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sábado, 28 de junho de 2008

Chapa transgênica PTucana em BH: falta combinar com o povo

Em pesquisa de intenção de votos para prefeito de Belo Horizonte, do instituto SENSUS, no dia 13 de junho passado, mostra que, caso não houvesse a aliança PT-PSDB patrocinada pelo governador tucano Aécio Neves e o atual prefeito petista Fernando Pimentel, o candidato dos dois caciques, Márcio de Lacerda, ficaria em quinto lugar.

A pesquisa, provavelmente encomendada por petistas insatisfeitos com a aliança, incluiu como candidato a prefeito o nome de Roberto Carvalho (PT), vice da chapa tucano-petista.

Pesquisa para primeiro turno:

Roberto Carvalho (PT): 11,7%
Jô Moraes (PCdoB): 9,3%
Leonardo Quintão (PMDB): 8,4%
Ronaldo Vasconcellos(PV): 7,5%
Márcio de Lacerda (PSB-PT-PSDB): 5,4%
Sérgio Miranda (PDT): 4,1%
Lincoln Portela (PR): 3,8%

Poderia se dizer que Márcio de Lacerda ainda é desconhecido. Mas a pesquisa de segundo turno mostra que não é bem assim, pois em segundo turno sua participação seria expressiva, conforme as simulações:

Roberto Carvalho 24,3% X Lacerda 16,2%

Lacerda 29,3% X Jô Moraes 19,3%

Lacerda teria 19,3% X Ronaldo Vasconcellos 17,1%

Os baixos índices no segundo turno indicam que ainda há muitos eleitores sem candidato.

Infelizmente a pesquisa não mostra simulações com o quadro real, sem um petista concorrendo.

Mas os números nos levam às conclusões:

- Esta eleição tornou-se uma aposta no tudo ou nada para o grupo de Fernando Pimentel. Se Márcio de Lacerda perder a eleição, Pimentel será o grande derrotado, pois tinha todas as condições de fazer o sucessor com candidato próprio, e terá apostado no candidato errado.

- Eleições que vão para o tudo ou nada, como neste caso, tornam-se temerosas, porque corre o risco de entrar no jogo de perdido por 1 perdido por 1000, arriscando-se pelos caminhos do mensalão tucano, tradicional em Minas desde a campanha de Eduardo Azeredo.
Vários elementos da base de apoio à Márcio de Lacerda tem um histórico temeroso de financiamento ilegal de campanha via Marcos Valério, e ainda contam com a máquina pública estadual e municipal. Se vencer recorrendo ao poder econômico do caixa-2, corre o risco de não levar, por impugnação no TRE, protagonizando mais um escândalo anunciado.

Aécio deve sair inteiro se tal escândalo acontecer, mesmo que os tucanos sejam os principais artífices nos bastidores do escândalo, porque a aliança com o PSDB será informal e Aécio dirá que não tem nada a ver com isso, já que sequer fará parte dos fundos oficiais de campanha de Lacerda. A conta do escândalo irá para Pimentel (mesmo que tudo seja feito sem sua participação), com ampla exploração pelo PIG nacional, para atingir toda a sucessão de Lula em 2010.

- Aécio é a grande raposa política vencedora da eleição, antes mesmo dela começar e independente do resultado. Não tinha um candidato natural forte. Ao coligar-se com a oposição petista, a silenciou em críticas a seu governo, que surgiriam na campanha, e desgastariam sua pretendida candidatura presidencial em 2010.

Se Márcio de Lacerda perder, Aécio se exime de culpa, pois a derrota recairá sobre Pimentel que não terá conseguido arregimentar o voto petista.

Nem entre os tucanos, Aécio sofrerá desgastes se perder, pois, por falta de candidato forte, a derrota tucana já era anunciada, e PT-PSB comanda a prefeitura há 16 anos.

Se ganhar, Aécio se coroará de vez imperador de Minas Gerais, ao tirar a prefeitura de BH das mãos de uma oposição (ainda que light), para emplacar um ex-secretário seu, de sua inteira confiança, apesar do acordo, provavelmente, prever conservar o grupo de Pimentel na administração municipal.

Aécio está tão confortável nesta aliança, que aceitou exclusão oficial dos tucanos da aliança – imposta pela Executiva Nacional do PT. O apoio do PSDB terá que ser informal. Em circunstâncias normais, tal veto deveria ser suficiente para romper a aliança.

Aécio só tem a ganhar, aconteça o que acontecer. Pimentel e seu grupo tem pouco a ganhar, se ganhar, e muito a perder. Ficou com todos os riscos, e são maiores do que seria arriscar uma candidatura separada de Aécio.

Alianças do PT com PSB podem ser boas, como foi quando Célio de Castro foi prefeito. O problema é que Lacerda não é um quadro político histórico do PSB como era Célio de Castro. Lacerda entra na coligação como um ex-secretariado do gabinete de Aécio Neves, que filiou-se no ano passado ao PSB, apenas para desenhar essa coligação. Se o PSB fosse um partido fisiológico, diriam que está sendo usado como legenda de aluguel para Aécio.

- A eleição está em aberto. Pelo menos 3 outros candidatos, que estão em empate técnico, tem chances. Jô Moraes (PCdoB) sai melhor posicionada porque é candidata natural a receber votos dissidentes de petistas. O difícil será enfrentar todas as forças num segundo turno: o poder econômico, a máquina estadual e a municipal. Mas em eleições nada é impossível.

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