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segunda-feira, 9 de junho de 2008

Gravação detona escândalo sem precedentes no governo tucano gaúcho


A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), reúne hoje o seu Conselho Político para analisar formas de debelar a maior crise de sua gestão, detonada na sexta-feira pelo vice-governador Paulo Feijó (DEM), que divulgou a gravação de uma conversa com o chefe da Casa Civil, Cezar Busatto (PPS). No encontro, Busatto não sabia que estava sendo gravado e falou sobre como partidos aliados, principalmente PP e PMDB, financiam campanhas por meio de autarquias e estatais como o Detran e o Banrisul, respectivamente. No principal trecho, reproduzido abaixo, Busatto diz que isso seria conseqüência das concessões que o PSDB, partido pequeno no Estado, tem de fazer às siglas maiores para governar.

Como conseqüência do vendaval político, Busatto pediu demissão ainda no sábado. Também caíram o secretário-geral de governo, Délcio Martini (PSDB), e o chefe da representação do Estado em Brasília, Marcelo Cavalcante. Os dois já balançavam, por serem citados em conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal que municiam a CPI do Detran.

Instalada na Assembléia gaúcha, a investigação atingiu principalmente o PP, mas também constrange o governo. Busatto e Martini eram dois dos principais secretários de Yeda, ao lado do ex-titular da pasta do Planejamento, Ariosto Culau, que também caiu recentemente, ao ser flagrado bebendo chope com um empresário tucano que é um dos pivôs das irregularidades no Detran. Hoje Martini e Busatto devem depor na CPI do Detran.

Após a divulgação da conversa, o PP pediu a cabeça de Busatto, ameaçando deixar a base do governo. O PMDB, em uma nota do senador Pedro Simon, anunciou que irá interpelar judicialmente Busatto e Feijó. De Feijó, o partido quer saber "por quem, quando e quanto foi recebido em nome do PMDB, e quem do Banrisul pagou".

Busatto partiu para o ataque. "Estou me sentindo vítima de uma traição, tocaia, uma armadilha safada. O vice-governador é um mau-caráter", afirmou ainda na sexta-feira, sobre a gravação sem o seu conhecimento. Busatto disse ainda que, quando citou o financiamento dos partidos, não se referia a desvios em empresas públicas, e sim às contribuições que os detentores de CCs fazem aos seus partidos.

Yeda também atacou Feijó, com quem mantém desavenças inconciliáveis desde a campanha. Durante o governo, o maior alvo do vice tem sido o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, ligado ao PMDB. "Quero manifestar a minha indignação com o comportamento do vice-governador", disse Yeda, para quem Feijó armou "um teatro". A governadora, que no sábado convocou uma rede de rádio e TV, também adotou a tática de se referir a contribuições de CCs quando questionada sobre a forma como as estatais servem aos partidos.

Com a crise no auge, a bancada do PT na Assembléia já fala até em um possível impeachment de Yeda. "Existem justificativas muito fortes se pedir o impedimento da governadora", sustentou a deputada petista Stela Farias. Ainda na sexta à noite, um grupo de estudantes promoveu manifestações contra Yeda na Assembléia e na frente do Palácio Piratini.

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