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quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Tesouro se protege na crise com R$ 281 bilhões em caixa

Com R$ 281 bilhões em caixa - um colchão de liquidez para se ausentar do mercado por até quatro meses, se necessário - e credor em dólar, o Tesouro Nacional acompanha a turbulência externa em situação mais confortável do que no passado. Enquanto nas crises dos anos 90 (Ásia e Rússia) e de 2002 o Tesouro era devedor, hoje ele é credor em moeda americana, ativo que se valoriza com as tensões externas. Um teste de stress feito por técnicos da Fazenda mostrou que para cada 1% de desvalorização cambial, a dívida líquida cai 0,09 ponto percentual. Ou seja, cerca de R$ 2,5 bilhões. Desde o dia 26 de julho, a desvalorização cambial acumulada é de 8,8%. Isso significa que a dívida líquida, que representava 44,3% do PIB, está hoje em 43,5%.

Uma das lições das crises nos anos 90, diz o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, foi a de que se deve manter um colchão de liquidez para agüentar de três a quatro meses sem rolar os papéis da dívida pública no mercado. Atitude preventiva para não ter de sancionar custos resultantes de momentos de forte turbulência.

"Estamos preparados para todos os cenários", afirma Augustin. Em abril-/maio de 2006, o Tesouro teve que dar liquidez a R$ 1,5 bilhão de títulos da dívida pública interna detidos por investidores estrangeiros. Desta vez, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, recomendou que o caixa da União estivesse pronto para repetir a dose, caso houvesse necessidade. Segundo Augustin, ainda não houve. "Se há alguns poucos vendendo, outros estão comprando", diz.

Já houve piora, porém, nas condições de rolagem da dívida pública, com alta de juros. Em julho, pagava-se 10,7% aos investidores em papéis de dez anos. Ontem, essa taxa já estava em 11,7%. A alta não é dramática, mas a crise interrompeu a queda do custo de carregamento da dívida, que soma R$ 1,2 trilhão.

A grande preocupação do governo é que a crise desacelere a economia americana, com efeitos na China. Ainda assim, diz Augustin, "não trará prejuízos relevantes ao país, que tem reservas de R$ 160 bilhões e exportações diversificadas".

Os mercados domésticos pioraram ontem porque fundos nacionais também decidiram zerar posições ou reduzi-las em alguns mercados. Isso ampliou os reflexos locais da crise externa. O dólar fechou em alta de 2,26%, a R$ 2,03. O risco-país subiu 1,52%, para 200 pontos-base, a Bovespa caiu 3,19% e o juro futuro subiu 0,26 ponto.(Valor Econômico)

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