A cobertura das grandes redes comerciais só atinge quase 100% do país graças ao dinheiro público que 1.604 prefeituras gastam na compra e manutenção de estações que repetem a programação das TVs. Estudo acadêmico realizado pelo pesquisador James Görgen, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, revela que 3.270 das 9.927 retransmissoras de TV (RTV) do país foram outorgadas e estão sob responsabilidade de 1.604 prefeituras. Os municípios gastam até R$ 21 mil anuais com manutenção. Com a TV digital, terão que investir pelo menos US$ 20 mil em um novo transmissor.
De acordo com o levantamento inédito, 42% (1.358 de 3.222) das RTVs da Globo são mantidas por prefeituras. Outras 1.861 RTVs da Globo são de afiliadas. Apenas três são da própria Globo. Já a TV Cultura, pública, mantém 201 (40%) das 506 RTVs de sua rede. A Band é a que mais depende de prefeituras (54% das RTVs). Depois vêm Globo, Rede TV! (40%), SBT (37%) e Record (35%). A maior parte das cidades (1.415) retransmite até três redes. As TVs, embora ganhem com a cobertura, não repassam nada para os municípios. Baseado no sociólogo Max Weber, Görgen aponta dois tipos de relações entre TVs e prefeituras: as dominações "patrimonial" (uso do público em prol do privado) e "carismática" (prestígio da programação e força do jornalismo da TV).
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