Fico a pensar se a BRA fosse uma companhia estatal e tivesse dado o cano, conto do vigário de empresários, em milhares de pessoas como fez a empresa com seus clientes e funcionários. A GLOBO ia levantar vôo, VEJA ia dar capa arrebentando Lula e o editor de artes da ÉPOCA, com certeza, iria pedir uma capa em que Lula aparecesse como Al Capone, por exemplo. Podia ser Skaf, presidente da FIESP, dá na mesma, mas esse é um dos donos.
O cano da BRA é a mostra clara e precisa que iniciativa privada e banditismo não têm a menor diferença, em se tratando de "negócios" acima de uns três milhões de dólares, até porque, com menos, é dono de botequim de banana, logo, só difere do trabalhador na ilusão do cheque especial.
A empresa admitiu hoje que vendeu as passagens sabendo que não tinha condições de continuar a operar, e aí? Os caras estão soltos. Vai ver não tinha grooving nos escritórios da BRA. Uma das maiores empresas aéreas do mundo, a VARIG, quebrou na má administração, no cano dado pelos governos anteriores a Lula, no festival de enriquecimento que fez do filho de FHC (ou genro, tanto faz), um dos dirigentes da empresa e num dado momento, este ano, presidente, na tentativa de salvá-la, ou de concretizar um grande "negócio" que acabou sendo feito e com a GOL.
Daqui a pouco serão a TAM, a GOL, em nenhum lugar do mundo linhas aéreas sobrevivem sem subsídios de qualquer governo, o próprio Bush no seu desvario de mercado (mas só dos ganhos, os prejuízos não; estes são devidamente socializados via FED), criou subsídios para as companhias norte-americanas, inclusive reforçados após o onze de setembro.
O caso da BRA é de Polícia. Não é de má administração não. Golpe escancarado. Como foi a VASP de Canhedo, ou a TRANSBRASIL. Vítima nisso tudo foi a PANAIR, logo no início da ditadura, governo do marechal Castello Branco, em manobra para deixar dono do "mercado" o senhor Rubem Berta, à época, o todo poderoso dono da VARIG.
Quem se der ao trabalho de buscar as matérias do jornalista Hélio Fernandes sobre o assunto, vai entender o mecanismo das quadrilhas que operam no setor. A BRA, por exemplo, não entregou seu balanço de 2006 à ANAC, a operadora de "negócios" inventada por FHC. Todo mundo sabia, mas fingia que não sabia, igual marido enganado, ou vice-versa, que a companhia estava no chão, na lona.
Não sei quantos mil lesados pela empresa. No dia em que a BRA avisou que não operaria mais, pediu a suspensão de seus vôos, um cartaz estava afixado em todos os aeroportos do País. Orientava as vítimas do conto do vigário da chamada iniciativa privada a remarcarem seus vôos em outras companhias, ou a pedirem o reembolso. Hoje os caras avisam, assim do nada, na maior sem vergonhice do mundo, que a empresa não tem como reembolsar. Mas teve, lógico, como embolsar.
A mídia...
Bom, escracha, dá uma esculhambada, a GLOBO manda ouvir o óbvio, cliente indignado nos aeroportos, mas dizer que é uma empresa privada, tocada por empresários tido como "grandes empreendedoras", "audazes", "patriotas" o escambau, isso necas de pitibiriba. Como é que fica o tal mercado?
Como é que fica a sede de todas as máfias, a Bolsa de Valores?
Pega lá a VEJA de quando a VASP foi privatizada e dê uma olhada na história de triunfos e glórias de Canhedo. O cara pagou uma nota para virar empresário de ponta, moderno, o diabo a quatro. Continuou bandido. Fica igualzinho ao buraco do metrô no início deste ano em São Paulo. Noticiaram, cobraram providências e na semana seguinte estavam entupidos de "anúncios" do governo Serra e das empreiteiras que "arrumaram" o buraco.
Não vale dizer que falta grooving. Nem colocar o Homer Bonner para explicar que é tudo um engano e os carros ou a parafernália que for, serão trocados, repostas as peças, indenizados os que tiveram prejuízos, os que subornaram serão punidos, os subornados idem e as garotas de programa dos fins de semana também. Não vale.
Beira-mar é pinto e aprendiz perto da iniciativa privada, da tal economia de mercado.
O bode expiatório vai ser Chávez, é lógico. Tudo é culpa do Chávez.
P’ra eliminar o stress a turma devia contratar um personal trainner. Com verbas da propina recebida ou paga, dá na mesma.
É o mercado, ele se "auto regula" e produz zumbis em série
Laerte Braga
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