Uma informação divulgada ontem pelo Senado reforça ainda mais o vínculo entre o primeiro-secretário, senador Efraim Morais (DEM-PB), e Eduardo Bonifácio Ferreira, acusado pelo Ministério Público Federal de negociar com donos de empresas de terceirização o resultado de licitações milionárias na Casa. Ferreira foi nomeado em 30 julho de 2003 para um cargo de confiança na Liderança da Minoria do Senado. O líder dessa bancada na época era o próprio Efraim Morais.
Ontem, o Correio revelou que o serviço de inteligência da Polícia Federal flagrou Ferreira abrindo o gabinete de Efraim em 29 de junho de 2006, com uma chave retirada do bolso um ano depois de ser exonerado da Liderança da Minoria. Ou seja, naquela época, ele não ocupava nenhuma função no Senado, muito menos no gabinete do parlamentar.
A PF vai além: chegou a suspeitar que Ferreira tivesse uma sala própria por causa das rotineiras visitas feitas ao Senado naquele ano. Segundo monitoramento da polícia, Paulo Duarte, gerente da empresa Ipanema, telefonema de dentro do Senado a Ferreira e perguntado se ele está na “sala”. A resposta foi positiva.
O flagrante dele abrindo a porta do gabinete de Efraim, cujo relatório do episódio faz parte do inquérito da Operação Mão-de-Obra, ocorreu logo depois da vitória das empresas Conservo e Ipanema nas licitações do Senado. Ferreira aparece em conversas telefônicas e em ao menos oito reuniões com os representantes dessas empresas durante o andamento dos processos da licitação destinada a terceirizar os serviços.
De acordo com a investigação, Ferreira atuou como intermediário para que a Conservo e a Ipanema ganhassem as concorrências. A Brasília Informática, outra que participaria do esquema, teria recebido uma compensação financeira para ficar de fora dos contratos.
A PF monitorou três desses encontros entre Eduardo Ferreira e os representantes das empresas. Em uma conversa por telefone, o ex-assessor de Efraim teria ameaçado levar à “autoridade” uma suposta briga que estaria ocorrendo entre os empresários. E se isso ocorresse, segundo Ferreira, “todo mundo estaria fora”.
Na segunda-feira, a Secretaria de Comunicação Social havia informado que Ferreira foi nomeado para trabalhar no Senado em julho de 2004, quando Efraim já havia passado a Liderança da Minoria para o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). No fim da tarde de ontem, porém, o secretário de Comunicação Social, Helival Rios, informou que, na verdade, o suposto lobista foi nomeado em 30 de julho de 2003, quando Efraim era o líder.
Prorrogação
Desde 2006, o senador paraibano nega o vínculo com o acusado de ser o intermediário das empresas. Primeiro-secretário do Senado, Efraim é o responsável por esses contratos sob suspeita. Apesar de uma denúncia feita pelo MPF em março deste ano apontado irregularidades no certame, o senador prorrogou sem licitação esses contratos até 2009. Juntos, os serviços somam R$ 35 milhões.
Ontem, Efraim manteve a tática do silêncio. Ele passou o dia no Uruguai, onde participou de encontro do Parlamento do Mercosul. A expectativa é de que ele possa falar hoje em plenário. Em 6 de agosto passado, o primeiro-secretário subiu na tribuna para negar qualquer envolvimento nas fraudes. Aos colegas, Efraim disse que não surgiria “nenhum fragmento de informação” em relação a ele.
No domingo, o Correio publicou um diálogo de 26 de abril de 2006 em que o dono da Ipanema, José Araújo, diz a Paulo Duarte, gerente da empresa, que vai a João Pessoa solucionar os problemas surgidos nas licitações do Senado. O senador também não comentou esse assunto
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