Pages

terça-feira, 8 de abril de 2008

Ex- Governador tucano do PPS está envolvido com a quadrilha de importação


A Polícia Federal encontrou indícios do envolvimento do governador de Rondônia, Ivo Cassol (PPS), com uma quadrilha que atuava a partir de Vitória (ES) na importação de carros e motos de luxo subfaturados. Como parte da chamada Operação Titanic, a PF prendeu o filho do governador, Ivo Junior Cassol, o sobrinho, Alessandro Cassol Zabott, e o ex-senador Mario Calixto Filho, dono do maior jornal de Rondônia.

Como Cassol tem direito a foro especial, os indícios recolhidos pela Divisão de Inteligência da Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo foram encaminhados à Procuradoria Geral da República, em Brasília, que estudará se pede ou não nova investigação ao Superior Tribunal de Justiça.

Ao realizar a operação ontem, a PF conseguiu cumprir 21 dos 23 mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal capixaba. Os presos foram acusados de crimes como evasão fiscal, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

Segundo as investigações, os parentes de Cassol teriam recebido favores indevidos ao intermediar junto ao governador e ao seu secretário de Fazenda, José Genaro de Andrade, a manutenção de um regime tributário diferenciado para a empresa TAG Importação e Exportação de Veículos Ltda. Embora pertença a dois conhecidos empresários capixabas - Pedro Scopel e seu filho Adriano Mariano Scopel, também presos ontem -, a empresa foi constituída em Porto Velho e jamais operou por lá.

Graças ao benefício tributário, os empresários ganhavam 85% de crédito no valor dos tributos de produtos importados revendidos para outros Estados. Mesmo que o produto - como os carros e motos de luxo - nem sequer passassem por Rondônia. Além de se beneficiar dessa isenção tributária, os Scopel fraudavam a Receita Federal ao subfaturar a importação de carros e motos, de acordo com os investigadores.

No porto de Paul, na baía de Vitória, que é explorado comercialmente pela Sociedade de Propósito Específico da qual os Scopel detêm 50 %, a TAG contaria com a ajuda de auditores fiscais para facilitar o ingresso dos veículos. Os auditores Max Pimentel de Almeida Marçal e Alberto Oliveira da Silva também estão entre os presos.

Segundo a PF, Adriano Scopel passou a procurar a família Cassol em outubro do ano passado, quando o governo de Rondônia suspendeu o benefício fiscal. O diretor operacional da TAG, Aguilar de Jesus Bourguignon - outro detido - foi falar com o secretário de Fazenda.

Logo depois iniciaram-se conversas com Ivo Junior e também com o ex-senador Calixto Filho. Este se reuniu com Adriano e prometeu interceder junto ao secretário de Fazenda. A partir desta conversa, segundo os investigadores federais, o ex-senador teria recebido R$ 197 mil dos Scopel.

Apesar de receber o dinheiro, Calixto Filho não fez nada em favor da TAG. Isto foi descoberto quando o secretário de Fazenda reclamou a representantes da empresa por não ter recebido parte do dinheiro, segundo indicam escutas telefônicas. Adriano passou então a cobrar do ex-senador a devolução dos recursos.

As primeiras conversas com Ivo Junior resultaram em um pedido por parte deste de ingressos para os treinos e a corrida de Fórmula 1 em São Paulo. Os donos da TAG, segundo a PF, gastaram R$ 29 mil com os ingressos e demais despesas do filho, do sobrinho do governador e de um amigo dos dois, todos fotografados por agentes federais em Interlagos em outubro passado. Mas isso também não resultou na reversão da decisão do governo de Rondônia. Novas conversas com Ivo Junior ocorreram em janeiro. Ele prometeu levar o pai a um jantar com Adriano. Na noite de 21 de janeiro, no restaurante Gero, de Ipanema, no Rio, quem apareceu foi o filho do governador, sem o pai.

O governador só foi se encontrar com Scopel no dia seguinte, em um café da manhã que começou por volta de meio dia, no hotel Sheraton da Barra da Tijuca, também no Rio. Cassol sentou-se à mesa ao meio dia e meia, sem notar que estava sendo fotografado por agentes do setor de inteligência da Polícia Federal, que já haviam filmado o jantar da véspera. Naquele mesmo dia o regime de tributação diferenciado foi refeito e a TAG pôde voltar a liberar seus carros importados pelo porto de Vitória.

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração