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quarta-feira, 2 de abril de 2008

O Plano "B" de Aécio Neves aponta para um 3o. mandato de Lula

A coisa mais importante do momento para as transformações na vida do brasileiro é votar bem nas eleições de 2008, escolhendo prefeitos e vereadores alinhados com as políticas sociais e econômicas do governo Lula, e que não vão desviar verbas federais nas prefeituras. Só assim a qualidade de vida dos brasileiros melhora na saúde, educação, segurança, moradia, etc.

Mas às vezes é impossível deixar de fazer análises sobre 2010, porque a oposição e o PIG só pensam em 2010. E sempre escondem que há entre os próprios tucanos, gente vendo vantagens em um terceiro mandato de Lula.

A política mineira muitas vezes transcende partidos e a lógica aparente.É recheada de sinais codificados, cujos códigos só as velhas e novas raposas políticas entendem.

Há momentos históricos em que isso é bom para o povo, pois concilia forças opostas em torno de um projeto nacional maior (foi assim quando Magalhães Pinto e Aureliano Chaves apoiaram Tancredo Neves à sucessão da ditadura).
E há momentos em que isso é ruim, pois visa a interesses eleitorais de caciques políticos, deixando o povo à margem de anseios de transformação para uma vida melhor.

Dentro da lógica dos políticos mineiros, um bom acordo é aquele onde cada lado acha que está "passando a perna" no outro, deixando o outro lado satisfeito, pensando que está conseguindo o contrário.
Em geral os dois lados sabem que o outro pensa assim, mas cada um dissimula "humildade", se fazendo de "enganado", no fundo acreditando que está sendo o mais astuto.

Esse contexto explica a aliança Aécio e Fernando Pimentel em Belo Horizonte.

Se Aécio lança um candidato contra o PT e sofre uma derrota ele sai enfraquecido das eleições de 2008 para 2010.

Se Pimentel lança um candidato contra Aécio e sofre uma derrota, ele se enfraquece na pretensão a governar o Estado em 2010.

Aécio ainda tem outro bom motivo para não querer um campo de batalha pela prefeitura de BH em 2008: tal campanha, dividida e aguerrida, traria de volta tudo o que a imprensa mineira esconde: as ligações dos secretários e ex-vice de Aécio com Marcos Valério, as contas de publicidade do governo de Minas, os pagamentos de Marcos Valério a tucanos ilustres como Pimenta da Veiga, Eduardo Azeredo e tantos outros.

Assim, os dois acreditam ser melhor fazer um jogo de compadres. Ambos combinam um empate no jogo eleitoral de 2008 para BH, empurrando com a barriga eventuais embates para 2010,
onde ambos esperam chegar mais fortalecidos, e colhendo votos na seara do outro (Pimentel quer herdar a popularidade Aécio, e Aécio parte da popularidade de Lula, via Pimentel). Mesmo sem o apoio explícito de um ao outro em 2010, se não vier muito, qualquer parte que vier é lucro.

A primeira etapa do jogo de Aécio para 2010 é contra Serra, para tomar o contole do PSDB. Interessa ao PT nacional enfraquecer o mais forte, que, hoje, é Serra. Daí o fortalecimento de Aécio ser considerado produtivo pelos caciques petistas.

O PT acha que passa a perna em Aécio, quando pensa nele como um futuro dissidente dentro do PSDB que virá a apoiar um candidato da base governista se for tratorado por Serra.

Aécio acha que passa a perna no PT, quando imagina arrastar para sua candidatura, dissidências da base governista, dentro do PMDB, PSB, e outros.
E mantendo uma política de boa vizinhança com o PT e Lula aos olhos do distinto público, não atrairia para si a rejeição que os demais demo-tucanos atraem no eleitorado de Lula.

Esqueçam Aécio no PMDB como um plano "A". Para isso ele precisaria mudar de partido com um ano de antecedência às eleições, e perderia o último ano de mandato de governador, devido à fidelidade partidária. Seria preciso chegar em 2009 muito forte para se dar a esse luxo, a ponto de controlar totalmente o PSDB para não pedir sua cassação por infidelidade. Vocês acreditam que Serra permitiria isso?

Mas... se Aécio passasse para o PMDB e ganhasse um ministério de peso no governo Lula (como foi Ciro Gomes na época do Real com Itamar Franco), continuaria sendo uma forte liderança, e com uma vitrine nacional, maior até do que no governo de Minas, onde ele já conseguiu toda a visibilidade que poderia conseguir.
Mas os demais governistas, sobretudo o PT, só concordariam em dar essa colher de chá para Aécio, se ele aceitasse ser vice. O PT não teria porque abrir mão de uma candidatura própria, entre ministros fiéis a Lula, para um "cristão novo". Minas mesmo tem um bom nome a oferecer: Patrus Ananias.

A declaração de Tarso Genro enchendo o balão do governador Sérgio Cabral, do PMDB, como "presidenciável", pode ser vista como um bloqueio a Aécio como candidato "governista" no PMDB.

Na prática, Aécio só passa para o PMDB se Lula tivesse um terceiro mandato e Aécio se contentasse em ser vice em 2010 para concorrer à presidência em 2014.

É preciso reparar nos gestos de Aécio. O Plano "A" de Aécio é controlar o PSDB e sair candidato "light" em 2010. É apresentar-se como candidato alternativo à base governista e não de oposição a Lula.

Se Aécio sentir que não consegue desalojar a candidatura de Serra do PSDB, ele pode tornar-se um inusitado e ferrenho defensor do terceiro mandato para Lula, para ele, Aécio, ficar com a vice. É novo ainda e levaria o jogo pela presidência para a prorrogação, em 2014.

Sem conseguir ser candidato em 2010 e sem o terceiro mandato para Lula, Aécio corre o risco de ter que enfrentar Lula em 2014, pondo um ponto final em suas pretensões de chegar à presidência.

Aécio jamais admitirá isso agora, tão cedo. Mas é sintomático que o vice-presidente, também mineiro, José Alencar, com trânsito entre todas as lideranças políticas mineiras, tenha falado em terceiro mandato nesta semana, à revelia do próprio planalto.

E o povo mineiro? Uma relação construtiva do governador com o presidente, nos moldes que Sérgio Cabral faz no Rio de Janeiro, e Requião faz no Paraná, seria bem-vinda. Já uma aliança entre PT-PSDB mineiro que envolva conchavos entre caciques, que acoberte as mazelas do governo Aécio, como o mensalão tucano, em grande parte ocultado até hoje, seria muito ruim, uma premiação às práticas políticas condenáveis.

Isso tudo é especulação, não se sabe até onde pode acontecer de fato. Mas é assim que costuma funcionar a política mineira.

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