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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Assassinato de Benazir abala o Paquistão


A líder oposicionista paquistanesa Benazir Bhutto foi morta ontem por um homem-bomba, fazendo o país mergulhar em uma das piores crises dos seus 60 anos de história independente. O atentado, ocorrido depois de um comício em Rawalpindi, desencadeou uma onda de violência, especialmente na província do Sindh, e deve provocar o adiamento da eleição parlamentar de 8 de janeiro, que marcaria a volta do país ao regime civil.

Bhutto, 54 anos, era imensamente popular entre os pobres do Paquistão e esperava chefiar o governo pela terceira vez. Ela morreu num hospital de Rawalpindi, cidade onde fica a sede do Exército e onde o pai dela, o ex-premiê e ex-presidente Zulfikar Ali Bhutto, foi enforcado em 1979, depois de ser deposto num golpe militar. A polícia disse que o homem-bomba ainda fez disparos contra Bhutto antes de se lançar sobre ela na hora da explosão, que matou pelo menos 16 outras pessoas, ferindo outras 60.

"É um ato dos que desejam que o Paquistão se desintegre", disse Farzana Raja, dirigente do Partido do Povo do Paquistão, de Bhutto. "Eles acabaram com a família Bhutto."O ex-premiê Nawaz Sharif, que era adversário dela, disse que seu partido decidiu boicotar as eleições e culpou o presidente Pervez Musharraf, que o depôs em 1999, por criar instabilidade."Eleições livres não são possíveis na presença de Musharraf", disse ele em entrevista coletiva em Islamabad. "Musharraf é a raiz de todos os problemas."

Líderes políticos

Ao mesmo tempo em que eclodiam protestos em todo o país, pela morte de Benazir, líderes políticos do mundo inteiro manifestaram indignação com o assassinato e afirmaram temer pelo futuro do país, que é uma potência nuclear.
O presidente dos EUA, George W. Bush, chamou o assassinato de um "ato covarde" e pediu aos paquistaneses que continuem pressionando por eleições. "Os EUA condenam veementemente esse ato covarde de extremistas assassinos que tentam destruir a democracia paquistanesa", disse ele.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, chamou o crime de hediondo. "A França, assim como a União Européia, defende especialmente a estabilidade e a democracia no Paquistão", escreveu ele numa carta ao presidente paquistanês, Pervez Musharraf.

Lula, "chocado"

O Presidente Lula ficou "chocado" com o assassinato de Bhutto, segundo o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia. "Estive com o Presidente e ele está muito chocado. Evidentemente temos uma preocupação de que a situação no Paquistão não se deteriore. Nós vemos com pesar e ao mesmo tempo com preocupação", disse Garcia.

As eleições no Paquistão estão previstas para 8 de janeiro. Ontem, manifestantes revoltados com o atentado saíram às ruas de cidades, do Himalaia à costa sul. Como previsto, os protestos foram mais fortes na província de Sindh, onde Benazir nasceu, e sua capital, Karachi. "A polícia está em alerta vermelho em Sindh", disse um policial. "Aumentamos a mobilização e patrulhamos todas as cidades, já que há problemas em quase todo lugar."

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