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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Ele vai voltar

O diretor afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, deve ser reconduzido ao cargo no fim das investigações da Polícia Federal. A existência de dois laudos mostrando que a corporação não possui aparelhos de escutas clandestinas está modificando a visão do Palácio do Planalto quanto à possibilidade de a Abin ter grampeado o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a comentar com amigos sobre a integridade de Lacerda, que se afastou junto com o restante da diretoria até que o caso seja encerrado.

Antes disso, Lula já tinha feito elogios públicos a Lacerda em uma entrevista à TV Brasil. A interlocutores diz que havia a necessidade do afastamento, por questões políticas. A volta de Lacerda ao cargo vai depender apenas do resultado do inquérito aberto há um mês pela Polícia Federal. As investigações, que estão correndo em sigilo, não apontam somente para supostos vazamentos das escutas feitas durante a Operação Satiagraha, mas também para outros rumos. Um deles é o Senado — suspeita-se de que os grampos teriam partido da Casa.

Um dos motivos para Lula preservar Lacerda no comando da Abin, seria a proposta de Lacerda terminar a reestruturação da corporação, que funcionaria como o Departamento Nacional de Inteligência dos Estados Unidos, e reuniria 16 órgãos de informação do país.

Sem contato
Lacerda continua trabalhando no anexo do Palácio do Planalto, onde funcionava a Secretaria Nacional Anti-Drogas (Senad), ligada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Desde que se distanciou da Abin, não teve nenhum outro contato com Lula, mas apenas com o ministro-chefe do GSI, general Jorge Félix.

O diretor afastado da agência evita falar sobre o assunto, mas a amigos demonstra que pretende continuar no cargo. “Mas antes é necessário esclarecer tudo isso que está acontecendo”, diz ele .

PF amplia investigações

A Polícia Federal vai pedir a prorrogação do inquérito que apura o vazamento de escutas telefônicas entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demostenes Torres. O novo prazo será requisitado hoje à Justiça, que pode dar mais 30 dias para a continuidade das investigações. A PF não informa quantas pessoas já foram ouvidas ou em que fase se encontra a apuração, mas pelo menos dois ex-agentes do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) já foram ouvidos, além de servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, não descarta que os grampos tenham outra origem. “Nenhuma hipótese está afastada”, afirmou Corrêa. De acordo com ele, a Polícia Federal vai continuar trabalhando em silêncio para não atrapalhar as investigações. Segundo fontes da corporação, uma das linhas que está sendo seguida é a de que as escutas teriam partido do Senado, onde peritos do Instituto Nacional de Criminalística (INC) fizeram uma varredura e não uma análise técnica dos equipamentos. “Aparentemente não havia nada, mas isso não quer dizer que não haja a possibilidade dos grampos na Casa”, observa uma fonte da PF.

Um dos problemas da investigação da PF é a falta do áudio das supostas escutas clandestinas das conversas. Até agora a Polícia Federal não sabe concretamente se as revelações feitas pela revista Veja foram transcrições ou gravações. Os dois jornalistas foram ouvidos pelos delegados William Morad e Rômulo Berrêdo, mas não revelaram a origem da fonte das informações. Tanto Gilmar Mendes, quando Demostenes Torres não forneceram dados novos à apuração durante seus depoimentos. “O áudio é de muita valia, mas podemos ter outros ramos de investigação”, diz a fonte da PF. “O que sabemos até agora é que os diálogos existiram e foram confirmados pelos dois interlocutores”, afirma.

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