A PF realizou a busca no último dia 4 e vinha mantendo o auto de apreensão guardado a sete chaves. O delegado responsável, Alexandre Custódio, fechou ontem o relatório final do inquérito gerado a partir da Operação Xeque-Mate e o mandou à Justiça Federal.O primeiro envelope, “branco tipo carta”, na descrição da PF, tem num dos versos as palavras “Sen. Aloizio Mercadante”. Dentro, há uma folha de papel sulfite em que a Distribuidora Rezende S/A Comércio e Indústria explica ser credora da CSN em aproximadamente R$ 13,7 milhões. No último parágrafo, a finalidade da carta mandada a Vavá: “A Rezende pretende um acesso à CSN para propor um acordo para pagamento da dívida, ainda que seja de forma parcelada, mas para tanto depende de alguém que viabilize este acesso para abrir negociação”.
Carta
No segundo envelope, “amarelo tipo ofício”, há no verso “Ao Excelentíssimo Senhor — Luiz Inácio Lula da Silva — DD. Presidente da República — Em mãos”. A carta que o preenche tem quatro folhas assinadas por Neto Augusto da Silva. Ele escreveu: “Valho-me da colaboração do amigo Vavá que se incumbiu de fazer chegar às mãos de Vossa Excelência o pleito de inúmeros desapropriados no sentido de agilizar o trâmite do processo n. 00.06.89279-5 que tem andamento há mais de 20 anos pela 7ª Vara Federal de Porto Alegre”.
O processo em questão é movido pela União contra 29 pessoas físicas e jurídicas que tiveram imóveis desapropriados pelo governo. No site do Tribunal Regional Federal da 4ª Região informa-se que o caso está parado “aguardando juntada”. Significa que uma das partes ou o Ministério Público pediu para anexar documentos, mas ainda não o fez.Questionado pelo delegado federal Antonio Carlos Knoll sobre as cartas, Vavá respondeu que eram pleitos de pessoas conhecidas, pedindo-lhe ajuda. Mas afirmou que não pretendia entregar os envelopes aos destinatários e disse não ter pedido dinheiro para o serviço.
Já se fala em achar uma forma de identificar e punir os responsáveis por vazamentos de informações e gravações contidas em inquéritos da Polícia Federal. Ontem, o ministro da Justiça, Tarso Genro, reuniu-se com o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e com o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Decidiram buscar soluções técnicas para criar uma espécie de marca de quem manusear os inquéritos e gravações para identificar os responsáveis dos vazamentos. “O Estado tem de armar para preservar o direito à intimidade das pessoas”, diz Tarso Genro.
Tarso Genro defende a Polícia Federal, que está sob seu comando. “As gravações não são distribuídas pela PF”, disse ontem. “Esses inquéritos ficaram com a polícia durante meses sem nenhum vazamento. Só vieram a público depois que foram distribuídos aos advogados dos investigados”. Mas no Palácio do Planalto, há ministros convencidos de que a fonte dos vazamentos é mesmo a PF, numa estratégia para ganhar pontos com a mídia e fortalecer a instituição.
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