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sexta-feira, 28 de março de 2008

Lula em paz com a classe média

Aprovação do Presidente Lula nunca esteve tão positiva, de acordo com a pesquisa CNI-Ibope. O bom desempenho da economia levou as faixas de maior escolaridade e renda a aprovarem o governo

A expectativa de elevação da renda e de aumento do nível de emprego, entre outros indicadores positivos, elevou a aprovação do governo Lula ao seu maior patamar e conquistou o apoio da classe média à forma de o Presidente Lula governar. A avaliação de Lula nunca foi tão positiva: 58% de ótimo e bom em março, um crescimento de 7% em relação a dezembro do ano passado, logo após a reeleição. O percentual dos que consideram o governo ruim e péssimo despencou de 17% para 11%, segunda pesquisa CNI-Ibope divulgada ontem, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 23 de março de 2008, em 141 municípios. Foram entrevistadas 2002 pessoas, eleitores com 16 anos ou mais. A margem de erro da amostra é de 2%, com grau de confiança de 95%.

O modelo de governar do Presidente Lula acompanha a tendência, com 73% de aprovação, contra 65% em dezembro. Destaca-se na pesquisa a reviravolta na avaliação sobre o desempenho de Lula no segmento dos que recebem mais de 10 salários mínimos, no qual havia um saldo negativo de quatro pontos em dezembro. Agora, o saldo é de 28 pontos. Nesse grupo, 62% o aprovam, contra 34% que não concordam com a maneira de Lula governar. “O bom desempenho da economia gera a expectativa positiva das pessoas em relação ao futuro”, explica o diretor de Relações Institucionais da CNI, Marco Antônio Guarita. Pela primeira vez desde dezembro de 2006, o contingente que acredita que a própria renda vai aumentar (42%) supera o que afirma que a renda não irá se alterar (40%). O impacto da economia no conjunto das avaliações do governo fica ainda mais nítido quando se examina a atuação do governo por áreas específicas. “O movimento que mais chama atenção é o combate ao desemprego: pela primeira vez o índice de aprovação supera o de desaprovação”, assinala Guarita.

Otimismo

O recall de notícias sobre o governo confirma a influência da economia na avaliação do governo, principalmente o aumento do salário mínimo e o crescimento econômico. A maioria dos entrevistados acredita que a renda pessoal vai aumentar nos próximos seis meses, expectativa positiva que somente havia sido registrada em dezembro de 2006, logo após a reeleição de Lula. A avaliação do governo Lula atinge seus patamares mais elevados nas faixas de menor escolaridade e renda e na Região Nordeste, onde as menções de “ótimo” e “bom” atingem a casa de 70% e a avaliação negativa é feita por apenas 5% da população.

Guarita destaca o otimismo da classe média nas capitais. “Os movimentos mais expressivos são identificados nas faixas de maior escolaridade e renda, justamente os que mantêm uma postura mais crítica em relação ao governo, nas capitais e no grupo etário acima de 50 anos”. Entre os que têm curso superior completo, 47% consideram o governo Lula “ótimo” ou “bom”, enquanto 17% o qualificam como “ruim” ou “péssimo”. O saldo da avaliação, que era de 10 pontos percentuais, passa para 30 pontos. Na faixa de renda que recebe mais de 10 salários mínimos por mês, 47% dizem que o governo é “ótimo” ou “bom”, enquanto 16% afirmam que é “ruim” ou “péssimo”.


Cerco aos adversários

A três meses das convenções que escolherão os candidatos a eleições municipais, a pesquisa CNI-Ibope divulgada ontem desenha um cenário no qual as forças que apóiam o Presidente Lula entrarão na disputa em vantagem estratégica. Tanto o governo como o Presidente da República têm índices de aprovação ascendentes. A confiança no Presidente Lula e o otimismo em relação à economia completam o ambiente adverso para a oposição.

Com a devida ressalva de que vivemos em regime de liberdades, é uma correlação de forças que se aproxima daquela das eleições municipais de 1972, no auge do prestígio do presidente Emílio Garrastazu Médici, em pleno “milagre econômico”. A maioria dos prefeitos apoiava o regime e a classe média estava satisfeita com governo militar, favorecida pela expansão da economia. A vitória da antiga Arena foi quase esmagadora.

A situação atual só não é tão dramática para a oposição porque não existe bipartidarismo. O embate com as forças do governo não será tão polarizado nos municípios como se apresenta no plano nacional. Não é à toa, portanto, que o Presidente Lula resolveu nacionalizar a disputa e força a consolidação de alianças entre o PT e o PMDB, principalmente nas capitais, para impor uma dura derrota aos adversários.

Os indicadores ascendentes nas capitais e suas periferias, principalmente com a mudança de posicionamento da classe média em relação ao governo, pavimenta o caminho para que o Partido dos Trabalhadores tente conquistar o maior número de prefeituras, principalmente nas grandes cidades. Vem daí a aproximação do PT com o PMDB em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, dentre outras capitais.


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