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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Quase dois milhões de carteiras assinadas


A sucessão de bons desempenhos deixou o Brasil muito perto de romper o saldo de 2 milhões de empregos formais em um ano. Nos últimos 12 meses, a diferença entre contratados e demitidos é positiva em 1,95 milhão de postos de trabalho. E o ritmo continua forte. O saldo entre janeiro e julho deste ano, de 1.564.606 empregos, já é o novo recorde para o período. O acumulado é 28% superior ao dos sete primeiros meses de 2007 e 26,5% maior que o recorde anterior, de 2004.

Tão importante é a constatação de que as contratações superam as demissões em todos os estados e setores da economia. “Há um crescimento generalizado, que tende a continuar forte pela recuperação do poder de compra. A economia está indo bem, o emprego cresce em todos os estados e todos os setores e a inflação já está em queda. Tenho certeza que bateremos a marca de dois milhões de pessoas com carteira assinada em 2008”, festejou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ao divulgar os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Mesmo sem repetir o resultado histórico de junho, quando a diferença entre admitidos e demitidos foi de 309,4 mil empregados, o saldo de 203,2 mil postos em julho foi recorde para o mês no país, em nove unidades da Federação e ainda em duas regiões (Nordeste e Sul). A geração de vagas na construção civil (35 mil) e na administração pública (6,5 mil) são igualmente recordes para os setores no mês. Agricultura, serviços e indústria tiveram em julho o segundo melhor desempenho da série histórica, atrás apenas de 2004.

Em números absolutos, o setor de serviços, com saldo de 490,1 mil empregos no acumulado do ano, foi o maior gerador de postos de trabalho, seguido da indústria de transformação (355,3 mil), agricultura (271,9 mil), construção civil (232,2 mil), comércio (157,4 mil), administração pública (39,2 mil) e extrativa mineral (9,8 mil).

O maior dinamismo, porém, continua com a construção, onde o crescimento sobre julho do ano passado foi de 85,6%, índice que deixa o setor na liderança por 14 meses consecutivos. Nos sete meses desde janeiro a expansão foi de 100%. “Os financiamentos para a casa própria continuam aquecidos e já vemos reflexos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, arriscou o ministro Carlos Lupi.

Ainda que não conheça as estatísticas, Adriano Barbosa Sales concorda que o momento é favorável a quem procura emprego. Desde 2003 ele trabalhava como guardador de carros na 408 Sul, o que o fez conhecido dos lojistas da quadra. Depois do “bico” como vigia noturno da reforma de uma das lojas, conquistou a confiança e uma indicação para um emprego formal.

“Tem quatro meses que estou contratado. O dinheiro que eu ganhava vigiando carro era bom, mas nunca dava porque gastava tudo no mesmo dia. Agora pego o dinheiro todo de uma vez e ainda tenho férias, 13º e fundo de garantia (FGTS)”, afirma Sales, novo manobrista com carteira assinada. A festa é dupla, porque a mais velha das quatro filhas também conseguiu emprego, em uma loja de roupas. Com renda garantida, o ex-guardador de carros já faz planos para as economias. “Só conheço o mar pela televisão e jornal, quero ver se passo pelo menos uns três dias no Rio de Janeiro”, conta.

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