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domingo, 13 de abril de 2008

Contrários ao bolsa família são remanescentes da escravidão, diz Patrus Ananinas


O ministro Patrus Ananias concedeu entrevista ao jornal carioca "O Dia" neste domingo.

Ele explicou os novos rumos do programa. O alcance aos estudantes de 16 e 17 anos é para incentivar a concluírem o Ensino Fundamental, e direcionar o caminho destes jovens para o bem em um momento decisivo da vida. O fato do bolsa-família ser pago à mãe fortalece a autoridade sobre os filhos e os laços familiares.

O ministério, à medida que o combate a fome é vencida, dirige seus esforços à emancipação da família (as ditas portas de saída do bolsa familia). Hoje prioriza a capacitação profissional para empregarem-se em obras do PAC.
O próximo passo é reforçar apoio ao cooperativismo, formação de micro e pequenos empresários.

Segue a entrevista:

—Como avalia as críticas de que o Bolsa Família é populista e eleitoreiro?
—Tem aqueles que questionam porque não estão bem informados e tem aqueles que são rigorosamente contra o programa. Estes eu considero remanescentes da escravidão. Se dependesse destes, teríamos escravos no Brasil até hoje. Tem gente que quer a escravidão. São pessoas que não gostam do Brasil. Pessoas que não gostam do povo brasileiro, dos negros e dos índios e que têm preconceito contra nossas origens portuguesas.


—Qual o impacto do programa?
—Estamos formando um mercado interno de consumo popular. As pessoas estão comprando comida, medicamento, roupa, material escolar, melhorando suas casas e, agora, comprando eletrodomésticos como geladeira, fogão e liquidificador. Estamos colocando a questão dos pobres no campo dos direitos, das políticas de Estado, superando o tempo da filantropia, do clientelismo, do assistencialismo e do ‘quem indica’. As pessoas entram e saem dos programas segundo critérios juridicamente firmados. Os resultados estão aí: entre 2003 e 2006, 14 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema para melhores condições de vida.

—A fome acabou?

—O que temos ainda são bolsões de fome. Mas estamos efetivamente erradicando a fome no Brasil. Nossos programas visam também a erradicar a pobreza e nosso horizonte maior é construir uma sociedade democrática, mas que assegure a todas as pessoas um patamar comum de direitos e oportunidades.

—Por que levar o Bolsa Família a adolescentes de 16 e 17 anos?
—Possibilitamos que os jovens pobres tenham um tempo maior para concluir o Ensino Fundamental. É um momento decisivo na vida deles, porque é quando grande parte da juventude decide se vai para o caminho do bem ou para o caminho do crime. Esses jovens recebem uma bolsa de R$ 30 que é paga à mãe, para fortalecer a autoridade e os laços familiares.

— Os fraudadores do auxílio-educação da Alerj usavam listas do Bolsa Família para chegar a pessoas pobres e transformá-las em vítimas do golpe. A fiscalização municipal não aumenta a chance de fraude?
—Nosso ministério atende aproximadamente 45 milhões de pessoas só no Bolsa Família. Então, um casinho aqui, outro ali, aparece. Mas são isolados e pontuais. Estamos buscando uma ação maior com as prefeituras, mas temos outros mecanismos de controle. Fizemos convênio com os Ministérios Públicos. Estamos trabalhando de forma integrada com a Controladoria-Geral da União (CGU) e com os Tribunais de Contas. Os prefeitos foram eleitos. Todos somos servidores do povo. Temos de somar esforços. Vão dizer: “Ah, mas o prefeito pode ser corrupto!”. Aí é com a Polícia Federal.

—Agora, quais são os próximos alvos do ministério?
—Vamos dar prioridade a políticas de capacitação profissional, de geração de trabalho, emprego, renda, visando à emancipação das famílias que estamos atendendo. Vamos ainda desenvolver programas de apoio ao cooperativismo, formação de micro e pequenos empresários. Concretamente estamos priorizando a capacitação de pessoas do Bolsa Família para oportunidades que estão surgindo com o PAC.

—A educação não resolve?
—Discordo das pessoas que dizem que a educação resolve tudo. Uma criança na escola não vai aprender se não tiver saúde, se não tiver assegurado o direito à alimentação, ao saneamento básico e à moradia. A capacitação profissional é fundamental porque é uma demanda do País. Mas a capacitação tem de ser num sentido amplo. Temos um grande número de indigentes. Não adianta dizer que tem que dar emprego a essas pessoas. É forçoso reconhecer que estamos trabalhando para o futuro, para quebrar o círculo vicioso da pobreza no Brasil.

—O senhor descarta ser candidato à Presidência?
—Não é questão de descartar, mas de não considerar. O presidente tem três anos de mandato ainda. Vamos deixar o homem trabalhar. Quando estou numa função, me entrego por inteiro, não fico pensando na próxima.

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