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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Marta x Kassab parte 2: A vitória da propaganda de Kassab

Se as políticas de Marta e Kassab pareciam iguais aos olhos do eleitor (pareciam, porque existe diferença de ênfase, de prioridade, de volumes de recursos e de diretrizes), onde Kassab venceu?

Na propaganda.

Por um lado, Kassab conseguiu passar a mensagem da eficiência: de que saberia fazer tudo o que Marta faz, igual ou melhor.

Por outro lado, conseguiu conquistar simpatias, através da imagem pessoal. Se o eleitor entendeu que não haveria diferenças significativas entre um futuro governo Marta ou Kassab, uma vez que Kassab se apresentou junto ao eleitor como continuísta dos projetos de Marta, então esse eleitor sentiu-se livre para escolher o candidato com quem ele ia "mais com a cara".

Kassab por ser desconhecido do grande público, também não tinha grande antipatia contra si (a não ser dos cerca de 30% de eleitores que votam na esquerda sempre). E o boneco Kassabinho foi feliz em conquistar essa simpatia. Por outro lado a campanha de Kassab foi incisiva na desconstrução da imagem pessoal e política de Marta, fazendo campanha negativa, pela rejeição pessoal.

Em tempo: não acho que deva-se crucificar o marqueteiro de Marta. Talvez ele tenha chegado perto de fazer o melhor que poderia ser feito na TV. Sua especialidade é os programas de TVs, e deve ter agido de forma calculada, apoiado em pesquisas qualitativas, que não conhecemos.

Até as polêmicas perguntas foram acertadíssimas, reanimou a campanha que estava parada e sem tempo para uma reação lenta, nem tempo para conscientização política que se faz a médio prazo. A estratégia do Kassab era deixar a campanha fria mesmo, deixando o tempo correr, e as perguntas atingiram o adversário.

Tanto foi acertada que uma pesquisa do Ibope mostrou queda de 5 pontos na diferença, após as perguntas. Foi uma reação positiva do eleitorado no primeiro momento em querer conhecer mais sobre Kassab. O errado foi não saber se defender das acusações de baixaria impostas pelo PIG e pelos DEMos, enquanto Kassab, bem ou mal, defendeu-se dizendo ter se afastado de seu passado infame.

Não havia motivo nenhum para recuar. Todos adeptos de Marta deveriam dizer: as perguntas em si são normais sobre a biografia de qualquer candidato, quem lê malícia é que é malicioso, mas se as duas últimas perguntas incomodaram tanto, esqueçam elas e concentrem nas outras.

Os erros mais evidentes da campanha foram fora da TV: pouca mobilização da militância nas ruas, sobretudo no primeiro turno (vácuo ocupado por cabos eleitorais profissionais mobilizados pelas subprefeituras de Kassab), e descaso com novas mídias que crescem explosivamente, como a Internet (vácuo que Kassab também ocupou).

Além disso, essa derrota começou muito antes, ao longo de 4 anos, pela falta de fazer uma oposição aguerrida e trabalho junto às bases no dia a dia, como veremos na parte 3.

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