Objetivo é impedir que Presidente tenha força eleitoral em sua sucessão; 2008 é ano ‘muito importante’, diz Cesar Maia do Dem
Depois de pôr fim à CPMF, a oposição pretende daqui para a frente aproveitar todas as chances de desgastar o Presidente Lula. Isso tem uma razão: evitar que, em 2010, Lula ainda tenha silhueta de candidato ou de forte cabo eleitoral.
Líderes do PSDB e do DEM, os dois principais partidos da oposição, dizem que não podem repetir o erro cometido em 2005. À época, acharam que o desgaste natural de Lula no mensalão, em que teve petistas envolvido iria prejudicá-lo na campanha à reeleição. Não foi o que se viu. Agora, caciques e parlamentares das duas siglas estão convencidos de que precisam trabalhar com os erros do adversário- Lula-.
Dois dos principais estrategistas da oposição, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o ex-senador e ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen estão convencidos de que o governo não pode ter uma agenda positiva, ou seja fazer nada que venha a significar bom governo. Eles acham que o desgastando a imagem de Lula é a única maneira de os dois partidos chegarem em 2010 com alguma chance de voltar ao poder. Embora ressalve que o petista não tem perfil de ditador, Fernando Henrique tem expressado o temor de o PT, na ausência de um candidato de peso, ressuscitar a tese do terceiro mandato.
“Lula não pode chegar em 2010 com a popularidade de 60% como vemos hoje. Se repetir o fenômeno Aécio Neves em Minas, que sem oposição tinha bons índices de popularidade, ninguém supera o PT no próximo pleito”, afirmou o novo presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), em conversa informal no cafezinho do Senado com jornalistas
O DEM vai aproveitar a temporada de combate ao PT para fazer renascer as idéias liberais que deram origem ao partido. O combate ao aumento de impostos e à gastança do governo foi uma pitada inicial do que vem por aí, diz Rodrigo Maia .
O partido pretende ataques mais ousados , em 2008, mas sem dar ao governo o discurso de que a oposição aposta no quanto pior, melhor. “Não temos de fazer essa linha. A oposição tem de administrar o seu dia-a-dia e trabalhar com os erros e fraquezas do governo”, analisa o senador Heráclito Fortes (DEM-PI). Ele afirma que não foram os oposicionistas que articularam a derrota do Planalto no Senado com a derrubada do imposto do cheque.
“Foi o governo que perdeu, pois não conseguiu unir sua base e ter 49 votos para aprovar a CPMF”, completa.
O prefeito do Rio, César Maia (DEM), afirma que 2008 é um ano “muito importante” para a oposição. “A base do governo se fraciona nas eleições municipais, pois estas são vitais para as eleições a deputado federal e estadual dois anos depois”, argumenta. “Com a base do governo fracionada a oposição terá um ano, de julho de 2008 a julho de 2009, até que as feridas da base sejam cicatrizadas. É saber aproveitar.” E nós vamos saber, não vamos dar trégua um único dia ao Lula, disse Cesar Maia.
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