Governo Sarkozy recebeu 'tapa' das urnas, diz jornal
Do previsto tsunami da direita "restou apenas a espuma da onda"
A UMP, de Sarkozy, elegeu 46 deputados a menos que em 2002O Partido Socialista conquistou 37 deputados a mais do que na atual legislaturaA vitória muito aquém do esperado no segundo turno das eleições legislativasfrancesas é um tapa no governo do presidente Nicolas Sarkozy, na avaliaçãofeita nesta segunda-feira pelo diário parisiense Le Figaro http://www.lefigaro.fr/elections-legislatives-2007
O esperado tsunami político da direita no segundo turno das eleições legislativas,realizado no domingo, não aconteceu.
O partido UMP, do presidente Nicolas Sarkozy, obteve ampla maioria na Câmarados Deputados, mas perdeu 46 cadeiras em relação às eleições de 2002.
A vitória no segundo das eleições legislativas tem um gosto amargo. É umtapa no governo. De uma onda azul (referência à cor do partido UMP) passamo sem oito dias à uma vitória clara, mas decepcionante, descreveu o Figaro.
Projeções no primeiro turno indicavam que a direita poderia obter até 501 das 577 cadeiras do parlamento.
No entanto, o UMP e seus aliados, de acordo com dados do Ministério francêsdo Interior, obtiveram 345 cadeiras. Desse total, 313 foram obtidas pelopartido de Sarkozy.Na legislatura atual, o UMP e seus aliados têm 398 deputados.EspumaPara a imprensa francesa, do previsto tsunami da direita "restou apenas aespuma da onda".
A esperada vitória esmagadora da direita não ocorreu porque o Partido Socialista,contrariando as expectativas, conseguiu reagir e não só evitar uma derrotaexpressiva, mas também conquistar 37 deputados a mais do que na atual legislatura.
O Partido Socialista obteve 186 cadeiras, segundo o Ministério do Interior.No total, a esquerda francesa, incluindo o Partido Comunista e o PartidoVerde e pequenos partidos, terá 227 cadeiras.Analistas e também políticos do UMP estimam que a vitória menos ampla dadireita do que prevista é devida sobretudo a dois fatores.
O principal deles seria uma rejeição do eleitorado ao projeto de reformado Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, chamado TVA na França,que prevê o aumento da alíquota de um novo tributo para financiar o déficitda Previdência Social.A ampla maioria na Câmara dos Deputados deve permitir de qualquer forma aSarkozy implementar as reformas prometidas, estimam analistas.
Mas agora o governo recebeu sinais de que elas poderão não ser tão facilmenteimplementadas.
Os resultados indicam que a política do governo não é aceita por todos epoderá ter de se inclinar a essa realidade. Esse será o papel da oposição no parlamento, afirmou François Hollande, secretário-geral do PS.
Mobilização
Outra razão que impediu a vitória esmagadora seria o fato de que os eleitores da direita, acreditando que o amplo sucesso já estava garantido, não teriamse mobilizado como no primeiro turno.
O Movimento Democrático, novo partido de centro criado por François Bayrou,terceiro colocado nas eleições presidenciais, com quase 7 milhões de votos, conseguiu eleger apenas 3 deputados, sendo um deles o próprio Bayrou.
O partido de extrema direita Front National, do líder Jean-Marie Le Pen, não conquistou nenhuma cadeira na Câmara dos Deputados.
Estas eleições também foram marcadas pela derrota do ministro da Ecologia e do Desenvolvimento Sustentável, Alain Juppé, tido como o homem forte dogoverno Sarkozy.
Ele foi o único dos onze ministros candidatos que não conseguiu se eleger e já apresentou sua demissão do governo. Juppé perdeu em Bordeaux, cidadeonde é prefeito e que é dominada pela direita há décadas.
O primeiro-ministro, François Fillon, que se elegeu deputado já no primeiro turno (na França é possível cumular mandatos) já recebeu nesta manhã do presidenteSarkozy a missão de realizar um remanejamento ministerial.
Outro fato marcante deste segundo turno foi o anúncio da separação de SégolèneRoyal, candidata socialista derrotada nas eleições presidenciais, de seu marido François Hollande, secretário-geral do PS.Royal já declarou que gostaria de substituir Hollande na liderança do PartidoSocialista. A mudança do comando do PS deve ser decidida no próximo congresso do partido, em 2008.
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