Se no plano econômico Rondônia já começou uma transformação radical, na esfera política é um Estado que ainda sofre com o envolvimento quase generalizado de sua elite dirigente com acusações de desvios e corrupção. Do último episódio, ocorrido nas eleições de 2006, restou a real ameaça de cassação dos mandatos do atual senador Expedito Júnior (PR) e do governador Ivo Cassol (sem partido) por denúncias de compra de votos de vigilantes empregados pela família do senador. Antes, 23 dos 24 deputados estaduais foram acusados pelo próprio Cassol, em gravações divulgadas em rede nacional, de exigir propina para aprovar projetos de interesse do governo.
Críticos do governador apontam o episódio como uma jogada para reverter o isolamento vivido por Cassol ao fim de sua primeira gestão. Ele alega ter feito uma "faxina" na política local. "Foi por aqui que começou a faxina na política nacional", afirmou ao Valor. "Estou pagando o preço por ter peitado. Não ia comprar meia dúzia de votos de guardas."
É difícil mensurar o alcance profilático do episódio, mas o fato é que Cassol tornou-se o único governador reeleito na curta história do ex-território federal. Desde então, ele passou a dominar o cenário político e conta agora com folgada maioria na Assembléia e tem dois deputados federais e um senador sob sua liderança. "Ele fixou a imagem de "cabra macho" na cabeça do povo. Fez uma "limpeza" e se reelegeu", resume o cientista político João Paulo Viana, professor colaborador da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
Analistas avaliam que os problemas do Estado remontam ao processo de ocupação desordenada do território, induzido pela União nos anos 70 (época de ditadura militar), ficam mais evidentes durante a vigência da "lei do garimpo" nos anos 80 e, mais recentemente, consolidam-se com a irrigação de fundações privadas de assistência social e de saúde ligadas a políticos com dinheiro público.
Colonizada sobretudo por imigrantes do Paraná e Santa Catarina, que se fixaram na porção sul do Estado, Rondônia ainda sofre uma clara divisão do poder político entre o interior e a capital. E assiste hoje a uma feroz disputa entre três grupos: o PMDB tradicional, o PT emergente e os políticos ligados ao governador Ivo Cassol. Povoada por nordestinos, sobretudo cearenses, Porto Velho, aos 93 anos recém-completados, tem apenas 27% dos 989 mil eleitores do Estado e pouca força política. Dominado pelos sulistas, o interior fragmenta-se em clãs e caciques regionais. Em Vilhena, manda a família Donadon, que tem um deputado federal pelo PMDB. Em Ji-Paraná, reina o ex-governador José Bianco (DEM). Capital estadual da produção, Ariquemes está sob o comando do ex-deputado federal Confúcio Moura (PMDB).
Acima de todos os demais 51 municípios, no entanto, impera a elite política de Rolim de Moura, cidade de apenas 50 mil habitantes na Zona da Mata. Da terra de grandes madeireiras, que ainda dominam a economia estadual, são o governador Cassol (ex-prefeito) e os senadores Valdir Raupp (PMDB) e Expedito Júnior (PR).
Os adversários mais ferrenhos, agora, são Cassol e o antes inexpressivo PT, alavancado pela "onda Lula" desde 2002 e novamente turbinado por recursos federais destinados a investimento no Estado. O PT tem três deputados estaduais, dois federais, uma senadora e comanda a prefeitura da capital. Mesmo sem partido, Cassol lidera um grupo suprapartidário e sonha em virar senador em 2010. Antes, porém, terá de derrotar, em 2008, o atual prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho, potencial candidato à sua sucessão. O PMDB ainda domina no interior, mas é fraco na capital. E o empresário Acir Gurgacz, dono da empresa de ônibus Eucatur, lidera um processo de forte expansão do PDT.
By Helena™
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