Seu Tônho trabalha na limpeza na câmara de vereadores da cidade dele.
A câmara de vereadores contrata a empresa do irmão do vereador por um valor alto, que contrata Seu Tônho com um salário mínimo.
No dia 13 de dezembro, durante a faxina, ele ouviu os vereadores, uns dos demos, outros tucanos, que controlam a política local, comemorando o fim do "imposto do cheque". Liam jornais dizendo que ia sobrar R$ 190,00 no bolso de cada brasileiro por ano "em média".
Dr. Asmodeu (o nome do presidente da câmara de vereadores), chamou Tônho para colar um adesivo na camisa, escrito "Xô-CPMF".
Seu Tônho, aproveitou e perguntou:
- Com todo respeito Dr. Asmodeu, mas eu tenho uma pergunta pro doutor: como é que eu vou ter que fazer para receber os meus R$ 190,00?
- Tônho, R$ 190,00 é só uma média. Siginifica que você pode ganhar R$ 180,00 e outro pode ganhar R$ 200,00 - respondeu Dr. Asmodeu.
Seu Tônho ficou mais confuso ainda. E perguntou:
- Mas então como é que vou receber meus R$ 180,00?
- Não é assim, Tônho. Antes, em cada cheque que você passava ficava um pouco de dinheiro retido no banco. Então agora quando você passar seus cheques, esse dinheiro vai continuar na sua conta. Imagine que você passe um cheque de R$ 50.000,00. Você vai ganhar R$ 190,00 só nesse cheque. Já pensou que maravilha?
Seu Tônho, então respondeu:
- Mas então eu não vou ganhar nada, porque eu não tenho cheque, nem conta no banco. E R$ 50 mil só no dia que ganhar na loteria.
Dr. Asmodeu começou a ficar irritado, mas precisava agradar seu Tônho, porque a família dele era grande e tinha muitos eleitores.
- Tônho, não precisa ter cheque. O dinheiro que você vai ganhar será nos preços. O presidente da FIESP, Dr. Paulo Skaf, falou que o impacto da CPMF nos preços é 1,7% "em média".
- Obrigado, Dr. Asmodeu, mas 1,7% dá quanto?
- Dr. Asmodeu puxou uma calculadora e disse. Se você gastar R$ 300,00 dá R$ 5,10.
- Agora entendi. A comida que custava R$ 300,00 vai custar só R$ 295,00. Mas Dr. Asmodeu, posso pedir mais um favorzinho? Você tem uma foto desse Dr. Paulo Skaf dessa tal de FIESP, e uma foto sua também para me dar?
- Toma esse montinho de cartão de visita com minha foto. Dá pros amigos, em 2008 estamos aí, conto com seu voto. Ahh! Nesse jornal tem uma foto do Dr. Paulo Skaf. Pode levar.
Seu Tônho foi feliz pra casa fazendo planos para o ano novo. Ele se lembrou do Plano Cruzado, quando ele foi um fiscal do Sarney. A coisa durou até as eleições de 86, mas foram alguns meses de "fartura", ainda que a alegria durou pouco. Então Seu Tônho pensou: até as eleições de outubro de 2008 vai sobrar pelo menos R$ 5,00 todo mês a mais no meu bolso.
Passou o Natal e o Ano Novo. No início do mês Seu Tônho recebeu seu salário mínimo do seu patrão, do irmão do Dr. Asmodeu.
Seu Tônho foi fazer as compras do mês, com a listinha do mês passado que dava R 302,00. Fez as contas tirando R$ 5,00 e levou R$ 297,00.
Mas dessa vez Seu Tônho caprichou na roupa, colou o adesivo Xô-CPMF no bolso da camisa, pregou com um alfinete a foto do Dr. Asmodeu do outro lado, junto com a foto recortada do Dr. Paulo Skaf. E saiu todo orgulhoso conversando com a vizinhança que agora ele era um "FISCAL DO SKAF".
Quando os vizinhos perguntavam o que era aquilo, ele explicava.
Encheu a cesta no mercado com a listinha, que dava os mesmos 302,00 do mês passado. Chegou no caixa, e deu os R$ 297,00. O caixa contou, recontou e avisou que estava faltando R$ 5,00.
Seu Tônho estufou o peito para mostrar o Xô-cpmf, a foto do Paulo Skaf e do Dr. Asmodeu, e disse que o caixa estava errado, porque os R$ 5,00 a menos era pelo fim da CPMF que fazia os preços caírem 1,7%.
O caixa falou que os preços continuavam os mesmos, se variassem seria para cima.
Seu Tônho falou que não era bobo, era um "FISCAL do SKAF", que o próprio Dr. Asmodeu tinha explicado (mostrando a foto no peito), e queria falar com o gerente.
Veio o gerente, ouviu a estória do Seu Tônho, e disse a mesma coisa que o caixa.
Seu Tônho chamou o policial que passava na porta do mercado. Na sua época de fiscal do Sarney, se o mercado não cumprisse o preço, a polícia fazia cumprir.
Achou que estava com sorte, porque o guarda fazia a "segurança" do Dr. Asmodeu.
Explicou pro guarda que era "Fiscal do Skaf" e o mercado não estava baixando o preço que o Dr. Asmodeu tinha falado.
Pelo sim, e pelo não, o dono do mercado (sogro do Dr. Asmodeu), que já presenciava a confusão, pegou o celular e ligou para o Dr. Asmodeu.
O Dr. Asmodeu falou ao celular para o sogro que, caso Seu Tônho criasse mais confusão, era para o guarda prendê-lo.
O dono do mercado falou pro Seu Tônho pagar os R$ 302,00 ou se retirar, senão seria preso.
Seu Tônho tentava explicar:
- Mas... Mas...
O guarda mandou ele calar a boca, já de cassetete em punho.
- Mas... Mas...
O guarda desferiu um golpe de cassetete que abriu um ferimento na cabeça do Seu Tônho.
Seu Tônho então saiu, foi embora, e procurou o posto de saúde.
Chegando lá encontrou a enfermeira Conceição (não havia médico), sempre atenciosa e muito querida na cidade, daquelas que fazia parto quando não tinha médico. Ela deu 2 pontinhos no ferimento do Seu Tônho, mas pediu para ele passar na farmácia (cuja dona era a esposa do Dr. Asmodeu), para comprar gaze porque no posto de saúde estava em falta.
Dona Conceição explicou que a prefeitura tinha comprado uma quantidade enorme de gaze (do mais caro) fazia pouco tempo, mas no posto de saúde nunca chegava, assim como vários outros remédios. E disse que com o fim da CPMF, que era o imposto para a saúde, a tendência seria piorar, se o presidente Lula não consertasse o estrago que os tucanos e demos fizeram.
Seu Tônho disse:
- E eu que pensei que a CPMF era o "imposto do cheque" e não da saúde. Pensei até que o preço da gaze iria cair. Pelo menos foi o que o Dr. Asmodeu me falou.
Dona Conceição, com seu jeito carinhoso, falou:
- Seu Tônho, você está precisando ouvir no rádio o Café com o Presidente. Lá o Presidente Lula explica tudo direitinho.
Seu Tônho nunca mais perdeu nenhum programa do Presidente Lula, e já aprendeu a não votar mais no Dr. Asmodeu, nem em outros tucanos e demos, porque eles dão uma tremenda dor de cabeça em gente como o Seu Tônho.
Nota: Essa estória é de ficção apesar de se basear em alguns acontecimentos reais. Os nomes são fictícios e se houver algum vereador de nome Asmodeu, seja dos demos, seja dos tucanos, é mera coincidência.
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