Dois meses após a sanção da lei que estabelece o piso nacional para professores da rede pública, docentes de pelo menos 11 estados resolveram paralisar ontem suas atividades em mobilização pela implementação da nova legislação. A lei que estabelece o piso de R$ 950 para a categoria vem sendo questionada por alguns estados como São paulo e Minas Gerais, governados por tucanos, que alegam não ter dinheiro para arcar com os custos.
"Essa mobilização acontece, principalmente, por conta da campanha de alguns governadores contra a implementação do piso, com alegações incabíveis, dizendo que os estados irão à falência (com o pagamento dos salários), o que não é verdade", defende Roberto Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (Cnte). Segundo ele, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais são os principais estados "contra" a lei do piso.
O movimento organizado pela Cnte prevê atos públicos, passeatas e manifestações em todo o País. O texto da lei estabelece que o novo piso seja implantado gradualmente a partir de janeiro de 2009. O principal questionamento dos estados é com relação a um artigo que aumenta de 20% para 33% a carga horária de atividades extraclasse dos professores, o que exigirá a contratação de novos profissionais para atuar em sala.
Oposição
Segundo Leão, essa é uma posição política para "manter uma educação barata para a população pobre". "Os estados tiveram 11 meses para se manifestar, o piso foi amplamente debatido no Brasil inteiro. Agora eles (governadores) baixaram um pouco o discurso por causa do período eleitoral, mas nós estamos pressionando também os prefeitos para que assumam o compromisso de estar ao nosso lado no cumprimento da lei", diz.
Leão afirma que há um "receio real" entre os professores de que a lei não saia do papel. "Há uma expectativa porque a reação contra veio de três grande estados. O receio é de que uma coisa que foi conquistada com tanto sacrifício exija ainda mais sacrifício para ser concretizada. Mas estamos dispostos a lutar por isso", frisa. O questionamento a respeito da lei que estabelece o piso nacional de R$ 950 para professores da rede pública não é uma posição exclusiva de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, mas de todos os estados, segundo a secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Mariza Abreu. De acordo com Leão, presidente da Cnte, os governadores desses três estados estariam liderando uma campanha "contra a lei".
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