Na ocasião, a PF e o Ministério Público encontraram, além de US$ 3 milhões, a lista da contabilidade de Castor com nomes de autoridades, policiais e políticos suspeitos de receber suborno e de ter campanhas financiadas.
Procurador-geral de Justiça no estado do Rio na época, responsável pela apresentação da denúncia contra os responsáveis, o hoje secretário nacional de Justiça Antonio Carlos Biscaia diz que chegou a hora de investigar a fundo. “Espero que desta vez as questões não se resumam a essa grande operação. “Havia elementos lá (nos documentos de 1994) que indicavam ligação de recursos do bicho para outras atividades, dados em código que podiam revelar até ligações com o tráfico de drogas e armas. Financiamento de campanha, nem se fala...”, completou o ex-deputado.
Sentença
“Era muita gente nessa lista, quase todos os políticos estavam lá envolvidos. Mas nada foi investigado”, lamentou a amigos a deputada Denise Frossard (PPS-RJ), justamente a juíza que, há 14 anos, assinou a sentença histórica mandando prender toda a cúpula do jogo do bicho — 14 homens acusados de matar, seqüestrar e corromper para manter seu domínio. “A Polícia Federal tem agora a chance de fazer um trabalho histórico se juntar todas aquelas provas. Mas tem de buscar os políticos. Essa gente (bicheiros) anota tudo”, comentou Denise.
O secretário Nacional de Justiça e ex-procurador-geral de Justiça do Rio lembrou que, em 1994, como agora, a operação da Polícia Federal teve uma repercussão extraordinária. “Tivemos acesso a documentos que comprovavam a corrupção que envolvia parte do segmento policial, políticos, juízes e até promotor. Depois disso eu perdi a condição de prosseguir nas investigações porque não tinha apoio de lado nenhum para aprofundar. E havia indícios que permitiam esse aprofundamento, afirmou Biscaia.
Atendimento médico
A pedido da família do desembargador José Eduardo Carreira Alvim, um médico foi, na noite de ontem, para a Superintendência da Polícia Federal. Hipertenso, Carreira Alvim se sentia mal na cela da PF. Sob o argumento de que o aparelho de medir pressão dos policiais federais não era preciso, os advogados queriam que o clínico geral Fernando Hadad entrasse para ver o preso. A segurança impediu a entrada, sob o argumento de que o preso seria atendido pelo médico da PF.
A caminho de Brasília
PF usa caminhões cegonha para levar a Brasília (DF), pela BR-040, carros apreendidos em operação contra jogos ilegais nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal. O comboio da Polícia Federal aproveitou a madrugada para trafegar pela rodovia BR-040, sentido Rio/Belo Horizonte, com os veículos apreendidos durante a Operação Hurricane (Furacão). Foi preciso cinco carretas para transportar os veículos em poder de bicheiros, advogados, empresários, policiais civis e federais, magistrados e um procurador federal. No dia 13, foram presas 25 pessoas acusadas de participar de esquema de exploração de jogos ilegais, corrupção, lavagem de dinheiro e venda de sentenças judiciais.
Avião da Polícia Federal
Duas toneladas de documentos apreendidos pela PF desembarcam no aeroporto de Brasília. O material, que será analisado pela polícia, deverá auxiliar nas informações para os interrogatórios
Autoridades na lista do bicho
A Operação Mãos Limpas comprovou que os bicheiros haviam assumido o negócio da exploração de máquinas caça-níqueis e que, para sustentá-lo, mantinham uma lista de propinas e “doações” a policiais e autoridades, a chamada “lista do bicho”. O próprio ex-chefe da Polícia Civil, o hoje deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), então um jovem tenente da PM, aparecia na lista com outros 43 oficiais da PM. Não houve provas para indiciá-lo. Na época, quem teve o nome divulgado negou envolvimento com os bicheiros, alegando que a lista não passava de anotações de iniciais ou que se tratava de homônimos.
Outro que tem o nome na lista, o prefeito do Rio, César Maia (DEM), foi lacônico ao comentar ontem possíveis doações de bicheiros às suas campanhas: “O Biscaia foi o responsável pela investigação e pode dar todos os dados e detalhes. Biscaia disse ontem que o próprio César Maia confirmou na ocasião ter recebido dinheiro da contravenção e que alegara não poder controlar seus doadores numa eleição majoritária. “Ele admitiu que recebeu algo como R$ 100 mil”, disse Biscaia.
Os bastidores da Operação Furação
Bem lembrou meu amigo Nick " Glória Maria disse ontem no Fantástico: Nunca antes no Brasil tantos poderosos caíram juntos em tão pouco tempo". Veja o vídeo do momento exato em que os agentes da PF apreendem a fortuna da máfia dos caça-níqueis, desarticulada na Operação Furacão.Ouça que um Policial Federal diz" “Viva o Lula, garoto!” Sintomática a reação dos Policiais Federais no momento em que arrebentam a parede falsa e se deparam com a montanha de dinheiro, usado para comprar juízes, desembargadodores...: - “Viva o Lula”, gritaram.Alguém ainda acha que é o mesmo Brasil de outros tempos?
Confira a lista dos presos:
1- José Eduardo Carreira Alvim (Desembargador Federal)
2- José Ricardo Siqueira Regueira (Desembargador)
3- João Sérgio Leal Pereira (Procurador da República)
4- Ernesto da Luz Pinto Dória (Juiz TRT-SP)
5- Susie Pinheiro Dias de Mattos (Delegada Federal)
6- Francisco Martins da Silva (Agente Federal)
7- Carlos Pereira da Silva (Delegado chefe da PF em Niterói)
8- Luis Paulo Dias de Matos (Delegado Federal aposentado)
9- Silvério Néri Cabral Júnior (filho de Juiz Federal)
10- Jaime Garcia Dias (advogado)
11- Sérgio Lúzio Marques de Araújo (advogado)
12- Evandro da Fonseca (advogado)
13- Aniz Abraão David (Presidente de honra da Beija-Flor)
14- Ailton Guimarães (Presidente da Liesa)
15- Júlio Guimarães
16- José Renato Granado Ferreira
17- Paulo Roberto Ferreira Lino
18- Belmiro Martins Ferreira
19- Licínio Soares Bastos
20- Laurentino Freire dos Santos
21- José Luiz Rebello
22- Marcos Antônio dos Santos Bretas
23- Vigílio de Oliveira Medina
24- Ana Claúdia Rodrigues
25- Antônio Petrus Kallill
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