Juntos na oposição ao governo Lula em Brasília, DEM e PSDB devem seguir caminhos separados nas principais eleições de 2008, para prefeito, e de 2010, para presidente. O apoio entusiasmado da cúpula tucana à candidatura do deputado Fernando Gabeira a prefeito do Rio, num frente com PV e PP, é apenas mais um golpe, e não o mais forte, na aliança que por oito anos (1995-2003) governou o país.
Identificado nas pesquisas de opinião como o partido "mais à direita" do espectro político, o PSDB aposta em Gabeira no Rio numa tentativa de firmar a imagem de centro-esquerda. Ao Democratas não resta outra opção a não ser tentar se constituir ele mesmo uma opção. Uma alternativa "do centro para a direita" e nesse espectro viabilizar uma candidatura presidencial, segundo diz seu presidente, Rodrigo Maia. Oficialmente, o DEM considera natural a decisão tucana. "É a estratégia deles", disse Maia. Na prática, o aliado nas empreitadas vitoriosas de 1994 e 1998, com a eleição e reeleição de Fernando Henrique Cardoso, atravessam um período de forte turbulência nas relações. O DEM crê que o PSDB não perde oportunidade para lhe passar a rasteiras.
O fim da coligação entre as duas siglas na eleição para prefeito de São Paulo, inevitável desde que o ex-governador Geraldo Alckmin exigiu ser candidato, foi o golpe mais duro na aliança, seguido agora da decisão do PSDB de apoiar Gabeira no Rio. Mas o afastamento é bem maior: os dirigentes Democratas não são capazes de mencionar uma só prefeitura capital em que estejam juntos com o PSDB na eleição.
Na realidade, há dificuldades para a aliança até mesmo em cidades onde tudo indicava uma parceria. Esse é o caso, por exemplo, de Belém do Pará, onde a candidata do Democratas, Valéria Pires Franco, está bem situada nas pesquisas de opinião, bem próxima do atual prefeito. Mas o ex-governador tucano Simão Jatene, que aparece nas últimas posições, deve se lançar candidato. Mas o PSDB também contabiliza "afrontas" Democratas: é o caso do Rio Grande do Sul, onde o vice demista de Yeda Crusius faz oposição ao governo desde algumas semanas após a posse dos dois.
No blog que mantém na internet, o prefeito do Rio, César Maia, foi preciso no diagnóstico do que levou o PSDB a apoiar Gabeira, mas segundo tucanos errou ao atribuir a decisão a uma parcela do partido. Na verdade, todos os cardeais tucanos se manifestaram favoravelmente à aliança e estão empenhadas em convencer o deputado Otávio Leite a desistir da candidatura própria: Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aécio Neves e o presidente do partido, Sérgio Guerra.
Maia atribui a aposta tucana ao PSDB de São Paulo, ligado ao governador José Serra, o mesmo que em 2002 teria levado ao fim da aliança entre PSDB e o então PFL: "A rasteira dada no PFL em 2000 na composição da mesa da Câmara de Deputados foi o primeiro passo", diz o blog do prefeito na internet - refere-se à eleição de Aécio Neves para presidente da Câmara, apesar de um acordo vigente à época segundo a qual o PSDB tinha o presidente, e PMDB e PFL dividiriam as duas Casas do Congresso (Jader Baralho foi eleito para o Senado).
O segundo passo revelado por Maia revela a extensão da crise entre os antigos aliados: "Foi o desmonte da candidatura do PFL a presidente em 2002, com uma operação da PF orquestrada pelo mesmo grupo". A sucessão de eventos culminou com a chapa PSDB (Serra)-PMDB para a Presidência, em 2002, na sucessão da dupla FHC-Marco Maciel.
Até agora César, que é amigo de José Serra, nunca acusara o grupo do governador de São Paulo pela operação da Polícia Federal que apreendeu R$ 1,3 milhão no escritório da atual senadora Roseana Sarney. Em seu livro de memória, o jurista Saulo Ramos, que foi ministro de José Sarney, diz que o dinheiro se destinava ao pagamento de despesas da pré-campanha presidencial de Roseana, que à época deslanchava nas pesquisas.
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