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domingo, 6 de janeiro de 2008

Futilidade e inutilidade pago pelo povo


Os presidentes das Assembléias Legislativas de Minas Gerais e de Goiás -Alberto Pinto Coelho (PP) e Jardel Sebba (PSDB), respectivamente- "trocaram" medalhas em novembro passado. No dia 5, Coelho recebeu a medalha do mérito da Assembléia goiana. No dia 19, retribuiu o gesto, incluindo Sebba entre os 325 agraciados da medalha do mérito legislativo de Minas.

Em sua viagem para receber a condecoração em Goiás, o deputado de Minas aproveitou para levar uma comitiva de ao menos 35 pessoas, algumas voando em aeronave pública.
A comitiva de Alberto Pinto Coelho era composta por políticos, parentes, amigos e o secretário de Governo da gestão Aécio Neves em Minas, Danilo de Castro (PSDB), que representou o governador tucano.

A Cemig admitiu ter usado o seu avião para levar parte do séquito, após o líder da minoria na Assembléia mineira, Paulo Guedes (PT), ter dito que viajou em um avião com dois diretores da Cemig, embora sem saber a quem pertence o avião.
A Assembléia mineira disse que o avião do Legislativo não foi usado -informação desencontrada com a do secretário de Governo. Castro disse que viajou "com os deputados, no avião da Assembléia". Segundo a assessoria, Coelho e deputados viajaram em aviões de dois deputados estaduais.

A homenagem em Goiás foi exclusiva para Coelho e foi encerrada com jantar para o deputado e seu séquito no restaurante franco-italiano L'etoile D'argent, com as despesas pagas pela Casa, segundo a assessoria de imprensa da Assembléia de Goiás.


O recordista

O recorde de homenagens no Supremo, cabe ao ministro Marco Aurélio Mello , com 82 medalhas. No STJ, Cesar Asfor Rocha lista 29 medalhas. Tem seu nome em salas e auditórios de fóruns do Ceará e o busto colocado numa entidade estadual de magistrados

A ministra do STF Carmen Lúcia, nascida em Minas Gerais, chegou ao Supremo com 15 medalhas no currículo, 10 das quais concedidas pelo governo mineiro. Ela acumula méritos da Saúde, da Educação, das polícias Civil e Militar, dos Bombeiros, do Legislativo e do Judiciário, além da Medalha da Inconfidência, que é a maior condecoração oficial de Minas.


O deputado Inocêncio Oliveira (DEM-PE), ex-presidente da Câmara, acusado de explorar trabalho escravo, possui a Ordem do Mérito do Trabalho, do Tribunal Superior do Trabalho, e duas medalhas de associações de juízes trabalhistas.
Investigado por suposto envolvimento com a criminalidade, o juiz trabalhista Ernesto Pinto Dória indicou, em 2000, o senador Romeu Tuma, que tem a imagem de xerife, para a medalha do Mérito da Justiça do Trabalho de Campinas.

O governo Aécio Neves (PSDB) distribuiu 1.792 medalhas e colares em 2006 e 2007, com gastos totais de quase R$ 1 milhão. O número supera as 1.580 condecorações dadas pelo governo de São Paulo desde a criação da Ordem do Ipiranga, em 1969, e da Medalha dos Bandeirantes, em 1980. A Justiça Federal de Minas Gerais, por exemplo, já chegou a conceder medalha a um doleiro: Joseph Assaf El Bacha.

O Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo evita confirmar os motivos que levaram a corte a homenagear, em 2002, a procuradora regional da República Janice Ascari, que investigou os desvios do Fórum Trabalhista de São Paulo. Janice recebeu uma medalha na véspera da sentença que absolveu o ex-senador Luiz Estevão e condenou o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto. O TRT-SP não revela o currículo de Nicolau, o que impede confirmar se ele foi laureado antes de desviar dinheiro público da obra.
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