As organizações sociais de Paragominas vão ser obrigadas a cancelar o Plebiscito Popular. Nesta cidade, localizada no sudeste do estado do Pará (PA), os militantes não vão poder sair com as urnas para as ruas. O motivo? Pressão e ameaças da prefeitura e de elites locais contra a Igreja, que apóia o Plebiscito no município.
O Pará é o grande palco das atividades da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O estado também é marcado pela repressão das elites locais. Desta vez, as ameaças se iniciaram durante o 3º encontro estadual da juventude do campo e da cidade, organizado pela Consulta Popular, Pastoral da Juventude, Cáritas, entre outros 60 movimentos sociais e entidades. Participaram do encontro 450 jovens. Uma das bandeiras era o Plebiscito Popular, que exige a nulidade da venda da Vale do Rio Doce, ocorrida em 1997.
No segundo dia de encontro, uma caminhada dos jovens até a praça de Paragominas foi marcada por agentes de trânsito impedindo a passagem dos manifestantes. Pouco depois, a prefeitura do PSDB intimou a Cáritas, a Pastoral da Juventude e a Igreja Católica para retirarem todos os panfletos, cartazes e material do Plebiscito das ruas, nas próximas 24 horas – ainda que o material da campanha tenha sido distribuído em todo o país e não contenha a assinatura específica de nenhuma organização.
“Um grupo interno, do conselho administrativo da igreja, formado por empresários, do ramo da serraria, está pressionando a Igreja para que o plebiscito silencie. Não admitem qualquer ato contra a privatização da Vale do Rio Doce e argumentam que a Igreja prejudica a Vale, a principal parceira da prefeitura”, acusa José Alves, membro de uma organização presente no encontro de juventude.
A prefeitura ainda divulgou uma nota no canal de televisão local (cujo proprietário é o próprio prefeito), na qual busca tirar a legitimidade do Plebiscito Popular. Alves completa: “Estão fazendo uma inquisição, buscando as lideranças do movimento para acabar com qualquer ação do Plebiscito”.
No dia 22 de agosto, a Companhia Vale do Rio Doce revelou a sua influência sobre as autoridades no estado de Minas Gerais. Em Belo Horizonte (MG), durante a ocupação pacífica da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), realizada por movimentos sociais, a companhia exigiu uma “punição exemplar” aos manifestantes, o que resultou na prisão de 5 pessoas, além de outros 136 jovens algemados e levados para a delegacia. Dentre eles, 27 eram menores de idade.
À medida que o Plebiscito Popular encontra eco na população, multiplica as urnas e as suas vozes, a estratégia da diretoria da Vale caminha para a repressão?
por Pedro Carrano, repórter do jornal Brasil de Fato
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