O Presidente Lula afirmou ontem que não tem tempo a perder com CPIs. Lula, que passou o dia em uma maratona de eventos no Espírito Santo, disse deixar para o Legislativo a tarefa de conduzir essa investigação.
“Eu confesso a vocês que não tenho tempo a perder, sabe, com CPI”, disse Lula, após visitar pela manhã o gasoduto Cabiúnas-Vitória, no município de Serra, região metropolitana de Vitória. Em entrevista após o evento, Lula disse ser adepto da tese de que o Congresso tem a tarefa de legislar, investigar e fazer CPIs. Já o governo, segundo ele, “existe para trabalhar”.
Tem gente que passa 24 horas por dia acendendo vela para não dar certo. Apesar daqueles que sempre vão trabalhar contra, e eu não acho ruim, viu, gente. De coração. Não acho ruim que as pessoas sejam contra porque quando a gente é oposição é difícil a gente aceitar que o governo dê certo. Eu fui oposição muito tempo. É uma desgraceira. Você não pode falar bem do governo, mas também não pode falar mal. Então você tem que futucar, tentar procurar alguma coisa, procurar pêlo em ovo - disse o o Presidente, em evento de lançamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no Espírito Santo.
“Enquanto as pessoas discutem lá em Brasília, enquanto as pessoas fazem investigação, fazem CPI, meu papel vai ser viajar pelo Brasil. Porque o que eu quero é que o povo brasileiro possa conquistar, com crescimento e desenvolvimento, a cidadania que há séculos a gente está reivindicando”, destacou.
Lula disse não querer “perder a oportunidade” de aproveitar o “momento bom e extraordinário” que o país vive. Mas ressaltou que o governo irá “fazer tudo o que for possível” para contribuir com a comissão.
Questionado sobre a notícia de que o Planalto estaria elaborando um dossiê com informações sobre gastos do atual governo e da gestão de Fernando Henrique Cardoso,como temm informado a Folha de São Paulo e o Estadão, Lula disse: “Isso não procede. Eu aprendi neste tempo de governo que tem muitas coisas que procedem, e tem coisas que não procedem.”
Entusiasmo
Apesar de não ter comentado diretamente o desempenho positivo do governo na última pesquisa CNT/Sensus, Lula não escondeu o entusiasmo. Após a visita à estação de gás da Petrobras, o Presidente seguiu para um anúncio de obras na região onde aproveitou para mandar um recado. Disse que sua chegada à Presidência é um “sinal de alerta a qualquer cidadão brasileiro” pois, até então, o posto era reservado à elite. E disse que precisou mostrar que “valeu a pena ter brigado para chegar lá”.
“Porque se eu chego à Presidência da República e é um governo totalmente fracassado, como alguns queriam que fosse, nós iríamos levar 100 anos para levantar a cabeça outra vez. Iriam dizer para a gente na escola: pobre não tem que governar nada. Pobre só tem que trabalhar”, afirmou. “É minoritário, mas tem gente nesse país que passa 24 horas por dia acendendo vela para não dar certo. É impressionante.”
Diferentemente de Lula, o governador Paulo Hartung (PMDB) não disfarçou a satisfação com a pesquisa. Em seu discurso, disse que Lula é “uma força da natureza” e que “deu conta do recado” ao assumir o país.
O discurso de Lula terminou por contagiar também a platéia reunida no Palácio Anchieta para o anúncio de investimentos em obras viárias e de saneamento. Ao final, o presidente se lançou no meio dos participantes para receber abraços, como se estivesse em um ato de campanha. Com direito a gritos em favor de um terceiro mandato, o presidente saiu ao som de “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”.
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