Auditores da KPMG Fides Peat, na Suíça, que trabalharam para a comissão bancária federal, descobriram documentos que detalham o envio ilegal de cerca de 20 milhões - algo em torno de US$ 31 milhões - para a Alstom. O dinheiro foi enviado para empresas fantasmas e contas em bancos na Suíça e em Liechtenstein. O destino final seria servidores públicos que negociaram com funcionários da empresa francesa no Brasil, Venezuela, Cingapura e Indonésia.
Acredita-se que o montante dos contratos obtidos mediante o suborno somava pelo menos US$ 200 milhões e que as comissões eram de, no mínimo, 15%. Entre os contratos conquistados estaria o de uma usina hidrelétrica no Brasil, que foi concluída em 2001, além de outros na Venezuela, Cingapura e Indonésia. Nesse valor total está incluído pelo menos um com o Metrô de São Paulo. Alguns dos projetos, incluindo o metrô, tiveram parte do financiamento bancado pelo Banco Mundial. Esse esquema teria funcionado entre 1995 e 2003. Até 1997, o pagamento de remuneração a servidores era legal na França.
Na lista de suspeitos que movimentaram as contas fantasmas estão quatro empresários de São Paulo, um contador em Paris e um banqueiro suíço de Zurique. Pelo menos nove pastas com inúmeros documentos estavam escondidas na casa de uma secretária desse banqueiro suíço e acabaram apreendidas em janeiro de 2004. Essa secretária estava de licença-maternidade.
As Justiças suíça e francesa tentam descobrir a identidade de um intermediário no Brasil identificado como Cláudio Mendes. Ele teria sido o principal canal para os supostos pagamentos de propina no País. De acordo com o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) da Suíça, para ganhar contratos com o governo paulista, o suborno teria como destino o “partido no poder” em São Paulo em 1997 - o PSDB -, o Tribunal de Contas e a Secretaria de Estado de Energia.
No dia 30 de maio, o Estado revelou que seis empresas offshores teriam sido utilizadas para repassar propinas a políticos paulistas, segundo investigações. Os pagamentos somam pelo menos R$ 13,5 milhões. Offshore é uma empresa constituída em paraísos fiscais, onde goza de privilégios tributários e proteção por regras de sigilo que dificultam as apurações.
A que recebeu mais depósitos é a MCA Uruguay, de Romeu Pinto Jr., com movimentação de R$ 8,7 milhões. Pinto Jr. disse que sempre trabalhou com empresas de consultoria e trouxe muitos negócios para o Brasil. “Isso é guerra de gente grande. Sempre cumpri meu serviço e só depois de 12 anos isso começa a incomodar?”
Também integrariam o esquema a Taltos Ltda., sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, administrada por José Geraldo Villas Boas. A Taltos teria recebido depósitos da Alstom equivalentes a R$ 3 milhões. Ao jornal Wall Street Journal, Villas Boas disse que criou a Taltos para receber comissões de seu trabalho em vários projetos e muitos contratos eram “ficções” para realizar um pagamento.
Foram identificadas a Splendore y Associados, com escritório fantasma em São Paulo, e a Andros Management, sediada nas Bahamas, ambas administradas por franco-brasileiros. A Splendore seria de Jean Marie Lannelongue. O esquema envolvia ainda as offshores Janus Holding e Compania de Asesores de Energia S.A.
Comissões também teriam sido pagas à Acqua Lux Engenharia e Empreendimentos, sediada em Monteiro Lobato, interior paulista. “Sempre atuei no Brasil, e no Brasil recebi o pagamento dos serviços que efetivamente prestei, como será comprovado”, disse Sabino Indelicato, dono da construtora . Com informações do jornal estadão
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