Ética deveria ser uma só e valer para todos, mas é com tristeza que assistimos nestas eleições o PIG "formar opinião" sobre o que é "ética", com os piores valores possíveis: a ética seletiva da elite.
O que é "baixaria" para a elite, o que atinge a imagem da elite (na verdade, atinge o projeto de poder deles), foi considerado anti-ético, e pautaram o "repúdio" de todos, inclusive de quem não teria porque pedir desculpas, uma vez que nada fizeram de errado.
Infelizmente muita gente boa obedeceu à este ardil, se deixando pautar pela "ética" do PIG.
O eleitor tem o direito de conhecer a biografia e currículo de alguém que lhe pede o voto de confiança. Não existe a menor sombra de falta de ética nisso.
Enquanto isso, a propaganda enganosa de Kassab (o próprio candidato cai em contradição no que diz e faz, diferente do que anuncia), usa da boa-fé e ingenuidade de milhões na periferia e é considerada "legítima" dentro da "ética" da elite.
Propaganda enganosa por si já é falta de ética das mais graves, mas como a elite acha que a "causa" é nobre (enganar os pobres e derrotar grupos políticos que priorizam governos para os pobres), não cuida sequer de analisar a veracidade das propagandas eleitorais, a coerência dos anúncios com os atos de Kassab, e pauta a discussão "ética" em ilações sobre perguntas inofensivas por si.
Ainda que a campanha de Marta tivesse ofendido frontalmente a vida pessoal de Kassab, haveria mais ética diante do eleitor no embate às clares com a candidata expondo suas virtudes e defeitos para o eleitor fazer seu julgamento, do que na propaganda enganosa dissimulada de Kassab, visando esconder do eleitor informações relevantes na decisão do voto.
No entanto, pouco se encontra espaço (mesmo fora do PIG) de gente defendendo a falta de ética da propaganda enganosa de Kassab, e intermináveis discussões sobre duas perguntinhas inofensivas.
Relembra o seletivismo ético de 2005 para cá, onde qualquer acusação contra Lula e seus adeptos, por mais infundada que seja, ganha dias no Jornal Nacional, enquanto escândalos demo-tucanos passam ao largo, como se Alstom fosse um escândalo privado e não público.
Kassab se candidatou porque quis, e esconde sua biografia e seu currículo do eleitor porque quer. Coloca até um boneco na propaganda para não expor muito sua imagem. Não há nada de mais quando o eleitor quer saber em quem está votando de fato.
A adversária Marta questionou este fato com perguntas corriqueiras. Isso é um ato político legítimo de campanha. Não há qualquer motivo para receber acusações de "baixaria", diante de perguntas que nunca ultrapassaram os limites da ética.
A turma de Kassab vestiu uma carapuça porque quis, por estratégia. A campanha de Marta não lhes impôs a carapuça.
Kassab poderia prestar contas de sua vida pública, preservando sua privacidade, mas teria sim que prestar contas a quem ele vai pedir o voto de confiança.
Por que o eleitor tem que dar um cheque em branco à Kassab?
Os "éticos" da elite paulistana, inclusive adeptos de Marta, vestiram de volta a carapuça (que não era "nossa") da acusação que o PIG fez de "baixaria". E muita gente boa nossa caiu nessa armadilha.
Até o parágrafo acima diz respeito à campanha de Marta, feita pela candidata e sua assessoria.
Agora vamos à campanha voluntariosa popular nas ruas e na blogosfera, sem vínculos, sem controle e à margem da campanha oficial.
No Youtube há centenas de vídeos depreciativos contra a vida pessoal de Marta e de Lula, inclusive que podem também ser interpretados como atingindo ofensivamente a todas as mulheres. Alguns com produção esmerada, que beira o profissionalismo de peças publicitárias.
Assim como torcidas organizadas de um time fazem gozação uns com os outros, gente adepta de Marta, fizeram gozação com Kassab.
Surgiram vídeos rudimentares, grotescos, de mau gosto, e foram acusados de homofobia. Não eram. Os vídeos não eram contra gays em geral. Eram contra o Kassab. É como o torcedor de futebol quando xinga a mãe do juiz. Ele está se dirigindo ao Juiz e não à sua mãe de fato.
Pode ser errado, politicamente incorreto, feito por linhas tortas.
Mas é um pouco demais pedir para gente da periferia que sempre tenham bons modos para serem "sacaneados".
É um pouco demais pedirem à eles uma educação da qual eles são excluídos.
É um pouco demais censurar quando se manifestam politicamente do jeito que sabem, dentro de limites pacíficos.
Ainda é tempo da voz dos pretos, pobres e excluídos chegar nas urnas no domingo, assim como a voz da elite vai chegar.
Ainda é tempo de todos nós votarmos e pedirmos votos para conseguir melhores escolas, acesso à cultura, e oportunidade para todos, e consequentemente, teremos campanhas futuras politicamente mais corretas.
Do contrário, os "indignados" pautados pelo PIG que vão reclamar bons modos à elite CANSADA e à Kassab.
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