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terça-feira, 1 de abril de 2008

Abin: existem dossiês falsos


Quer dizer então, que os tucanos demos, estão fazendo dossiês falsos para a imprensa divulgar? É isso que indica essa matéria do Correio Braziliense de Hoje.Além do que já foi vazado, a área de inteligência do governo suspeita que pode haver pelo menos mais dois lotes de documentos relacionados às despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em circulação. A diferença dos dados divulgados e até mesmo das fontes tipográficas usadas nos papéis publicados pela imprensa, nas últimas duas semanas, levaram a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a acreditar que o dossiê que ja apareceu pode não ser único. Funcionários do Palácio do Planalto responsáveis pelo levantamento com os gastos da Presidência no governo passado não reconheceram alguns documentos que vieram a público, o que aumentou as suspeitas. “Não se sabe se são os mesmos documentos, coletados de formas diferentes, ou outros que estão aparecendo”, afirmou um agente da Abin, informando que o assunto é tratado, por enquanto, como uma suspeita, mas requer cuidado. “Ao que parece, nem tudo que apareceu foi de uma só fonte”, explicou o funcionário da área de inteligência, ressaltando que o tema está passando por análise.

A comissão, formada pelo corregedor da União na Área Social, Waldir João Ferreira da Silva Junior; pelo corregedor da Advocacia-Geral da União (AGU), Edimar Fernandes de Oliveira e o servidor da Casa Civil, Carlos Humberto de Oliveira, começou a trabalhar na semana passada, mas o Palácio do Planalto não informa o andamento das investigações.

Na semana passada, quando a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que havia um banco de dados, os servidores do Palácio do Planalto já sabiam que os documentos publicados pela imprensa eram diferentes. “Eles não foram capazes de atestar que tudo era só de uma base de dados”, afirmou uma fonte do Planalto, ressaltando que alguns extratos, misturados a outros documentos, faziam parte do acervo montado pela Casa Civil. “Mas nem todos que tiveram contatos com os documentos reconheceram parte do que saiu na imprensa”, observou a fonte.

Os agentes de inteligência estão analisando qual a origem de todos os documentos. Oficialmente, a Casa Civil informou que os papéis estavam armazenados no computador de uma servidora ligada à secretária-executiva da pasta, Erenice Guerra. Porém, apesar disso, foram encontrados alguns deles escritos à mão, como se fossem confeccionados às pressas. “É preciso saber de onde surgiram os documentos e qual é o interesse em divulgá-los”, observou o agente. Um deles, por exemplo, era relacionado à compra de bebida alcoólica pela Presidência.

Desconfiança de arapongas

O que levou a inteligência do governo a suspeitar da existência de outros dossiês:

Tipologia
Na comparação entre dois documentos vazados, a fonte (letra) do computador usada para descrever as despesas do ex-presidente eram diferentes, supondo tratar-se de origens diferentes

Grafias
Alguns papéis estavam escritos de caneta, em letra de forma. Esse tipo de documento, segundo desconfia a inteligência federal, teria sido produzido fora do banco de dados montado pela Casa Civil

Diferença
Os documentos publicados pela imprensa nas duas últimas semanas pertenciam a lotes diferentes e alguns não estavam no banco de dados da Casa Civil

Desconhecimento
Os funcionários da Casa Civil que tinham acesso ao banco de dados ou que tiveram contatos com os documentos não reconheceram diversos deles, publicados na mídia

Identificação
A falta de identificação na maior parte dos documentos mostra que o vazamento pode ter sido feito por vários meios, inclusive políticos. A inteligência quer saber a quem interessava o vazamento

Nomes
Há documentos com nomes de pessoas que, na época das despesas, trabalhavam em outros setores da Presidência da República, como servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)

Edson Luiz - Correio Braziliense

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