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sábado, 19 de janeiro de 2008

"Epidemia da gestão tucana"? .Pane pára o metrô pela 4º vez em apenas 18 dias


Problema, considerado inusitado pela empresa, demorou duas horas para ser resolvido.Pelo menos 115 mil pessoas foram prejudicadas; seqüência de panes é resultado de corte em manutenção, diz sindicato

O metrô de São Paulo teve ontem a quarta pane em menos de duas semanas -e que voltou a atrasar viagens, superlotar estações, aumentar a demora entre os trens em pleno horário de pico e a revoltar passageiros. A falha demorou duas horas para ser resolvida. Desta vez, houve um problema mecânico considerado "inusitado" pela empresa na ligação de dois vagões de um trem que seguia, às 6h47, pela linha 1-azul, a Norte/Sul, entre as estações Ana Rosa e Paraíso. A composição perdeu tração e parou. Os passageiros, assustados, tiveram que usar a passagem de emergência, paralela aos trilhos, para sair do túnel -assim como os de outro trem, próximo à estação São Bento.

A área foi interrompida, e a situação ficou caótica. O metrô operou parte do tempo só com a segunda via e velocidade reduzida. A circulação foi normalizada às 8h45. Mas os reflexos da demanda reprimida de usuários persistiram por mais tempo, inclusive na linha 3-vermelha, a Leste/Oeste. Os intervalos entre os trens, geralmente inferiores a dois minutos, ultrapassavam 15 minutos. Entradas foram bloqueadas para evitar tumulto.

A linha 1-azul transporta mais de 1,2 milhão de pessoas por dia. O diretor de operação do Metrô, Conrado Grava de Souza, dizia acreditar numa quantidade próxima de 115 mil prejudicadas diretamente. Outras três falhas relevantes no metrô paulista -em dois casos, com perda de tração dos trens- já tinham ocorrido neste ano. A que mais provocou transtornos foi a do dia 9, quando um problema elétrico afetou por cinco horas a mesma linha 1-azul, a mais antiga da rede.

Em relação à série de ocorrências, Grava de Souza afirmou ser "coincidência". Para ele, não há nenhum motivo para preocupação com os riscos. O presidente do sindicato dos metroviários, Wagner Gomes, considera a seqüência de panes resultado de corte em manutenção preventiva, uso de peças com vida útil esgotada, além da crescente superlotação -que aumenta a condição de desgaste dos equipamentos.

Funcionários relatavam preocupação com a falha de ontem, considerada incomum.

O Metrô nega relação das panes com falta de manutenção e nega as deficiências apontadas pelo sindicato. Segundo Grava de Souza, em 2008 estão programados R$ 352 milhões para isso. Ele não soube dizer se a verba dos anos anteriores -só a de compra de materiais sobressalentes, que era de R$ 36 milhões em 2006, R$ 40 milhões em 2007 e deve atingir R$ 59 milhões neste ano, quando serão contratados mais 200 funcionários de manutenção.

Avariado, trem do metrô ficou no túnel por 40 min, diz passageiro
Falha técnica provocou atrasos; amigas esperaram 90 minutos na plataforma


O jornalista José Roberto de Ponte, 26, foi um dos passageiros que tiveram que sair do metrô no meio do túnel, após a falha técnica de ontem, e caminhar pela passagem de emergência, ao lado dos trilhos, para chegar à estação Paraíso. Ele conta que o trem ficou 40 minutos parado até que um funcionário informasse sobre a necessidade de seguir a pé. "A orientação era para a gente seguir por aquela passarela dentro do túnel. Eles disseram para as pessoas seguirem com paciência, tomando muito cuidado, porque se alguém entrasse na linha, tomaria choque."

O assistente social Silvio Luiz de Castro Lopes, 31, não conseguiu pegar o metrô na estação Marechal Deodoro e resolveu ir a pé até a Vila Mariana. "Resolvi ir a pé porque cheguei na estação Marechal Deodoro e ninguém sabia informar nada." Após um plantão de 12 horas, as funcionárias de hospital Maria Lúcia de Oliveira, 50, e Wisleia Oliveira Silva da Paz, 35, esperaram das 7h15 até as 8h45 por um trem na plataforma da estação Paraíso.Na Luz, a doméstica Simone Loureiro, 31, disse que esperou 45 minutos. "Foi horrível, muito empurra-empurra. Uma grávida até passou mal", afirmou. (Enviado por Marco Almeida)

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