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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Aposta no metrô motivou opção por petista

Nas eleições presidenciais de 1989, o então presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mário Amato, disse que se Lula ganhasse o pleito 800 mil empresários sairiam do Brasil. Dezenove anos depois, o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, está no segundo mandato como presidente da nação e Mário Amato, assim, como a maior parte dos 800 mil empresários a que se referiu, ainda está no Brasil. Muitos, inclusive, se tornaram petistas, como o sócio e co-fundador do banco Pátria Investimentos, Alexandre Saigh, paulistano, corinthiano, 41 anos. "Sempre votei na Marta Suplicy e também votei no Lula nas últimas eleições", diz ele, se referindo à candidata do PT à prefeitura da capital de São Paulo.

Saigh garante que não se sente um peixe fora d'água quando diz a seus colegas também empresários que vota no Partido dos Trabalhadores. "Aquele 'risco político' que o Mário Amato temia no final dos anos 80 já não existe mais. Hoje o PT é situação e provou que tem disciplina e capacidade para uma boa gestão econômica."

De família de classe média alta paulistana, Saigh se formou em ciências, com dupla concentração em Administração de Empresas e Financeira de Hotéis e Alimentos, pela Boston University, nos Estados Unidos, onde morou. Voltou à cidade natal no início dos anos 90. "Admiro a garra, a vontade e a competência política da Marta. Isso ficou evidente no primeiro mandato dela quando ela enfrentou e resolveu a questão dos perueiros", lembra ele. "A Marta tem coragem de tomar decisões. E decidir, no meio político, é uma coisa bem complicada. Ela acredita que as coisas vão dar certo e essa crença leva ela para frente, como administradora."

Para Saigh, os CEUs (Centros Educacionais Unificados) são o grande marco da gestão da ex-prefeita. Em seu governo, a petista ergueu 21 unidades dos "escolões" com área também para o lazer da comunidade em bairros da periferia. "Na época, ela enfrentou críticas da classe dominante porque o asfalto estava ruim na Zona Sul. Mas ela estava decidida a investir na periferia e teve coragem de insistir em sua decisão."

Mas não foi só o passado como prefeita que pesou para a escolha de Saigh. O empresário acredita que Marta tem um plano diferente e a longo prazo para a cidade, que será uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol de 2014. "No Ministério do Turismo, Marta ajudou a costurar o projeto que trouxe a Copa do Mundo para o Brasil. Ela já tem um plano de investimentos a longo prazo para preparar a cidade para o megaevento", diz Saigh.

Uma das obras que a petista colocará como prioridade, segundo ele, é a conclusão e expansão do metrô. "Enquanto a Cidade do México tem 250 km de linha de metrô e Santiago, no Chile, tem 80 km, São Paulo, que é muito maior que todas essas capitais, tem só 61 km." Embora a expansão dessa forma de transporte seja incumbência do governo estadual, e não do municipal, Saigh acredita que o relacionamento estreito de Marta com o governo federal será fundamental para canalizar investimentos na cidade. "Essa afinidade e a obrigatoriedade de preparar a cidade para o torneio mundial vão transformar muita coisa."

Saigh, como responsável pela área de private equity do Pátria Investimentos, quase perdeu a oportunidade de votar em sua candidata. Na quarta-feira, teve que ir às pressas para Nova York, para tratar de negócios. A volta, conforme sua secretária, estava prevista somente para hoje à noite. Mas Saigh emendou uma reunião na outra para ter tempo de embarcar de volta para São Paulo na sexta-feira à noite. No sábado pela manhã, já havia desembarcado em Cumbica, Guarulhos.

Seguiu para casa onde teve tempo de participar da festa de aniversário da filha, de onze anos. "É uma correria só, mas no domingo pela manhã, na primeira hora estarei lá na Escola Britânica, para votar." Ele, entretanto, digitou o número 13 apenas para a candidata à prefeitura. Seu voto para vereador foi para o PSDB, mais precisamente para a candidata Mara Gabrilli, defensora da acessibilidade para deficientes físicos. "Acredito que vereador tem que ser meio 'temático'." Valor Econômico


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