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segunda-feira, 16 de abril de 2007

O furacão pode virar uma tsunami

O furacão pode virar uma tsunami política quando a Polícia Federal cruzar os documentos apreendidos durante a Operação Hurricane, na casa de integrantes da cúpula do jogo do bicho, com papéis encontrados em 1994 na fortaleza do bicheiro Castor de Andrade. Segundo fontes policiais, as duas toneladas de pastas, anotações e discos rígidos obtidos pela PF na última sexta-feira devem ser comparadas com os livros-caixa e cadernos com códigos de pagamento de propinas encontrados há 13 anos na casa do maior bicheiro da história do Rio, na chamada Operação Mãos Limpas.

Na ocasião, a PF e o Ministério Público encontraram, além de US$ 3 milhões, a lista da contabilidade de Castor com nomes de autoridades, policiais e políticos suspeitos de receber suborno e de ter campanhas financiadas.

Procurador-geral de Justiça no estado do Rio na época, responsável pela apresentação da denúncia contra os responsáveis, o hoje secretário nacional de Justiça Antonio Carlos Biscaia diz que chegou a hora de investigar a fundo. “Espero que desta vez as questões não se resumam a essa grande operação. “Havia elementos lá (nos documentos de 1994) que indicavam ligação de recursos do bicho para outras atividades, dados em código que podiam revelar até ligações com o tráfico de drogas e armas. Financiamento de campanha, nem se fala...”, completou o ex-deputado.

Sentença

“Era muita gente nessa lista, quase todos os políticos estavam lá envolvidos. Mas nada foi investigado”, lamentou a amigos a deputada Denise Frossard (PPS-RJ), justamente a juíza que, há 14 anos, assinou a sentença histórica mandando prender toda a cúpula do jogo do bicho — 14 homens acusados de matar, seqüestrar e corromper para manter seu domínio. “A Polícia Federal tem agora a chance de fazer um trabalho histórico se juntar todas aquelas provas. Mas tem de buscar os políticos. Essa gente (bicheiros) anota tudo”, comentou Denise.

O secretário Nacional de Justiça e ex-procurador-geral de Justiça do Rio lembrou que, em 1994, como agora, a operação da Polícia Federal teve uma repercussão extraordinária. “Tivemos acesso a documentos que comprovavam a corrupção que envolvia parte do segmento policial, políticos, juízes e até promotor. Depois disso eu perdi a condição de prosseguir nas investigações porque não tinha apoio de lado nenhum para aprofundar. E havia indícios que permitiam esse aprofundamento, afirmou Biscaia.

Atendimento médico

A pedido da família do desembargador José Eduardo Carreira Alvim, um médico foi, na noite de ontem, para a Superintendência da Polícia Federal. Hipertenso, Carreira Alvim se sentia mal na cela da PF. Sob o argumento de que o aparelho de medir pressão dos policiais federais não era preciso, os advogados queriam que o clínico geral Fernando Hadad entrasse para ver o preso. A segurança impediu a entrada, sob o argumento de que o preso seria atendido pelo médico da PF.


A caminho de Brasília



PF usa caminhões cegonha para levar a Brasília (DF), pela BR-040, carros apreendidos em operação contra jogos ilegais nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal. O comboio da Polícia Federal aproveitou a madrugada para trafegar pela rodovia BR-040, sentido Rio/Belo Horizonte, com os veículos apreendidos durante a Operação Hurricane (Furacão). Foi preciso cinco carretas para transportar os veículos em poder de bicheiros, advogados, empresários, policiais civis e federais, magistrados e um procurador federal. No dia 13, foram presas 25 pessoas acusadas de participar de esquema de exploração de jogos ilegais, corrupção, lavagem de dinheiro e venda de sentenças judiciais.



Avião da Polícia Federal


Duas toneladas de documentos apreendidos pela PF desembarcam no aeroporto de Brasília. O material, que será analisado pela polícia, deverá auxiliar nas informações para os interrogatórios


Autoridades na lista do bicho


A Operação Mãos Limpas comprovou que os bicheiros haviam assumido o negócio da exploração de máquinas caça-níqueis e que, para sustentá-lo, mantinham uma lista de propinas e “doações” a policiais e autoridades, a chamada “lista do bicho”. O próprio ex-chefe da Polícia Civil, o hoje deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), então um jovem tenente da PM, aparecia na lista com outros 43 oficiais da PM. Não houve provas para indiciá-lo. Na época, quem teve o nome divulgado negou envolvimento com os bicheiros, alegando que a lista não passava de anotações de iniciais ou que se tratava de homônimos.

Outro que tem o nome na lista, o prefeito do Rio, César Maia (DEM), foi lacônico ao comentar ontem possíveis doações de bicheiros às suas campanhas: “O Biscaia foi o responsável pela investigação e pode dar todos os dados e detalhes. Biscaia disse ontem que o próprio César Maia confirmou na ocasião ter recebido dinheiro da contravenção e que alegara não poder controlar seus doadores numa eleição majoritária. “Ele admitiu que recebeu algo como R$ 100 mil”, disse Biscaia.

Os bastidores da Operação Furação

Bem lembrou meu amigo Nick " Glória Maria disse ontem no Fantástico: Nunca antes no Brasil tantos poderosos caíram juntos em tão pouco tempo". Veja o vídeo do momento exato em que os agentes da PF apreendem a fortuna da máfia dos caça-níqueis, desarticulada na Operação Furacão.Ouça que um Policial Federal diz" “Viva o Lula, garoto!” Sintomática a reação dos Policiais Federais no momento em que arrebentam a parede falsa e se deparam com a montanha de dinheiro, usado para comprar juízes, desembargadodores...: - “Viva o Lula”, gritaram.Alguém ainda acha que é o mesmo Brasil de outros tempos?

Confira a lista dos presos:

1- José Eduardo Carreira Alvim (Desembargador Federal)
2- José Ricardo Siqueira Regueira (Desembargador)
3- João Sérgio Leal Pereira (Procurador da República)
4- Ernesto da Luz Pinto Dória (Juiz TRT-SP)
5- Susie Pinheiro Dias de Mattos (Delegada Federal)
6- Francisco Martins da Silva (Agente Federal)
7- Carlos Pereira da Silva (Delegado chefe da PF em Niterói)
8- Luis Paulo Dias de Matos (Delegado Federal aposentado)
9- Silvério Néri Cabral Júnior (filho de Juiz Federal)
10- Jaime Garcia Dias (advogado)
11- Sérgio Lúzio Marques de Araújo (advogado)
12- Evandro da Fonseca (advogado)
13- Aniz Abraão David (Presidente de honra da Beija-Flor)
14- Ailton Guimarães (Presidente da Liesa)
15- Júlio Guimarães
16- José Renato Granado Ferreira
17- Paulo Roberto Ferreira Lino
18- Belmiro Martins Ferreira
19- Licínio Soares Bastos
20- Laurentino Freire dos Santos
21- José Luiz Rebello
22- Marcos Antônio dos Santos Bretas
23- Vigílio de Oliveira Medina
24- Ana Claúdia Rodrigues
25- Antônio Petrus Kallill

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