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sábado, 11 de agosto de 2007

Ritimo da indústria eleva a previsão do PIB para 5%

Com a firme expansão da indústria no primeiro semestre e os números robustos apresentados pelo setor automobilístico em julho, ganham força as apostas num crescimento na casa de 5% neste ano. O Bradesco revisou ontem sua previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2007 de 4,9% para 5,2%, enquanto o HSBC elevou a sua na segunda-feira, de 4,7% para 5,1%. A convicção de que a produção industrial cresce a um ritmo forte - também na casa de 5% - tem levado os economistas a elevar suas estimativas para o PIB.

Uma série de fatores impulsiona a economia neste ano, como a queda dos juros, a expansão do crédito a taxas mais baixas e prazos mais longos, o aumento da renda e o crescimento do emprego. Para o segundo semestre, espera-se também que haja um impulso fiscal mais forte - o superávit primário deve diminuir, uma vez que tendem a aumentar os investimentos da União, Estados e municípios.

O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco revisou de 4,5% para 5% sua estimativa para o crescimento da produção industrial neste ano. A divulgação dos números de junho confirmou que a indústria avança a passos firmes. No segundo trimestre, houve expansão de 5,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Um índice calculado pela MB Associados mostra que, em junho, 81,6% dos 76 subsetores cresceram em relação a igual mês de 2006, bem mais alto que os 73,7% de maio e junho. Para a MB, é "um sinal da robustez do atual ciclo de expansão da indústria".

O diretor de pesquisa macroeconômica do Bradesco, Octavio de Barros, diz que o desempenho da produção industrial "sepulta quase que definitivamente a tese de desindustrialização da economia brasileira". Ele mostra otimismo quanto ao segundo semestre: "Não vejo nenhum fator que possa arrefecer o investimento e o consumo das famílias nos próximos meses."

O economista-chefe do HSBC, Alexandre Bassoli, também vê um desempenho firme da indústria. Ele acaba de revisar de 5,5% para 6,8% a sua estimativa para a produção industrial neste ano. Além do resultado da indústria no primeiro semestre, Bassoli chama a atenção para o comportamento do setor automobilística em julho, que viu sua produção aumentar 20,4% em relação ao mesmo mês de 2006. As vendas cresceram ainda mais: 31,1% na mesma base de comparação, atendidas em parte pelo forte aumento das importações. "O número sugere que a atividade industrial continua vigorosa."

Na indústria, o grande destaque é o setor de bens de capital, que acumula crescimento de 16,7% no ano, bem acima dos 4,8% da indústria geral. É um número saudado pelos analistas, porque, aliado à forte importação de máquinas e equipamentos, mostra que as empresas estão investindo para ampliar a capacidade produtiva. O economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, avalia que a formação bruta de capital fixo (medida do que se investe na construção civil e em máquinas e equipamentos) cresceu 12,1% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período de 2006. Para o ano, ele prevê expansão de 10,6% da FCBF.

Borges elevou sua previsão para a expansão do PIB de 4,5% para 4,7%, e diz que é factível um número próximo de 5%. Além do investimento, ele destaca a importância do consumo das famílias, que deve crescer 6% em 2007, impulsionado pelo crédito e pelo aumento da renda e do emprego.

O ex-diretor do Banco Central (BC) Alexandre Schwartsman, economista-chefe para a América Latina do ABN Amro, mantém por enquanto a previsão de um crescimento do PIB de 4,5%, mas avalia que o número pode ser maior, algo como 4,8% ou 4,9%. Schwartsman destaca o forte crescimento da demanda doméstica, que pode atingir 6,2% a 6,3% neste ano, depois de avançar 5% em 2006. Para ele, o impacto defasado dos cortes de juros promovidos pelo BC é o grande responsável pela aceleração do crescimento em 2007, devendo continuar a produzir efeitos nos próximos meses.

O economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero, avalia que, no segundo semestre, a economia deverá ganhar mais impulso da política fiscal. O superávit primário, que foi de 5,9% do PIB no primeiro semestre, deverá ser menor. "Praticamente toda a maior economia para pagar juros veio dos governos estaduais, que tiveram arrecadação forte e estão em começo de mandato. Num segundo momento, a máquina volta a gastar. Além disso, o governo federal precisa desempacar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)." Montero trabalha com um crescimento um pouco inferior a 5%, mas acha possível que a expansão atinja esse patamar. "A economia entrou na fase das surpresas positivas, típica de momentos em que a atividade engata."

Com um atividade tão forte, a expectativa dominante entre os analistas é que o BC vai reduzir o ritmo de corte da taxa Selic em setembro, diminuindo os juros em 0,25 ponto percentual, e não mais em 0,5 ponto. Hoje em 11,5%, a Selic terminaria o ano em 10,75%.- Com informações do jornal Valor Econômico

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