã-Bretanha, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez um balanço dos três encontros.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, concordou com a necessidade de uma ação conjunta dos diversos países para redução das taxas de juros, e que a política monetária também deve ser coordenada.

"Se um país agir sozinho, não terá sucesso e pode vazar recursos para outros países", disse Mantega.

No mercado financeiro globalizado, quando um país baixa as taxas de juros, os investidores tendem a transferir o dinheiro para outros países equivalentes com taxas maiores.

O efeito é a desvalorização das moedas nos países de onde sai dinheiro e valorização nos que recebem o dinheiro, causando desorganização nas economias nacionais, nas exportações e importações, afetando em parte até a taxa de inflação.

A ação conjunta dos Bancos Centrais dos países do G-20 ajudará a manter o equilíbrio dos mercados, reduzindo movimentos especulativos artificiais.

POLÍTICAS ANTICÍCLICAS É CONSENSO

De acordo com a teoria econômica, a política anticíclica prevê que os países economizem em tempos de bonança e aumentem os gastos em épocas de crise, para estimular a economia.

Entre essas políticas estão a redução dos juros e a ampliação dos gastos do governo.

Mantega disse que alguns países, como Estados Unidos e Grã-Bretanha, reduziram suas taxas de juros e que o custo finaceiro também precisa ser reduzido no Brasil.

"O Brasil fará isso a sua maneira, mas nós também faremos um movimento nesse sentido", disse o ministro.

"Redução de juros, ..., todos devem fazer, porque o problema da inflação está relativamente superado com a queda do preço das commodities", afirmou. "Vai se abrir espaço para uma política monetaria mais flexível em todos os países."

O FATOR MEIRELLES

Não se sabe se é cautela para evitar corrida de especuladores do mercado financeiro com taxas de juros, ou se é fundamentalismo mesmo. O fato é que na semana passada, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que "a situação no Brasil é diferente".

"Os remédios diferem conforme o paciente", disse Meirelles, referindo-se às políticas fiscal e monetária que devem ser adotadas em cada país.

As projeções do Banco Central sobre a inflação no Brasil - tanto para esse ano como para 2009 - ainda permanecem acima da meta fixada pelo governo.

Porém, uma conjuntura de ação coordenada dos Bancos Centrais, obrigaria o Banco Central Brasileiro a se comprometer com os demais bancos.

PARA PORCHMANN, CORTE NOS GASTOS PÚBLICOS DEVE SER COM JUROS

O presidente do Ipea, Marcio Pochmann, também defende que é preciso agir para tentar manter o nível de atividade.

"Também sou favorável a reduzir o gasto público, mas o gasto com juros... Todos defendem o corte dos gastos. Então pergunto: onde cortar?", disse Pochmann, durante apresentação do estudo "Distribuição Funcional da Renda no Brasil", na sede do Ipea, em Brasília.

"Do ponto de vista da composição do gasto, o Estado gasta somas significativas com juros. São 7% do PIB que comprometemos anualmente...", argumentou.

MAIS UMA JANELA DE OPORTUNIDADE SE ABRE PARA O BRASIL

O Brasil está há muito tempo preso ao problema das taxas de juros. Muitos avanços foram conseguidos com a boa administração da economia no governo Lula. Reduziu a dívida pública e o pagamento de juros em relação ao PIB e à arrecadação.

Mas as elevadas taxas de juros ainda retiram recursos que fazem muita falta para consertar os serviços públicos, melhorar mais os programas sociais, aposentadorias, e remuneração mais justa de servidores.

O problema da taxa de juros é tal que "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".

Baixar juros numa canetada, funcionaria como parar o motor da economia porque está gastando muito combustível. Provocaria elevado desemprego e o custo social para a maioria dos brasileiros seria mais danoso do que o próprio pagamento dos juros.

Ficar com o motor da economia ineficiente, gastando muito "combustível" também não é uma solução satisfatória para o futuro.

O governo Lula optou pelo gradualismo: consertar o motor da economia aos poucos, sem paralisá-lo. Faz como um taxista, que começou com um carro velho, ainda sem dinheiro para comprar um carro novo. Tem que rodar, mesmo gastando muito combustível, para ganhar dinheiro, e ir juntando para trocar por um carro novo assim que der.

Agora, com o mundo em situação pior do que o Brasil, buscando atuação conjunta, a situação significa uma janela de oportunidade para Brasil conseguir reduzir gastos com juros mais rapidamente sem afetar o nível de emprego e sem impor sacrifícios maiores à vida do brasileiro.

Os colunistas do PIG vão dizer que o presidente Lula tem sorte, mas, na verdade, está é colhendo o que plantou, com um bom governo, com políticas acertadas, com articulação política internacional e visão de futuro que só os grandes estadistas possuem.

Fonte: BBC e Portal Vermelho

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