O BNDES acaba de lançar um produto pioneiro no mercado de capitais brasileiro. Trata-se de um fundo de private equity voltado para financiar projetos de empresas com potencial de gerar crédito de carbono dentro das normas do Protocolo de Kyoto. O Fundo Brasil de Sustentabilidade (FBS) terá como gestor a Latour Capital do Brasil Ltda, que vai buscar investidores institucionais, no caso, fundos de pensão para serem cotistas do negócio. O patrimônio comprometido do FBS ficará entre R$ 250 milhões a R$ 400 milhões e já conta com participação de R$ 100 milhões do BNDES. O prazo de duração do investimento é de oito anos, prorrogáveis por mais dois.
Otávio Vianna, gerente do Departamento de Investimento em Fundos da área de Mercado de Capitais do BNDES, disse ao Valor que este é o primeiro de uma série inicial de dois fundos ambientais que o banco pretende tocar dentro do Programa BNDES Desenvolvimento Limpo, lançado em junho do ano passado. O primeiro fundo acaba de ser criado e teve o gestor e o regulamento aprovado pela diretoria do banco no dia 19. O segundo, está em fase de enquadramento e em processo de avaliação. O gestor já foi escolhido. A expectativa é que deverá ser submetido a aprovação da direção do BNDES ainda no segundo trimestre.
O presidente do banco, Luciano Coutinho, considera que a iniciativa de se ter um FIP voltado para o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) contribui para conscientizar os investidores sobre a importância da preservação ambiental.
Vianna destacou que o gestor deste tipo de fundo tem que trazer junto com ele pessoas com conhecimento de MDL. No caso da Latour, gestora cujo principal executivo é Alexandre Koch, ex-Merrill Lynch, ela tem a Sustencapital, uma empresa especialista em mercado de carbono que providencia toda a documentação associada ao projeto de MDL da empresa que o FSB vai financiar, como registro e certificação no Clean Development Mechanism (CDM) Executive Board da ONU.
Ter uma empresa que tenha expertise nesta área de crédito de carbono é uma exigência do Comitê de Mercado de Capitais do BNDES que faz a seleção de gestores deste fundos de private equities do banco, avisa Vianna.
Além desta diferença em relação aos gestores dos private equities tradicionais, há outras. A taxa de retorno para os investidores do FIP de crédito de carbono, por exemplo, é de IPCA mais 8% ao ano. Se o fundo der uma rentabilidade acima desta taxa, o gestor tem direito a 20% sobre o que exceder esta rentabilidade. Mas, se o fundo não apresentar rentabilidade em crédito de carbono, se falhar na emissão de crédito de carbono, o gestor sofrerá uma punição: sua taxa de performance será reduzida de 20% para 15% do que exceder o benchmark. Nos projetos de setores que não têm metodologia de crédito de carbono na ONU, cujo risco é elevado, o gestor não terá punição.
O fundo vai focar empresas dos setores de siderurgia, co-geração, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), aterro sanitário e biodigestor, dentre outras para apoiar financeiramente. Estas empresas, explica Vianna, geram energia limpa. E vão gerar duas receitas: a tradicional e a derivada da geração de crédito de carbono. O FSB não faz exigências em relação a futura financiada. Também não haverá exigências em relação a participação dos potenciais investidores.
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