Brasileiros vão às compras e garantem o maior período de aumento dos gastos desde 1982. Expansão se deve à redução na taxa de juros, ampliação do crédito, crescimento da renda e da confiança no futuro
O consumo das famílias cresceu entre 4,5% e 6% nos primeiros três meses do ano, registrando o 14º trimestre (42 meses) consecutivo de alta, o mais longo ciclo de expansão dos últimos 25 anos. O dado oficial será divulgado amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dentro do conjunto de informações sobre o Produto Interno Bruto (PIB), cujo avanço ficou próximo de 5%. A maior disposição dos brasileiros para gastar decorre de uma combinação de fatores que há décadas não se via. A inflação e os juros caíram. O real está mais forte frente ao dólar. O emprego e a renda aumentaram. Há uma oferta maciça de crédito. A confiança no futuro está mais firme. Além disso, o governo está gastando mais e o setor privado, ampliando os investimentos. “Tudo isso faz com que haja um conforto maior das famílias para consumir e se endividar”, disse o economista-chefe da Corretora Convenção, Fernando Montero.
Há ainda um fator adicional que, segundo Fernando Montero, está fazendo a diferença quando o assunto é consumo: a substancial recuperação do setor agrícola. Com a renda recomposta, os agricultores estão movimentando toda a cadeia de demanda, que vai de maquinários a produtos básicos, como vestuário e alimentos. O maior volume de dinheiro circulando pelo campo tem um efeito multiplicador tão forte que, nas duas principais regiões produtoras de grãos, o Sul e o Centro-Oeste (exceto o Distrito Federal), os índices de vendas do varejo, que estavam negativos no primeiro trimestre de 2006 (menos 1%), deram um salto espetacular entre janeiro e março deste ano (+11,3%). Na prática, houve uma virada de 12,3 pontos percentuais, quase o dobro do avanço da média nacional (7,9 pontos) na mesma comparação.
“Ou seja, o setor agrícola, que vinha puxando a economia para baixo, está, agora, jogando os principais indicadores para cima, especialmente os de consumo”, destacou o economista da Convenção. Para ele, não há perspectiva de alteração desse cenário a médio prazo. “Os juros vão continuar caindo. Os riscos para a inflação estão sob controle e o dólar continuará fraco ante o real. Esses vetores alinhados permitem um crescimento sustentado da economia”, assinalou.
Mais investimentos
O que dá tranqüilidade ao se analisar período tão logo de crescimento do consumo — são 42 meses ou três anos e meio — é a velocidade do aumento dos investimentos. “Pelas minhas contas, a chamada formação bruta de capital fixo (FBKF), ou investimento na ampliação da capacidade de produção da indústria, cresceu 11,8% nos primeiros três meses deste ano em relação ao mesmo período de 2006”, disse o economista Carlos Thadeu Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na prática, a leitura dos especialistas é a seguinte: o consumo está avançando, mas as empresas estão aumentando o parque produtivo, o que garantirá oferta mais adiante, sem a necessidade de grandes reajustes de preços. O bom da taxa de investimentos é que seu incremento está sendo duas vezes maior que o PIB.
Para Nuno Câmara, economista do Dresdner Bank em Nova York, as famílias brasileiras ainda têm um longo caminho pela frente para satisfazer suas necessidades — muitas delas adiadas por anos, por falta de renda, de emprego, por causa dos juros altos e da inflação galopante. A massa salarial, combinação de pessoal ocupado e rendimento médio, está em alta desde 2004. Nos 12 meses terminados em março, cresceu 8,4%. Na média, entre 2004 e 2007, foram criados 1,272 milhão de postos formais de trabalho por ano, contra 33 mil vagas anuais entre 1995 e 2002. O volume de crédito concedido a pessoas físicas, nos últimos três anos, quase triplicou, mas isso, na opinião de Câmara, não fechou as portas para o endividamento.
“Consumo e investimentos serão os grandes pilares para o crescimento do PIB neste e nos próximos anos”, afirmou o economista do Dresdner Bank. “Mesmo que haja uma correção para baixo no consumo das famílias, o cômputo geral da economia continuará bastante positivo”, assinalou. Na pesquisa Focus divulgada ontem pelo Banco Central, na média, os 100 analistas ouvidos pela instituição previram alta de 4,2% para o PIB neste ano e de 4% para 2008.
O consumo das famílias cresceu entre 4,5% e 6% nos primeiros três meses do ano, registrando o 14º trimestre (42 meses) consecutivo de alta, o mais longo ciclo de expansão dos últimos 25 anos. O dado oficial será divulgado amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dentro do conjunto de informações sobre o Produto Interno Bruto (PIB), cujo avanço ficou próximo de 5%. A maior disposição dos brasileiros para gastar decorre de uma combinação de fatores que há décadas não se via. A inflação e os juros caíram. O real está mais forte frente ao dólar. O emprego e a renda aumentaram. Há uma oferta maciça de crédito. A confiança no futuro está mais firme. Além disso, o governo está gastando mais e o setor privado, ampliando os investimentos. “Tudo isso faz com que haja um conforto maior das famílias para consumir e se endividar”, disse o economista-chefe da Corretora Convenção, Fernando Montero.
Há ainda um fator adicional que, segundo Fernando Montero, está fazendo a diferença quando o assunto é consumo: a substancial recuperação do setor agrícola. Com a renda recomposta, os agricultores estão movimentando toda a cadeia de demanda, que vai de maquinários a produtos básicos, como vestuário e alimentos. O maior volume de dinheiro circulando pelo campo tem um efeito multiplicador tão forte que, nas duas principais regiões produtoras de grãos, o Sul e o Centro-Oeste (exceto o Distrito Federal), os índices de vendas do varejo, que estavam negativos no primeiro trimestre de 2006 (menos 1%), deram um salto espetacular entre janeiro e março deste ano (+11,3%). Na prática, houve uma virada de 12,3 pontos percentuais, quase o dobro do avanço da média nacional (7,9 pontos) na mesma comparação.
“Ou seja, o setor agrícola, que vinha puxando a economia para baixo, está, agora, jogando os principais indicadores para cima, especialmente os de consumo”, destacou o economista da Convenção. Para ele, não há perspectiva de alteração desse cenário a médio prazo. “Os juros vão continuar caindo. Os riscos para a inflação estão sob controle e o dólar continuará fraco ante o real. Esses vetores alinhados permitem um crescimento sustentado da economia”, assinalou.
Mais investimentos
O que dá tranqüilidade ao se analisar período tão logo de crescimento do consumo — são 42 meses ou três anos e meio — é a velocidade do aumento dos investimentos. “Pelas minhas contas, a chamada formação bruta de capital fixo (FBKF), ou investimento na ampliação da capacidade de produção da indústria, cresceu 11,8% nos primeiros três meses deste ano em relação ao mesmo período de 2006”, disse o economista Carlos Thadeu Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na prática, a leitura dos especialistas é a seguinte: o consumo está avançando, mas as empresas estão aumentando o parque produtivo, o que garantirá oferta mais adiante, sem a necessidade de grandes reajustes de preços. O bom da taxa de investimentos é que seu incremento está sendo duas vezes maior que o PIB.
Para Nuno Câmara, economista do Dresdner Bank em Nova York, as famílias brasileiras ainda têm um longo caminho pela frente para satisfazer suas necessidades — muitas delas adiadas por anos, por falta de renda, de emprego, por causa dos juros altos e da inflação galopante. A massa salarial, combinação de pessoal ocupado e rendimento médio, está em alta desde 2004. Nos 12 meses terminados em março, cresceu 8,4%. Na média, entre 2004 e 2007, foram criados 1,272 milhão de postos formais de trabalho por ano, contra 33 mil vagas anuais entre 1995 e 2002. O volume de crédito concedido a pessoas físicas, nos últimos três anos, quase triplicou, mas isso, na opinião de Câmara, não fechou as portas para o endividamento.
“Consumo e investimentos serão os grandes pilares para o crescimento do PIB neste e nos próximos anos”, afirmou o economista do Dresdner Bank. “Mesmo que haja uma correção para baixo no consumo das famílias, o cômputo geral da economia continuará bastante positivo”, assinalou. Na pesquisa Focus divulgada ontem pelo Banco Central, na média, os 100 analistas ouvidos pela instituição previram alta de 4,2% para o PIB neste ano e de 4% para 2008.
0 Comentários:
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração